Apesar dos acertos políticos entre o governo do Estado e a Assembleia Legislativa de SC (Alesc), já apontam as primeiras alterações na proposta de reforma da Previdência apresentada pelo Executivo. Qual texto será aprovado ainda é uma incógnita, mas há uma certeza: haverá reforma. O ambiente na Alesc é de não deixar acontecer o mesmo do ano passado, quando a fraqueza de articulação do governo Carlos Moisés impediu a aprovação de uma outra proposta – muito diferente desta. Até os sindicatos e associações dos servidores reconhecem que será impossível promover grandes alterações e contam seis ou sete deputados (entre os 40) para os principais pedidos. A missão deles é fazer uma rodada de visitas nos gabinetes parlamentares e apresentar uma lista curta de demandas. Para acelerar a negociação, há até uma relação informal de deputados que “nem adianta conversar”. Por outro lado, está claro que a reforma da Previdência não será um teste para o governo, já que haverá apoio até de opositores – a citar a bancada do PSL e do PL, que estão divididos e independentes na questão, mas, em geral, manifestam concordância com a mudança nas regras. O Parlamento está mais unido do que os próprios servidores – pulverizados em muitos interesses.
O CLIMA de negociação de uma reforma da Previdência sempre descamba para discussões secundárias e desimportantes. Dessa vez, tem sindicato e até deputado divulgando notícia falsa sobre o projeto quando ele já está público e uma consulta rápida pode atestar a falsidade de algumas alegações. Isso atrapalha não só o Parlamento e o governo, mas também os servidores: a parte política acaba ganhando mais mídia do que o debate técnico sobre o que é mais justo para a aposentadoria.
MOISÉS E O PSL
Carlos Moisés não faz mais parte do quadro do PSL. O governador deixou a sigla oficialmente no último final de semana e gerou um resultado inédito para Santa Catarina: um governador sem partido. O objetivo é reforçar a narrativa de foco na gestão do Estado e do acordo pela governabilidade. O movimento faz parte da sobrevivência política de Moisés. Lembra que durante o primeiro processo de impeachment o governador se aproximou do partido, mas não teve apoio na Alesc? Pois é. Foi longe da sigla que conseguiu permanecer na cadeira.
O BOLSONARISMO é caracterizado por campanhas muito eficientes de comunicação e que mobilizam as redes sociais. Neste sentido, batizar o chamado voto impresso de “auditável” é uma jogada que pegou entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. A ideia é diferenciar a proposta que tramita no Congresso da urna eletrônica tradicional, e taxá-la de não auditável. O que na verdade é uma falácia: a urna eletrônica é e sempre foi auditável.