O sangue percorre nossas artérias, e veias e nos mantém a vida. Ele atua como distribuidor, ao levar todas as vitaminas necessárias ao corpo. Normalmente, só nos damos conta de sua importância no momento de uma emergência. O remédio que salva vidas não é encontrado nas farmácias. Seu estoque depende de uma ação chamada solidariedade. Essa consciência Mariana Gaulke, 52 anos adquiriu depois de passar um problema de saúde com seu marido, Helmuth Gaulke, 55 anos.
A primeira cirurgia ele fez em 1998 para tirar um câncer do intestino. Após as sessões de quimioterapia, Helmuth recebeu a notícia de que não tinha mais células cancerígenas no corpo. Mas antes da cirurgia de emergência a esposa se viu na necessidade de providenciar o sangue conseguido no Hemosc, em Blumenau. Nunca antes Mariana tinha pensado sobre esta necessidade.
Passados alguns anos, recuperado do câncer, Helmuth teve que fazer uma simples cirurgia para a retirada de uma hérnia. “A cirurgia que tinha tudo para ser simples teve complicações e em quatro meses Helmuth fez várias cirurgias. O sofrimento envolveu a todos, principalmente a nossa filha Glaucia”. A cada cirurgia ele precisava de mais sangue, mas em um desses dias críticos Mariana não conteve o desespero. Helmuth estava pálido, pois o sangue que entrava no corpo também saía pelo corte da cirurgia, somente estancado com gelo. Até na abertura por onde a agulha entrou no braço precisou ser pressionada para o sangue não escapar e a tarefa sobrou para Mariana. Ela orava desesperada para que tudo desse certo e Helmuth recobrasse a saúde. Naquele momento de desespero Mariana agradeceu àquela pessoa que doou o sangue para seu marido. “A cena mexeu comigo. Se não fosse aquele sangue o que seria do meu marido”? Foi então que percebeu, profundamente, a importância da doação de sangue. Daí surgiu a vontade de doar sangue e também ajudar outras pessoas como fizeram as anônimas que salvaram Helmuth.

Tudo ocorreu bem. O sangue estancou, a transfusão deu certo e Helmuth se recuperou. A vida para o casal continua normal. Atualmente ele trabalha como pedreiro. Mas a vontade de Mariana de doar sangue nunca tinha sido realizada.
“No dia 25 de novembro concretizei meu sonho no Hemosc em Blumenau. Não me continha de emoção. Estiquei meu braço, sem sentir nenhuma dor. Vi o meu sangue enchendo aquele recipiente e imaginei: Aquele meu sangue também vai salvar vidas”.
O sentimento de felicidade em doar foi tão grande, que Mariana não espera chegar o dia 28 de fevereiro, data da próxima doação. Ela pediu a todas as pessoas saudáveis que procurem doar sangue, pois hoje estamos bem, mas amanhã podemos precisar. “Enquanto eu puder vou ser doadora. Certamente, vou conseguir salvar muitas vidas!”, disse sorrindo emocionada.