A Polícia Civil de Santa Catarina, por meio do Departamento de Investigações Criminais (DIC), deflagrou nesta quinta-feira (12) uma operação para reprimir práticas ilegais de cobrança de dívidas realizadas com uso de ameaças, violência física, coação e intimidação. A diligência contou com o acompanhamento da Corregedoria da Polícia Militar e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em razão do envolvimento de profissionais dessas áreas.
As investigações identificaram uma estrutura informal de apoio às atividades ilícitas de um indivíduo conhecido como “Cuiabá”, que era contratado por empresários, um advogado e particulares para realizar cobranças à margem da lei. As diligências foram realizadas nos municípios de Blumenau, Gaspar, Indaial e Uberlândia (MG).
Conforme apurado, ao não localizar os devedores, “Cuiabá” passava a intimidar familiares das vítimas, utilizando violência psicológica e constrangimentos para forçar o pagamento das dívidas. Um advogado teria contratado os serviços do investigado para cobrar uma dívida já reconhecida judicialmente, mas não quitada. Segundo a investigação, o mesmo advogado recebeu “Cuiabá” em seu escritório para tratar de “novas demandas”, indicando uma relação contínua voltada à cobrança informal e coercitiva de valores.
Também é investigado um policial militar, suspeito de repassar informações sigilosas sobre vítimas e seus familiares ao agiota, valendo-se do acesso privilegiado que possui na função pública. Um empresário do ramo de estofaria também figura entre os suspeitos, sendo investigado por conceder empréstimos a juros abusivos e recorrer aos métodos violentos de “Cuiabá” para garantir o pagamento.
Diante das evidências, o Poder Judiciário decretou a prisão preventiva de “Cuiabá” e autorizou mandados de busca e apreensão nos endereços dos envolvidos. O policial militar foi afastado de todas as suas funções, inclusive administrativas. Medidas cautelares de afastamento bancário e fiscal também foram autorizadas.
Durante as buscas, a Polícia Civil apreendeu quase R$ 4 milhões em cheques, aproximadamente R$ 90 mil em espécie, notas promissórias, documentos relacionados à prática de agiotagem, além de uma arma de fogo e munições. Os itens reforçam os indícios do uso de mecanismos ilegais para cobrança de dívidas.
“Cuiabá” também foi preso em flagrante por porte de munições de uso restrito e pelo uso indevido de símbolo da Justiça Federal, já que ostentava no para-brisa de seu carro um adesivo da instituição, com o objetivo de disfarçar a natureza ilícita de suas atividades.
O Inquérito Policial foi instaurado para apurar os crimes de extorsão, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional com dano à Administração Pública e agiotagem.