A empresa familiar já conta com a terceira geração no comando dos trabalhos

Família: avô e neto no trabalho.
No dia 1º de outubro, a Sucatas e Tornearia Nicoletto comemorou o aniversário de 24 anos de fundação da empresa em Pomerode. São mais de duas décadas de muito trabalho, alegrias e superações. Hoje, o negócio é administrado por Manoel Nicoletto, de 63 anos, seus dois filhos e a terceira geração da família, o neto Maurici Maier Nicoletto Junior, de 16 anos.
São muitas as memórias construídas ao longo desse percurso, porém, a mais marcante é a do incêndio que destruiu o local em 2012, época em que chegou a passar pela cabeça de Manoel a ideia de desistir do empreendimento.
Dois anos após o ocorrido, ele ainda observava paredes caindo, fato que o deixou extremamente desanimado. Ele revela o fator responsável por fazê-lo levantar a cabeça e seguir adiante: o incentivo dos dois filhos para que começasse novamente, do zero.
Após cerca de quatro anos, a família começou a reestruturar o empreendimento, com o apoio de diversos amigos que, na hora certa, se colocaram à disposição para ajudar. Manoel relembra de uma história ocorrida há alguns anos, quando um amigo teve diversos problemas pessoais e chegou na sua casa chorando. Prontamente, a ideia dada por ele foi comprar um torno mecânico, máquina que permite confeccionar eixos, polias, pinos ou qualquer peça de forma geométrica, e que ele iria o ajudar.
Com isso, mandava serviço para o homem. “Quando nós resolvemos trabalhar somente na reciclagem, paramos com a tornearia e começamos a fazer o serviço de torno com ele”, lembra Manoel. A retribuição veio de forma surpreendente alguns dias após o incêndio, quando o homem devia R$900 de um cheque pré-datado que havia dado
Maurici Maier Nicoletto Junior/Comemoração: balão do aniversário de 24 anos.
Dias depois da catástrofe, ele apareceu e disse: “eu não tenho nada, estou começando um trabalho, está bem devagar aqui ainda, mas estou te devolvendo o seu cheque, mais R$1mil”. O ocorrido marcou Manoel, fazendo com que nunca esquecesse disso. “Essas coisas fizeram com que tivéssemos forças para levantar e começar tudo de novo”, conta.
Oito anos já se passaram após o incêndio e a empresa está completamente reestruturada. Além disso, a terceira geração da família já está botando a mão na massa. O neto de Manoel, Maurici Junior, mais conhecido como Juninho, também está trabalhando na Tornearia Nicoletto. O adolescente está no segundo ano do Ensino Médio, mas já sabe o que vai cursar na faculdade: administração. A decisão veio com o objetivo de poder participar, futuramente, da gestão da empresa.
A ligação com o empreendimento da família surgiu ainda na infância, Juninho conta que já brincava no pátio da empresa quando criança. Além disso, relembra que gostava de subir na montanha de plástico e escorregar por ela (quando o estoque do material estava grande). Hoje, depois de alguns anos, ele se orgulha do trabalho que faz. “Entrei aqui como uma criança e hoje sou quase independente na empresa”, completa.
Trabalhar em família é, por vezes, uma tarefa difícil, porém bem executada pela família Nicoletto. Segundo o avô e o neto, a rotina entre os quatro é tranquila e pouco tumultuada. Para Juninho, ver os mais velhos trabalhando também é sinal de respeito. “Tem que saber ouvir, dar a opinião e quando for preciso mandar”, conta.
Outras coisas também mudaram nesses 24 anos de história. Para Manoel, a principal delas é a vinda das máquinas, que facilitam o processo. Segundo ele, quando começaram, há 24 anos, era preciso empilhar manualmente os fardos de, em média, 60kg. “Agora temos o caminhão garra e três empilhadeiras, ou seja, praticamente não fazemos mais força. Facilitou a nossa forma de trabalhar”.
Para o avô, os percalços do caminho são, na verdade, um incentivo para seguir em frente e evoluir. “Hoje possuímos uma estrutura que, caso não tivesse acontecido o incêndio, não teríamos”, finaliza.