As fortes chuvas que têm atingido Santa Catarina, em especial o Vale do Itajaí, causaram estragos a muitas cidades e assustaram moradores. Para entender o que causou esses episódios e saber o que está previsto para os próximos meses, nossa equipe conversou com a Meteorologista da Epagri/Ciram, Laura Rodrigues.
Dezembro com chuvas persistentes
O mês de dezembro de 2022 em Santa Catarina foi marcado pela ocorrência de chuvas persistentes, principalmente no Litoral e Vale do Itajaí. A meteorologista explica que este foi um fenômeno específico da região, influenciado por um sistema de baixa pressão, localizado no mar entre o litoral de São Paulo e o litoral Norte de Santa Catarina.
“Esse sistema favorece um grande transporte de umidade vinda do mar para essa região, principalmente as áreas do Baixo e Médio Vale do Itajaí, ocasionando chuvas persistentes em um período. Essas chuvas, às vezes, ocorrem em dois ou três dias de forma contínua.”
Outra característica, segundo a meteorologista, é que o sistema é típico dessa época, do final da Primavera e dos meses de Verão de anos de La Niña. “Uma das regiões mais afetadas com as chuvas em dezembro foi a Grande Florianópolis e também o Vale do Itajaí, com destaque para Florianópolis com acumulados de 300 mm em apenas 48 horas entre domingo, dia 18, e terça-feira, dia 20. Em Pomerode, durante o mês de dezembro de 2022 os acumulados variaram entre 250 e 300 mm.”
Janeiro com temporais à tarde e à noite
Ainda de acordo com a Epagri/Ciram, nos meses de Verão é alta a incidência de temporais localizados com chuva forte, raios, granizo e ventania em Santa Catarina. “Por vezes, ocorrem acumulados significativos de chuva em curto espaço de tempo.”
O mês de janeiro foi marcado pela incidência de fortes temporais no fim do dia e à noite em várias regiões. O bairro Ribeirão Souto, em Pomerode, foi uma dessas localidades. Um temporal registrado na noite de terça-feira, 17 de janeiro, causou estragos em residências e empresas.
A meteorologista explica que o Verão é considerado uma época de chuvas para o Estado. Porém, eventos com grandes volumes, como os que têm ocorrido nos últimos anos, aliados a mais concreto e menos árvores nas cidades, acabam potencializando os danos para as pessoas.
O que esperar de fevereiro
Para fevereiro, conforme a previsão climática para Santa Catarina divulgada pela Epagri/Ciram, a previsão é de chuva próxima ou acima da média climatológica para o Litoral e Vale do Itajaí, e de chuva próxima ou abaixo da média climatológica nas demais regiões de Santa Catarina. “A chuva em fevereiro é provocada pelo deslocamento de frentes frias no litoral catarinense, cavados (áreas alongadas de baixa pressão), convecção da tarde, com pancadas localizadas e de curta duração, com maior frequência entre a tarde e noite, e por vezes na madrugada.”
Previsão estendida para março e abril
Em março e abril, a previsão é de chuva próxima ou abaixo da média climatológica para todo o Estado. Nesses meses a chuva deve ser mal distribuída e escassa em alguns períodos.
“Em março diminuem as precipitações de Verão e, principalmente a partir da segunda quinzena, quando inicia o Outono, as frentes frias chegam com mais frequência ao Sul do Brasil, sendo responsáveis pela maior parte da chuva em Santa Catarina. Em abril, ela diminui ainda mais e a média mensal fica em torno de 110 a 170 mm no Estado.”
A partir de março ciclones extratropicais atuam com mais frequência no litoral do Uruguai, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, provocando vento intenso, mar agitado com ressaca e perigo para a navegação no litoral catarinense. “A Epagri/Ciram recomenda o acompanhamento diário dos boletins e informações disponibilizados no site para obter informações mais assertivas para a sua região.”