No Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização para a prevenção do suicídio, empresas, entidades e poder público se unem para divulgar informações e criar campanhas de valorização da vida. Há ainda a promoção de redes de apoio e de atenção, como os Centros de Valorização da Vida (CVV), que abordam e escutam as histórias de pessoas em risco de suicídio.
O assunto ainda é carregado de tabus. Entretanto, o suicídio pode ser prevenido e saber reconhecer os sinais de risco é fundamental. É importante que as pessoas que estejam passando por momentos de crise busquem ajuda e tenham uma rede de atenção para dar suporte.
É preciso falar sobre suicídio
O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, usando um meio que acredita ser letal. O suicídio é um fenômeno complexo que pode afetar indivíduos de diferentes origens, faixas etárias, condições socioeconômicas, orientações sexuais e identidades de gênero.
Também fazem parte do que habitualmente é chamado de comportamento suicida: os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio. É um comportamento resultante de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais.
Dessa forma, deve ser considerado como o desfecho de uma série de motivos que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais. É a consequência final de um processo.
A prevenção do suicídio não se limita à rede de saúde, mas deve ir além dela, sendo necessária a existência de medidas em diversos âmbitos da sociedade, que poderão colaborar para a diminuição das taxas de suicídio. A prevenção deve ser também um movimento que leve em consideração o indivíduo como um todo em sua complexidade.
Setembro Amarelo: a vida é a melhor escolha
Promovida pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Pomerode, a palestra “Setembro Amarelo: a vida é a melhor escolha” ocorreu na terça-feira, 20 de setembro, no Teatro Municipal de Pomerode.
O encontro foi conduzido pelo psiquiatra Dr. Carlos André Silva Rodrigues e da enfermeira e coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Pomerode, Simone Steffens da Silva. Na oportunidade foi apresentado um levantamento com os números de casos em Pomerode, bem como foram disponibilizadas informações que contribuam para a conscientização em relação à prevenção ao suicídio.
Cenário em Pomerode
Um levantamento feito pela Vigilância Epidemiológica de Pomerode entre os anos de 2018 e 2022 aponta o cenário de autoagressão, tentativa de suicídio e suicídio no município. Importante ressaltar que os números de autoagressão e tentativas de suicídio podem estar relacionados com a subnotificação dos casos.
De acordo com os dados, os casos de autoagressão estão concentrados entre os adolescentes, com faixa etária entre 10 e 14 anos, registrando 52% dos casos. Já as tentativas de suicídio tiveram um aumento significativo nos anos de 2019 e 2020. Essas tentativas de suicídio se concentraram no público feminino, com o registro de 66% dos casos.
De janeiro de 2018 até agosto desse ano, 18 pessoas se suicidaram em Pomerode, 61% eram homens. Casos concentrados entre os 30 e 39 anos e, principalmente, entre os 60 e 69 anos, faixa etária que registrou o maior número de casos.
Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, é importante ressaltar que por trás de todos esses números existem pessoas. “Estamos falamos de pessoas, por isso temos que trabalhar pela vida. Como cidadãos temos a responsabilidade de ajudar.”
Cenário Nacional
Segundo o Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta causa de morte, depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal entre os jovens de 15 a 29 anos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o suicídio é considerado a segunda causa de mortes entre jovens, depois de acidentes de trânsito.
Os números da OMS dão conta de que, em todo o mundo, os casos chegam a 800 mil. Todos os anos morrem mais pessoas como resultado de suicídio do que de HIV, malária ou câncer de mama – ou ainda guerras e homicídios. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, uma média de 38 suicídios por dia. A cada 100 mil homens brasileiros, 12,6% cometem suicídio; entre mulheres, a comparação aponta para 5,4% casos de suicídio a cada 100 mil mulheres brasileiras.