Depois de sua passagem por Pomerode em 2022, Göz Kaufmann, retornou à cidade para dar continuidade às pesquisas sobre a Língua Pomerana. O professor da Universidade de Freiburg, da Alemanha, tem percorrido o mundo em busca de registros dos últimos falantes do idioma.
“Mesmo que tenha morado no Brasil por algum tempo, sei que fora da Alemanha, o Brasil é o país com o maior número de falantes no mundo inteiro. No caso da Língua Pomerana, atualmente ela somente é falada aqui.”
Kaufmann já realizou mais de 320 entrevistas com falantes do pomerano em diferentes estados brasileiros, como Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e também em vários países ao redor do mundo, como EUA, México, Bolívia e Paraguai.
“Sempre que entrevisto as pessoas, faço questão de reforçar que é uma língua bem complexa e bem difícil também. Então, meu interesse está na sintaxe, na morfologia e também a pronúncia usada em diferentes lugares.”

Dessa vez, Kaufmann ficou em Pomerode por seis dias no início de setembro. No Brasil, sua primeira parada foi nas cidades de Arroio do Padre e São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul. Da cidade mais alemã do Brasil seguiu para Vitória, no Espírito Santo. “Espero poder retornar no ano que vem, ou no máximo em dois anos. Gostaria de poder encontrar mais pessoas falantes do pomerano.”
Verdadeiro entusiasta da Língua Pomerana, Kaufmann reforça que é dos pais a missão de incentivar e manter nos filhos o interesse pelo idioma que, aos poucos está desaparecendo de mundo.
“O pomerano falado no Brasil pelos os moradores da região e de outras localidades do país só é encontrado aqui. E meu trabalho durante as entrevistas talvez seja aumentar a autoestima das pessoas, para que elas entendam a importância de manter a Língua Pomerana.”
Para Kaufmann, uma língua e seus aspectos culturais são salvos dentro de casa. “É muito provável que, tanto o pomerano quanto o alemão, em algum momento possam desaparecer do Brasil. Por isso, reforço que a manutenção do idioma vai depender de incentivar e falar com as novas gerações. Uma língua se salva em casa, falando com as crianças.”

Ligação com o Brasil
A ligação do professor alemão com o Brasil começou na década de 1990, quando visitou o país para passar férias. Ele relembra que se apaixonou por tudo que conheceu aqui e decidiu que, quando pudesse, voltaria também para realizar pesquisas sobre aspectos linguísticos e culturais.
“A pesquisa com os falantes, em si, começou em 2017, na cidade de São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul. Tive a oportunidade também de conhecer Espigão do Oeste, em Rondônia, onde ainda vive uma grande colônia de pomeranos, que migraram na década de 1970 do Espírito Santo para aquele estado.”
Além das entrevistas com os falantes, realizadas pelo professor em vários estados do Brasil, Kaufmann também trabalhou em universidades no Rio Grande do Sul e São Paulo. E, sempre que possível, retorna para palestras, eventos e para dar continuidade aos seus estudos sobre a Língua Pomerana.
E foi essa aproximação com aspectos do país que fez com que o pesquisador se apaixonasse pela diversidade cultural e linguística. “Para nós, linguistas, é uma pesquisa muito importante por ser um dialeto que só existe aqui. Especialmente em Pomerode tenho acesso à única comunidade de pomeranos que também fala o alemão. É impressionante que todos que falam pomerano também falam o alemão e, claro, o português. Muitas vezes, nem se dão conta que são trilíngues e a importância de continuarem repassando o idioma para seus filhos e netos.”