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Editorial: A parte que te cabe

Em 1948, a Organização das Nações Unidas (Onu) criou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um dos objetivos era combater as atrocidades cometidas nas duas guerras mundiais. Mas, mais do que isso, visava garantir os direitos individuais, sociais, políticos, jurídicos e nacionais de todos os seres humanos.

Uma conquista necessária e um avanço sem igual. No entanto, aos poucos a sociedade passou a focar apenas naquilo que lhe devem, deixando de lado suas obrigações. Na era de direitos plenos, pouco são observados e destacados os deveres.

Por isso, conviver em sociedade tem exigido cada vez mais paciência. As pessoas têm cobrado muito, porém, poucas são as que colocam em prática aquilo que defendem.

A Constituição Brasileira, de 1988, foi inspirada na Declaração Universal dos Direitos Humanos e define os direitos e deveres dos cidadãos brasileiros.

Obedecer às leis ou às regras de conduta moral e ética se transformou em algo opcional: se influencia o interesse pessoal, pode ser que sim. Se não influencia, é óbvio que não. Não existe preocupação com o outro, com a convivência em comunidade.

Pior, para exigir medidas todas as gargantas entoam vozes aguerridas e seguras. Para cobrar deveres, silenciam. Vamos utilizar o trânsito por referência. Há pouco tempo uma faixa elevada foi instalada na SC-421, no bairro de Testo Central, em Pomerode. Uma necessidade para garantir a segurança de pais que buscam seus filhos em uma creche que fica próximo ao local. Por ali, há também um posto de saúde, mercado, comércios… Uma circulação intensa de veículos e pedestres.

Claro que o novo dispositivo de segurança influenciou na trafegabilidade. Mesmo assim, parece que muitos cidadãos ainda não perceberam sua presença ou utilidade, visto que o registro diário de pessoas atravessando a rodovia a 10, 15 ou 20 metros do local é rotineiro. Inclusive, é possível ver mães com filhos de colo, crianças, idosos… Enfim, todos agindo como se aquela ferramenta para resguardar a vida simplesmente não existisse.

O mesmo quadro pode ser percebido no centro da cidade, próximo à Câmara de Vereadores. Por exemplo, há uma passarela e, poucos metros antes e depois, outras duas faixas de segurança, uma delas em um semáforo. Qual a escolha de um grande número de pessoas? Atravessar fora delas. Mesmo com três possibilidades, as pessoas optam por ignorar a própria segurança em nome da comodidade, para não caminhar dois ou três metros a mais.

E o que dizer das ciclofaixas que ficam do lado direito da Rua 15 de Novembro (sentido bairro-centro), as quais parecem invisíveis aos ciclistas que preferem trafegar pela esquerda, querendo ainda “passar um pito” nos motoristas que, por ventura, acreditam que os ciclistas deveriam utilizar a tão pedida, pra não dizer exigida, ciclofaixa. Sem falar nos motoristas que resolvem parar sobre a faixa para fazer qualquer coisa que lhes venha à mente.

A pergunta que fica é: por que você, quando está no volante, se estressa com quem está atravessando fora da faixa de segurança, mas quando está como pedestre faz o mesmo que te aflige?

Seguir a velocidade estipulada para via, respeitar áreas destinadas a pedestres ou ciclistas, atravessar a rua nos dispositivos de segurança ou utilizar a ciclofaixa são questões de cidadania, do bem comum, do respeito mútuo. É a parte que te cabe enquanto cidadão. O próprio artigo 254 do Código de Trânsito Brasileiro estabelece que é proibido ao pedestre andar fora da faixa própria, passarela, passagem aérea ou subterrânea.

Existem coisas que ninguém pode fazer por você. A primeira delas é olhar para o próprio umbigo e parar de reclamar de tudo, dizer que o mundo está perdido, que falta isso ou aquilo se você é incapaz de seguir simples regras do cotidiano.

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