Ruth Gasparek lembra de um momento singular ao lado da mãe que marcou suas memórias no período de Natal

Natal: aos 85 anos, a pomerodense de coração mantém a tradição de enfeitar a casa para aguardar o nascimento de Jesus.
Momentos vividos que deixam fortes lembranças, principalmente da infância. As tradicionais festas de fim de ano, como o Natal, costumam ser recheadas de confraternização em família, e muitas pessoas, assim com a Ruth Gasparek, lembram-se das noites de Natal com saudade e carinho. Nascida em Rolândia, no interior do Paraná, Ruth saiu em busca de seu sonho em São Paulo, onde casou aos 21 anos. Depois da aposentadoria do marido, eles passaram a viver em Pomerode, um local calmo e sossegado. Hoje, aos 85 anos, a pomerodense de coração mantém a tradição de enfeitar a casa para aguardar o nascimento de Jesus.
Ruth recorda-se com muita emoção da época em que passava o Natal com a mãe e conta uma história que ficou guardada em seu coração para sempre, vivida aos nove anos de idade, numa noite de véspera de Natal. A menina e a mãe estavam passeando por um pasto quando ouviram um barulho vindo da mata, assim que passaram por um portão. A mãe não demorou a falar para a pequena que aquilo se tratava de um anjo batendo asas, que ela chamou de ‘Christkind’. Para elas, a palavra representava uma figura simbólica de um anjo, que estaria ali para abençoá-las. “Isso ficou marcado em minha memória até hoje. Penso no momento e é como se eu conseguisse me transportar para aquela situação.”
Da sua infância, Ruth se recorda das árvores natalinas iluminadas com velas. “Para mim, as mais bonitas.” A ceia sempre era recheada de bolos e biscoitos que sua mãe preparava com todo o carinho. “Naquele tempo, todos os vizinhos – porque nós morávamos em um sítio, cerca de 10 quilômetros longe do Centro da cidade – tinham uma árvore natural de Natal”, comenta Ruth.
Sobre os demais enfeites, Ruth conta que as decorações eram muito bonitas e simples, com fios prateados que caíam por toda a extensão da árvore. Alguns até colocavam algodão para simbolizar a neve. “Lembro muito bem de uma bola que minha mãe trouxe da Alemanha, era linda, porque todos os nossos Natais eram comemorados em casa.”
A família iniciava as tradições celebrando o dia de São Nicolau, em 6 de dezembro. “Na data, nós sempre ganhávamos docinhos. Depois, nós acompanhávamos os quatro domingos com o acendimento da vela. Sabíamos que, a cada domingo que passasse, o Natal se aproximava”, relembra. “Na noite de Natal, 24 de dezembro, os presentes estavam embaixo da árvore, e eu aguardava aquele momento com muita ansiedade”, diz Ruth.
A menina cresceu, casou, criou três filhas, inclusive uma, a Elizabeth mora com ela até hoje, mas nunca deixou as tradições natalinas de lado, por mais simples que fossem. Ruth procura seguir todos os costumes que ela via na casa dos seus pais, mas, um deles, tem um enorme significado: a vela azul, que representa as pessoas que já partiram. De seis anos para cá, com o falecimento do marido, Ruth vê ainda mais significado nessa tradição.
Após 35 anos morando em Pomerode, o Natal da família Gasparek é um pouco diferente e deu vida a uma nova tradição. Como ela é filha única e tem uma família pequena, costuma comemorar a data com pessoas que, assim como ela, têm famílias menores ou esteja distante delas. “O maior presente de Natal para mim é estar presente. Esse é o verdadeiro sentido do Natal”, finaliza Ruth.
Imagens
Foto: Elaine Malheiros
Vela azul: uma lembrança em homenagem aos que já partiram.Foto: Arquivo pessoal
Natal: aos 85 anos, a pomerodense de coração mantém a tradição de enfeitar a casa para aguardar o nascimento de Jesus.Foto: Elaine Malheiros
Advento: a cada vela acesa, um passo mais perto do Natal.