O comandante do Corpo de Bombeiros, Carlos Hein, fala sobre os cuidados necessários

A adesão em massa ao uso do álcool em gel começou junto com a pandemia do coronavírus. O álcool se transformou em uma forma fácil e rápida para contribuir com o combate à disseminação do vírus. Por esse motivo, muitas pessoas começaram a comprar pequenos frascos para levar na bolsa e deixar no carro, se tornando conveniente para higienizar as mãos quando saírem de casa.
Mas deixar o álcool em gel, substância inflamável, no carro, é seguro? Primeiro, é necessário entender sobre o processo de combustão. A combustão é uma reação química de oxidação (redução com grande libertação de energia), entre uma substância (o combustível) e um gás (o comburente), geralmente o oxigênio, para liberar calor e luz, ou seja, o fogo.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Pomerode, Carlos Hein, duas condições são necessárias para que ocorra a combustão: “Uma é a temperatura, já que todo solvente inflamável entra em combustão a partir de uma determinada temperatura. A outra é a necessidade de uma faísca que inicie a combustão”.
Existe também a autocombustão, que é a temperatura mínima em que ocorre uma combustão sem uma fonte de ignição (como faísca ou chama). A temperatura do etanol é de aproximadamente 360ºC. Um álcool deixado no sol ou o interior do veículo não consegue chegar a essa temperatura. Mas, Hein alerta: “também não é o local ideal para armazenar um frasco do produto”.
Segundo Hein, com o aumento da temperatura, o álcool pode evaporar e se acumular no interior do veículo. Os carros não são 100% vedados, mas poderá criar um ambiente propício para o início de uma chama. Por exemplo, a faísca provocada pela eletricidade estática (a mesma que causa o choque quando se encosta no carro) pode fornecer energia suficiente para iniciar a queima do etanol e provocar um incêndio.
No entanto ele destaca que apesar desse acontecimento ser possível, é necessária a combinação de vários elementos para iniciar um incêndio. “Um frasco pequeno e fechado no interior do veículo, mesmo que exposto ao sol durante um período prolongado, dificilmente irá gerar risco e incêndio significativo”, comenta Hein.
O bombeiro também alerta para outros cuidados, principalmente quanto a substância é utilizada perto de uma fonte de calor. “O álcool em gel, quando entra em combustão, possui uma chama que não é visível, mas ainda pode causar queimaduras”. Caso isso aconteça, a recomendação é abafar a área afetada ou colocar embaixo de água corrente.
Para chegar na chama invisível é mais complexo, pois só acontece quando apenas o álcool em gel está queimando, sem outro material sólido por perto. O álcool em gel com 70% de concentração oferece risco se aplicado e, em seguida, exposto a uma fonte de calor ou chama. “O perigo da chama invisível é maior em casa, onde a pessoa passa álcool gel na mão e vai trabalhar no fogão, por exemplo”, completa Hein.
A opção mais segura é higienizar as mãos com água e sabonete, quando for cozinhar ou manusear objetos, como isqueiros e fósforos. Além disso, restringir o uso do álcool em gel para as situações em que não se tem acesso a água e sabonete.