“Era um time formado por jogadores excepcionais. Em termos de ‘equipe’, acredito que nunca houve uma que fizesse tanto jus ao termo”, essas são as palavras de Vilson Sandrini, treinador da primeira equipe de Futebol de Salão a disputar os Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc) defendendo as cores de Pomerode.
A caminhada iniciou com a criação da Comissão Municipal de Esportes (CME) de Pomerode, no ano de 1977 (abordamos esse capítulo da história na edição número 02, de outubro de 2022).

Ainda no mesmo ano, atletas da cidade disputaram os Jogos Regionais da Região Leste, em Blumenau. Duas modalidades carimbaram o passaporte para a disputa dos Jasc, em Florianópolis: futebol de salão (hoje denominado futsal) e bolão feminino. A reportagem desta edição resgata as lembranças de integrantes da equipe de futebol de salão.
Um deles é o reconhecido desportista Selvino Anderson, dono da faixa de capitão. Ele lembra que os próprios jogadores contribuíam com a organização da equipe e aproveitavam as competições disponíveis para afinar o entrosamento. “Disputávamos competições regionais, quando havia e tínhamos tempo”, conta.
Selvino explica que os treinos aconteciam nas quadras com piso de cimento disponíveis na cidade, do Clube Pomerode e também do Colégio Doutor Blumenau. Como alguns integrantes da equipe já estavam cursando faculdade, nem sempre treinavam juntos, deixando a reunião da base de equipe para os fins de semana em que os colegas retornavam a Pomerode.
Um desses colegas era o ex-deputado Gilmar Knaesel. “Eu já estava em Florianópolis, cursando a faculdade, assim como o Lauro Volkmann, o Pinula, e o Nelson Richter. Mas nos fins de semana estávamos sempre em Pomerode, jogando, claro”, revela.
Knaesel era um dos poucos da equipe que possuía experiência em Jasc. “Fui para os primeiros Jogos Abertos em 1974, convocado pela seleção de Blumenau. Foi aí que surgiu o ímpeto de nós montarmos o nosso próprio time de Pomerode”, contextualiza.

A instituição da CME possibilitou a concretização do sonho, e Sandrini foi o escolhido para comandar a equipe por ser professor no Colégio Doutor Blumenau e já conhecer grande parte do talento dos jogadores.
A primeira participação do time no maior evento do esporte estadual foi um grande teste. A maior parte dos jogadores nunca tinha saído da cidade e, além disso, precisaram se habituar à quadra com piso de madeira (tacos) e tamanho oficial. “Em Pomerode jogávamos apenas no cimento, era terrível, gastávamos um tênis por mês”, brinca o ex-técnico.
Na fase Regional, Pomerode havia vencido todos os confrontos em tempo normal de partida. Após definidos os dois classificados, houve uma final entre eles. Pomerode acabou perdendo nos pênaltis para Blumenau, ficou com a 2ª colocação e a tão sonhada vaga.
Nessa altura, os jogadores já haviam conquistado o coração e a torcida de toda a cidade. “Sempre que fazíamos os jogos aqui, lotava, recebíamos muito incentivo”, descreve Sandrini.

A expectativa para a competição estadual estava alta. A equipe chegou a Florianópolis, participou do desfile de abertura e logo em seguida entrou em quadra. Os obstáculos a essa altura eram vários, acostumar com o piso, com o tamanho da quadra, com um ginásio propriamente dito, com a expectativa de uma competição estadual e assim por diante.
A vitória pode não ter vindo dentro de quadra nessa primeira edição (Pomerode perdeu todas as partidas disputadas), mas certamente foi o primeiro passo para gravar o nome da cidade na história dos Jasc. “Éramos todos de Pomerode, filhos de Pomerode. Montamos aquela equipe e fomos a sete Jogos Abertos consecutivos. Foi uma época áurea do futebol de salão da cidade”, pontua Knaesel.
Para Sandrini, o ponto que lhe dá mais alegria é saber que todos os integrantes daquele time se tornaram cidadãos atuantes em suas áreas profissionais e que fazem diferença na sociedade.
Base da equipe que disputou os Jasc: Fred Guenther, Dieter Jandre (Papelão), Lauro Volkmann (Pinula), Ademar Ramthun, Paulo Pizzolatti, Gilmar Knaesel, Selvino Anderson, Arlindo Siewerdt, Wilmar Wiesnner, Egon Hackbarth, Nelson Richter, Aarão Kohls e Vilson Sandrini (técnico).