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Professor alemão realiza pesquisa sobre a língua pomerana

Göz Kaufmann tem percorrido diversas regiões do Brasil e do mundo atrás dos últimos falantes do idioma

O professor Göz Kaufmann, da Universidade de Freiburg, da Alemanha, esteve em Pomerode durante a última semana. Ele veio a convite do Grupo Pomeranos no Vale Europeu para realizar suas pesquisas com pomerodenses que ainda falam o pomerano.
A ligação do professor alemão com o Brasil começou na década de 1990, quando visitou o país para passar férias. Ele relembra que se apaixonou por tudo que conheceu aqui e decidiu que, quando pudesse, voltaria para realizar um intercâmbio em solo tupiniquim. “Na época visitei uma amiga em Campinas, vim a Blumenau e passei um dia em Pomerode.”

Alguns anos depois, Kaufmann retornou ao Brasil. Dessa vez com a oportunidade de morar e desenvolver as suas pesquisas. Ele ficou no país por dez anos e trabalhou por seis anos nas Universidades do Rio Grande do Sul e São Paulo. “Soube que existia uma oportunidade de participar de um intercâmbio entre o Brasil e a Alemanha. Como sempre gostei muito de viajar, quando comecei a estudar me dei conta que tinha uma grande oportunidade em mãos.”

Foi durante esse período que se apaixonou pelo país e pela sua diversidade cultural e linguística. Ele retornou para a Alemanha em 2009, mas visita o Brasil constantemente, para realizar palestras, participar de eventos e dar continuidade às pesquisas.

Kaufmann reuniu dados em diversospaíses como EUA, México, Bolívia, Paraguai, além do Brasil. “É muito interessante perceber que o Brasil tem o maior número de falantes de dialetos alemães fora da Europa. Milhões de pessoas daqui ainda preservam essas línguas, como pesquisador isso é um dado interessante que nos permite analisar coisas que já não podem mais serem vistas na Alemanha, porque lá existe a influência da língua padrão muito forte.”

O pesquisador já realizou mais de 300 entrevistas, que seguem sempre o mesmo padrão, com falantes de pomerano em diferentes estados brasileiros, como Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. “É muito interessante, depois desses mais de 100 anos, ver como esses dialetos se desenvolveram em várias partes diferentes do Brasil e analisar a variação linguística dessas comunidades que mantêm o pomerano. Eles vieram da mesma região da Europa, mas aqui acabaram indo para locais bem diferentes e distantes”, afirma.

O contato com o grupo Pomeranos no Vale Europeu começou há três anos, quando Göz Kaufmann foi convidado para palestrar durante o Pommer BR. Porém, com a chegada da pandemia, o evento acabou sendo cancelado, mas os pesquisadores não deixaram de manter o contato.

A estadia de Kaufmann em Santa Catarina, apesar de curta (sete dias), incluiu muitas visitas com os falantes da língua em Pomerode e também em Jaraguá do Sul, agenda programada com a ajuda dos amigos Edson Klemann e Cláudio Werling. “É muito importante convencer os falantes que não é uma vergonha saber outra língua, como por exemplo, o pomerano, especialmente se é uma língua que só é falada no Brasil, não existe mais na região de origem dessas pessoas. É preciso lutar para que seja mantida”, declara.

De Pomerode, o pesquisador seguiu para São Lourenço do Sul (RS), para dar continuidade às suas pesquisas e depois para a Universidade Federal de Pelotas. Para Pomerode, pretende retornar em 2023. “Encontrei muitas pessoas aqui que me ajudaram e também porque gostaria de realizar mais entrevistas e pesquisar outros aspectos, além de conhecer mais a região que é muito bonita.”

Para os herdeiros da cultura e da língua pomerana na cidade, deixa um importante recado. “Quem define o futuro de uma língua como o pomerano são os pais e as mães, se eles não dedicarem um tempo para falar com os seus filhos, ela irá desaparecer. Tenho dúvidas se no caso do pomerano talvez já não seja tarde demais.”

De acordo com Kaufmann, suas pesquisas são a sua contribuição na tentativa de resgatar e manter a língua pomerana. “No mundo inteiro temos mais ou menos seis mil línguas que são faladas e, com grande probabilidade, perderemos entre 85% e 90% delas nos próximos 100 anos. Gostaria que nem o alemão e nem o pomerano fizessem parte disso, mas isso requer esforços e investimentos também dos governantes.”

Um olhar atento de falantes e gestores de Pomerode, que para Kaufmann têm uma importante missão em manter não apenas título de “cidade mais alemã do Brasil”. “Pomerode também deveria investir e valorizar os falantes do alemão padrão e os falantes do pomerano, dar a eles a oportunidade para que decidam se manteremos essas línguas e os aspectos culturais para o futuro ou não.”

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