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As possibilidades através de um novo idioma

Projeto oferece aulas de língua portuguesa para comunidade haitiana

Foi na sala de aula que a professora de língua portuguesa Jocasta Paz Barcellos percebeu as dificuldades que os alunos haitianos tinham para falar o novo idioma. Jocasta leciona na Escola Hermann Guenther, localizada no bairro Ribeirão Clara. “Me vi com a problemática de ensinar a gramática de forma eficiente. Percebi que os alunos até escreviam e já liam, mas apresentavam dificuldade com a conversação.”

Em uma conversa com o diretor da escola, Jelson Luis da Silva, ele prontamente se comprometeu a encontrar uma solução que pudesse ajudar toda a comunidade haitiana que mora nas proximidades da escola. “O Jelson abraçou a causa de uma forma muito bonita e sugeriu abrir as portas da escola aos sábados para receber os alunos e suas famílias. Entendemos que elas também precisavam falar o português para participar da vida escolar dos nossos alunos”, relembra Jocasta.

Na época em que a proposta surgiu, foi prontamente apresentada e aprovada pela Secretaria de Educação do município. A primeira aula do projeto aconteceu no dia 14 de maio e, atualmente, entre 15 e 17 alunos, de todas as idades, participam dos encontros que ocorrem semanalmente.

Na sala de aula, Jocasta conta com o apoio da pedagoga Tatiana Jung para preparar aulas dinâmicas e interativas, que tragam soluções para problemas do dia a dia.  “Trabalhamos as maiores lacunas do novo idioma com eles, damos suporte com vocabulário e auxílio principalmente com as crianças menores”, afirma Tatiana.

As atividades são trabalhadas para que cada aluno possa ter a vivência com a fala do novo idioma. Muitos recursos são usados com a ajuda da internet, poesias e músicas em português também são trazidas para a sala de aula. “Não temos um manual pronto do que aplicar e toda aula é um novo desafio, para ir ao encontro das necessidades deles.”

Desafios que só aumentam a vontade das duas educadoras de estar cada vez mais próximas dos alunos para que eles se sintam acolhidos não apenas na escola, mas também na comunidade em que estão inseridos.

Esse projeto é muito importante, não apenas para os haitianos, mas para todas as famílias da escola. E, enquanto educadora, me sinto realizada, ensinando e também aprendendo”, afirma Jocasta.

“Todos nós convivemos em sociedade e as dificuldades de um afetam o outro. Então, se um puder ajudar o outro, na escola ou na comunidade, nossa cidade e todos nós ganhamos com isso”, complementa Tatiana.

Foto: Gabriel S.

Um novo país, uma nova língua, oportunidades e muitos desafios

Adleine Desir Yvoiye chegou ao Brasil há seis anos. Ela, assim como muitos haitianos, saiu de sua terra natal em busca de oportunidades e de uma nova vida. “Depois do terremoto que destruiu o Haiti, muitos ficaram desesperados, mais de 200 mil pessoas morreram”, se recorda emocionada.

Logo após a catástrofe, muitos países abriram suas fronteiras para receber os refugiados. “Meu marido veio um ano antes. Viemos para cá para buscar uma vida melhor, garantir o sustento das nossas famílias, foi assim que chegamos aqui.”

Quando chegou em solo brasileiro,  Adleine veio direto para Pomerode. Um começo para ela muito difícil, porque não sabia uma única palavra em língua portuguesa. “Eu não sabia dizer ‘bom dia’ e pensava como vou conseguir conversar com essas pessoas.”

No Haiti ela falava a língua crioula e o francês, para conseguir se virar aprendeu as primeiras palavras em português, usava o YouTube e o Google Tradutor.  “No começo eram só duas palavrinhas: sim e não”, conta sorrindo.

Foi pelo filho de Adleine, que já nasceu no Brasil e que é aluno da Hermann Guenther, que ela soube das aulas de língua portuguesa para haitianos. “Eu trouxe meu filho para ver os ensaios da fanfarra em um sábado de manhã e fui convidada para dar uma olhadinha na aula que a professora Jocasta estava dando para outros haitianos.”

Para Adleine é algo muito positivo, uma oportunidade para auxiliar haitianos que como ela tiveram dificuldades para aprender o novo idioma. “O projeto foi uma notícia muito boa, é algo incrível para nós haitianos que precisavam muito dessa oportunidade. temos dificuldades com algumas palavras, se continuarmos aprendendo, acredito que vamos melhorar muito”, garante.

Depois de alguns anos morando em Pomerode e com o filho nascido na cidade, a haitiana se considera um pouquinho mais brasileira. “Desde que chegamos, não temos ideia de mudar. É uma cidade bem legal para os haitianos viveram. Pensamos em visitar a nossa terra natal, ver a nossa família, mas voltaremos para cá, com o Haiti sempre em nosso coração”, declara.

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