Qual é o som mais emocionante que você já ouviu? Talvez seja o de uma melodia que adora; ou ainda um “eu te amo” da pessoa mais importante da sua vida; ou então a acústica produzida pelas ondas do mar quebrando nas rochas. Para a enfermeira Franciele Fermo Viergutz, de 39 anos, durante muitos meses essa preferência era pelo som emitido pelo batimento dos coraçõezinhos das filhas Valenthina e Catharina durante os exames de ultrassom.
Essa é, inclusive, uma das coisas que mais sente falta da época em que as pequenas estavam dentro da sua barriga, junto com a sensação de senti-las mexendo no útero. As gêmeas estão agora com um ano e dois meses. “São 14 meses com elas aqui em nossos braços, é algo muito intenso, é muito amor envolvido, elas são presentes de Deus, tudo de melhor nessa vida”, descreve a mamãe orgulhosa.
Franciele sempre carregou consigo o desejo da maternidade, esperava pelo momento certo e já havia parado com os métodos contraceptivos há cerca de três anos quando, poucos meses após a chegada da pandemia, ela e o esposo Claudio Viergutz descobriram sobre a gestação. Mas a maior surpresa de todas ainda estava por vir.
Foi durante a primeira ultrassonografia, realizada em Pomerode, que a emoção tomou conta do casal. Primeiro, o médico localizou um dos embriões e, logo em seguida, constatou a presença do segundo. “Ele disse, ‘opa tem mais um aqui’, ainda bem que o Claudio estava sentado”, brinca ela. Para Franciele, o pensamento foi um só: “que bênção poder gestar dois seres humanos. Mais tarde, quando soube que eram duas meninas, que felicidade em dobro. Eu sempre queria ter uma menina, Deus foi tão bom que já mandou duas”.
As primeiras semanas de gravidez foram tranquilas. Após o primeiro mês, começaram os fortes enjoos e, com 26 semanas, surgiu o grande desafio enfrentado por ela naquela fase: a colestase gestacional – uma doença hepática que afeta algumas gestantes e, dentre outros sintomas, causa uma forte coceira pelo corpo. “Esse prurido piora com o calor, então durante os meses de janeiro e fevereiro, fiquei praticamente o tempo todo dentro do quarto, com o ar-condicionado ligado”, explica.
Além do incômodo, a evolução das meninas dentro do útero passou a ser acompanhada mais de perto, pois a colestase pode causar problemas no fornecimento de oxigênio e alimentação. “Graças a Deus, deu tudo certo e elas nasceram muito bem, sem nenhuma complicação. E como a médica havia me explicado, foi só o parto acontecer, que as coceiras sumiram como se fossem tiradas com a mão”, lembra. Claro, esse é um dos fatores dos quais Franciele não sente falta com relação à gestação, junto à dor nas costas e aos enjoos.
O fato é que qualquer dificuldade pareceu pequena quando a mãe viu o rosto das filhas pela primeira vez. A primeira a nascer foi Valenthina, que rompeu a bolsa. Logo em seguida chegou Catharina. “O que pensei foi: obrigada meu Deus por poder gerar essas duas bebês e elas nascerem tão perfeitas. Eu era apegada a Deus, mas depois que elas nasceram Claudio e eu rezamos todos os dias e agradecemos pela saúde, principalmente delas, e por elas terem nascido tão bem, Ele é sempre tão bom com a gente.”
Ao contrário do que as pessoas possam pensar, para ela a adaptação da rotina com a chegada das filhas foi tranquila, claro, com muito a aprender e alguns desafios, mas nada de desesperador. “Quando nasce um filho, nasce também uma mãe e um pai. A gente não sabe nada antes deles chegarem, mas aprende tudo quando estão aqui. É só ter paciência, vontade e ir levando tudo dia a dia”, ensina.

Além disso, Franciele destaca que o esposo Claudio é um super pai, como eram duas ao mesmo tempo, ele sempre levantou junto com a esposa durante a noite, nos horários em que as filhas precisavam mamar, para ajudar com todas as tarefas. “Agora, inclusive, é ele quem levanta à noite quando acontece das meninas acordarem”, conta.
Além de contar com o apoio do marido, a tranquilidade e o espírito alegre com que ela encara a vida também transformaram a conciliação entre a vida pessoal e profissional algo muito orgânico, em que Franciele não vê problema. “É claro que às vezes temos um dia mais puxado, mas Deus sempre nos dá coragem, fé e a gente sempre agradece a saúde em poder trabalhar e cuidar das nossas filhas que é muito bom, muito amor.”
A intensidade do sentimento que tem pelas filhas, inclusive, é o que mais a surpreendeu na maternidade. “Quando as mães me falavam que eu entenderia quando tivesse meus filhos, nem me passava pela cabeça que era ‘esse amor’. Meu Deus do céu, você acorda pensando nas filhas, sai de casa pensando nas filhas, passa o dia pensando nas filhas e vai dormir pensando nas filhas e quando elas estão dormindo você está pensando nelas ou olhando fotos delas, é impressionante, é muito bom, é um amor infinito. Essas princesas são tudo em nossas vidas. São dois pacotinhos de amor, duas bênçãos de Deus”, finaliza.