Você atingiu a métrica limite de leitura de artigos

Identifique-se para ganhar mais 6 artigos por mês!

Já sou assinante!

quinta-feira, 12 de junho de 2025
8.4 C
Pomerode
8.4 C
Pomerode
quinta-feira, 12 de junho de 2025

A escolha de construir um lar longe de casa

A peruana Natalia e o argentino Sergio escolheram Pomerode como lar há cerca de duas décadas

Imigrar é, acima de tudo, acreditar na possibilidade de uma vida melhor. Seja para fugir da guerra, de uma crise econômica ou apenas para buscar novos começos, essas aspirações levam milhões de pessoas a deixarem seus países de origem para procurar novos horizontes em terras estrangeiros.

Para o casal Natalia Cerin, de 46 anos, e Sergio Ariel dos Santos, de 47, a vinda para o Brasil foi movida por diversas situações. Natalia é peruana e Sergio é argentino, eles se conheceram em Buenos Aires, para onde ambos haviam seguido por conta dos estudos.

Cinco anos mais tarde, se casaram na capital argentina e, dois anos depois, o planejamento de ter um filho se concretizou com a notícia da gravidez de Natalia. “Quando descobrimos que teríamos o Luciano, foi uma felicidade muito grande, porque o planejamos. Porém, o Corralito estava começando e tínhamos duvida de como seria criar uma criança em meio ao caos de uma cidade grande, além da crise econômica que estava afetando o país inteiro”, explica Sergio. 

Ele é filho de um brasileiro, gaúcho, que viveu boa parte da vida na Argentina. Nascido em Misiones, província que faz divisa com Santa Catarina, a famílias sempre viajava a Santa Catarina para visitar as praias e, por vezes, passava por Pomerode. “Um dia, minha mãe decidiu vir morar aqui e vimos a oportunidade de sair da crise da Argentina, que estava começando”, conta ele.

Para Natalia, foi mais difícil, ela nunca havia estado no Brasil, não conhecia o idioma, nem a cultura. “Depois de morar na movimentada e caótica Buenos Aires, me adaptar a uma cidade tão pacata foi um dos desafios também”, relembra. Apesar das dificuldades iniciais enfrentadas, ela celebra a decisão tomada na época. “Adorei Pomerode, é muito diferente da cidade grande que é Buenos Aires. Uma cidade pequena e calma, perfeita pra se morar”, pontua.

Sergio não teve muitas dificuldades com o idioma e nem com a cultura, já que tinha noção de ambos. Porém, o desafio para ele surgiu na hora de encontrar uma colocação no mercado de trabalho.  “Tenho especializações em gastronomia e não pude atuar no ramo logo de início”. Quando a família chegou a Pomerode, Natalia não pode encontrar um emprego de imediato, pois não falava português e tinha um filho recém-nascido para cuidar. Sergio precisou atuar fora da área de formação, no setor de expedição de uma grande empresa têxtil da região. Depois de um tempo, conseguiu voltar a trabalhar no ramo da culinária, em uma empresa que fazia marmitas. Atualmente, ele é cozinheiro em um conceituado e reconhecido restaurante típico de Pomerode, o Wunderwald. “O que melhorou muito a situação financeira da minha família.”

Além de Luciano, o casal teve mais um filho, Thiago Ariel dos Santos, de 18 anos. Em quase duas décadas, Pomerode se transformou no lar da família. “Aqui, é tudo tão tranquilo, estamos estáveis. Se Deus quiser, iremos viver aqui para sempre”, diz Natalia. “Eu adoro meu trabalho e tudo o que posso proporcionar a minha família, aqui se tornou nosso lar”, complementa Sergio.

Isso, é claro, não apaga a saudade que sentem de seus países de origem. Natalia nunca mais retornou ao Peru, já que toda sua família foi morar em Buenos Aires e também a visita no Brasil de tempos em tempos. “O que mais sinto falta é do clima de Truquillos, minha cidade natal”, reconhece. O casal continua viajando para a capital, anualmente, nas férias. Sergio conta que é sempre muito bom estar com os tios, primos e celebrar suas raízes. Para ele, apaixonado por futebol, o que mais faz falta é poder acompanhar os jogos do time de coração nos fins de semana.

Raízes preservadas

Para o filho do casal, Luciano Cerin, de 19 anos, que estuda jornalismo e já atua na área, algumas pessoas ficam surpresas ao saber que seus pais vieram de outro país, mas para ele isso sempre foi muito tranquilo e nunca se sentiu diferente. “No meu cotidiano, a gente mistura um espanhol com português, mas é tão comum que se nem percebemos nada de errado”, revela.

Ele cresceu aprendendo muito sobre a cultura de origem de ambos. Um dos principais fatores absorvidos é a adoração pelo futebol, torce para o mesmo time do pai desde que consegue se lembrar. “Aprendi também o idioma deles, como é uma língua materna, sou fluente no espanhol”, conta.

Luciano cogita, um dia, morar no país de origem dos pais.  “Mesmo que seja a trabalho, como correspondente. Seria uma experiência muito interessante.”

Recado especial

Natalia encerra a reportagem deixando uma mensagem à cidade que acolheu sua família. “Solo queda agradecer está linda ciudad y país por habernos brindado tranquilidade y calidad de vida a nuestra família, no fue nada fácil pasamos dificuldades, pero con trabajo y mucho esfuerzo logramos una linda família y estabilidade. Amamos Pomerode y no la cambiamos por ninguno otro lugar.” (Tradução: “Só queria agradecer a esta linda cidade e país por nos dar tranquilidade e qualidade de vida à nossa família, não foi nada fácil, passamos por dificuldades, mas com trabalho e muito esforço conseguimos uma linda família e estabilidade. Amamos Pomerode e não a trocaria por nenhum outro lugar.”)

Proibido reproduzir esse conteúdo sem a devida citação da fonte jornalística.

Receba notícias direto no seu celular, através dos nossos grupos. Escolha a sua opção:

WhatsApp

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui