A poliomielite não foi barreira para que Nilton Mueller, 52 anos, mais conhecido como Nico, pudesse viver a vida como uma pessoa comum, ou seja, praticar o esporte preferido: o futebol, além de pescar, nadar nos rios e se divertir com os amigos. A cadeira de rodas sempre foi um auxílio para que Nilton pudesse se deslocar, por isso ele tem três, uma com uma manivela, uma comum e outra adaptada para que ele possa transitar pelo campo de futebol.
Hoje com problemas musculares depois de tanto esforço, Nilton como todo bom jogador de futebol se transformou em técnico, muito respeitado e querido por todos. No futebol, ele começou aos 15 anos e disputava os campeonatos. A inclusão era total. Regras foram definidas para que o toque de mão na área não representasse pênalti, já que ele jogava com as mãos fechadas. Com muita força sempre foi um bom jogador desde os sete anos já praticava o futebol de campo.
O time de futebol do Vasquinho, onde jogou por muito tempo, não existe mais e desde 2000 organiza o time do Atlético Wunderwald. Pelo time do Vasquinho, na categoria Aspirante ele conquistou quatro títulos de campeão e dois de vice.
Com poliomielite desde a infância, Nilton foi criado pelos pais Conrado e Edgald Mueller como se fosse um pessoa comum. Junto com os irmãos ajudava os pais nas tarefas como capinar o quintal. “Hoje sou grato ao ensinamento que eles me deram e como me trataram como um filho sem diferença dos outros. Eles me ensinaram a ser forte e a cuidar de mim mesmo e ser independente.”
Fotos: Arquivo Testo Notícias
Com uma companheira, dois filhos e uma enteada, Nilton se diz feliz e realizado, pois fez sempre tudo que quis sem nenhuma limitação. Com habilitação de motorista há cerca de 16 anos, Nilton não depende de ninguém para nada, mas mesmo assim tem sempre por perto o filho Tiago para prestar apoio e companhia.
Nilton recorda que o primeiro carro que teve foi um Fiat 147, mas dirigir para ele nunca foi uma dificuldade. “O desafio maior para quem tem uma deficiência não é dirigir com as mãos num carro adaptado e sim renovar a habilitação”. Ele reclama que a burocracia é tão grande que acaba sendo uma barreira para muitas pessoas com deficiência.
Dec. 90 foi eleito vereador pelo PDT. “Eu era suplente e assumi o cargo por 45 dias. Foi uma grande experiência e a Câmara naquela época não tinha acessibilidade para cadeirantes. Hoje já tem”, afirma.
Apesar de muitas mudanças dos tempos de adolescente até hoje, ele diz que ainda há preconceito com relação aos deficientes.” O deficiente muitas vezes é rejeitado por algumas pessoas que até falam palavras rudes, mas acho que estas pessoas que têm preconceito são mais deficientes que nós”. Certa vez ele estava com sua cadeira de rodas na rua e apareceu dois amigos de bicicleta. Cada um segurou de um lado e puxaram ele na cadeira de rodas. “ São momentos de solidariedade que nunca esquecemos e nos faz sorrir quando lembramos.
Fotos: Arquivo pessoal 
Para Nilton o esporte e a política o fez ter muitos amigos. “Apesar do preconceito existente a amizade que vale muito mais. Estou sempre rodeado de amigos e isso me deixa muito feliz.
Um dos principais problemas enfrentados por ele e por cadeirantes na cidade ainda são os degraus das casas, das lojas, dos prédios. O carro adaptado dá liberdade para ir a qualquer lugar. “Muitas vezes paro o carro perto de onde quero ir, mas as escadas ainda são uma barreira”.
O exemplo de Nilton não é um exemplo só para quem não consegue se locomover, mas para todos nós que temos o funcionamento perfeito de nosso corpo e deixamos de festejar com amigos, de praticar um esporte ou fazer outra atividade qualquer.
Ele tem força, garra, vontade de viver, fazendo as coisas que gosta, sendo bom naquilo que faz e para isso ele encontrou um caminho: a determinação.
