Três anos, muitas experiências e a celebração do retorno

Casal que hospedou carpinteiro em Pomerode participa da festa de boas-vindas na Alemanha

Você lembra dos Wandergesellen (Walz)? Jörg Noriss, 25 anos, Paul Schwebe, 24 anos, e Marius Kleisch, 25 anos, estiveram em Pomerode no mês de fevereiro antes de partirem para a Alemanha. Os artesãos carpinteiros, ou na livre tradução do alemão, os “companheiros viajantes”, andaram pelo mundo em busca de conhecimento prático para um dos ofícios mais antigos que se tem notícia. Trabalho que é considerado também pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural Mundial Imaterial pelo seu significado histórico.

Marius e Jörg já estavam com os retornos para suas terras natais programados para junho deste ano, quando passaram pela cidade mais alemã do Brasil. Por aqui, além de conhecimento técnico e muitos aprendizados sobre a cultura, também fizeram muitos amigos, entre eles o casal Cristiane e Klaus Ahrendt, que hospedaram de forma gratuita o trio em solo pomerodense.

Cristiane e Klaus Ahrendt/Na chegada: após três anos pelo mundo, Marius cumpriu todo o ritual de um Wandergesellen que começa com a tradicional caminhada a pé na entrada da cidade ou vilarejo.

A amizade e o sentimento de gratidão foi tão grande, que Cris e Klaus foram convidados a participarem dos festejos na cidade de Marius. O casal, que ficou um mês, na Alemanha, voltou a Pomerode no dia 18 de junho. Na bagagem muitas histórias e recordações dos festejos de boas-vindas a Marius dos quais participaram na cidade de Wassenberg.

Eles contam que a viagem já estava planejada para a Alemanha quando receberam o convite para vivenciar uma verdadeira experiência de costumes e tradições. “Tivemos que tomar uma decisão rápida e acertada, mas não nos arrependemos, pelo contrário. Foi uma honra termos sido convidados e podermos participar dessa festa tão especial e bonita. Fomos muito bem recebidos pela família e amigos do Marius, havia muita comida, bebidas e boa música”, descreve Klaus.

Da festa de retorno de Marius, que durou três dias, o casal conseguiu participar apenas do primeiro dia. “A proposta, na verdade, só veio complementar a viagem que já estava planejada, mudamos um pouco o roteiro e valeu a pena pois a cidade lá é muito bonita. Participamos do primeiro dia, que foi muito especial e para nós foi uma experiência única. Tivemos a certeza de que é possível, nos dias de hoje, confiar em pessoas que acabamos de conhecer”, reforça Cris.

Ainda sobre a festa, Marius fez questão de compartilhar sobre as alegrias dos dias em que viajou pelo mundo e o tão aguardado retorno para casa. “Foi uma ótima viagem e uma grande experiência de vida e conhecimento sobre meu ofício. Estou feliz por ter passado por tudo, ter vivido este período e ter feito as escolhas certas”, afirmou.

Cerca de 150 pessoas participaram dos festejos, muitas pessoas que Marius conheceu durante os três anos de viagem pelo mundo, outros Wandergesellen, além de pessoas que souberam do retorno e quiseram recepcioná-lo. “Participaram muitos dos meus familiares, outros integrantes mais antigos, que já passaram por isto, e também integrantes que estão fazendo o mesmo atualmente, e fizeram questão de me recepcionar e me conduzir para retorno a meu lar. Sem contar as muitas pessoas que vieram porque ficaram sabendo que eu retornaria hoje e se programaram para estar aqui”, assegurou.

Segundo Marius, faz parte de todo ritual de um Wandergesellen a tradicional caminhada a pé na entrada da cidade ou vilarejo, acompanhada dos demais Wandergesellen. Depois, o artesão que retornou precisa passar por cima da placa e desenterrar a garrafa de cachaça, que será compartilhada com os amigos Wandergesellen. “Há também a outra garrafa que foi bebida na saída e preenchida com bilhetes e mensagens deixadas para o meu retorno. E depois do reencontro com os amigos e familiares seguimos para a festa”, explicou.

Emoção: entre os familiares que receberam Marius estava seu avô, que não via o neto há três anos.

Para ele foi um pouco estranho retornar para sua antiga cidade, reencontrar seus amigos e ver como muita coisa mudou desde a sua partida. “É mesmo um sentimento muito especial retornar ao seu lar depois desses três anos, reencontrar a minha família e estar junto a ela novamente. Agora que estou de volta ao lar, quero me reorganizar para visitar meus outros familiares e repassar as minhas experiências vividas nestes anos, procurar um trabalho, um lar e retomar com minha vida normal”.

Já os pais de Marius estavam muito emocionados por poderem reencontrar o filho após o período que este viajou pelo mundo. “É mesmo um alívio dele estar de volta porque a preocupação é grande, podia ter acontecido algo enquanto ele esteve longe de casa e você não estaria perto para auxiliar”, disse a mãe. “Nosso sentimento é realmente de muito alívio e felicidade, algo indescritível”, completou o pai.

Sobre Pomerode, Marius fez questão de tecer elogios. “Durante três anos que estive por todo o mundo e eu nunca me senti tão em casa como em Santa Catarina, em especial em Pomerode. Foi tudo muito divertido e muito bom, quem sabe um dia volto?”, finalizou.

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