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Sydonia, a bruxa da Pomerânia – Parte II


Representação da caminhada de Sydonia para a prisão. Foto: https://de.wikipedia.org/wiki/Borcke#/media/File:Sydonia_von_Borck.jpg


Sydonia nasceu em 1545 no palácio da família em Stargordt, nas proximidades de Labes (Lobez), no município de Regenwalde (Resko). Era descendente de uma família de cavaleiros e de origem eslava. Com a idade de 8 anos, ficou órfã de mãe. Abençoada com extraordinária beleza e habilidades, mimada pelo pai, como a caçula de três irmãos, viveu uma vida totalmente conturbada e andarilha. Citam os livros que se destacou pela formosura e por uma inteligência sem precedentes. Isto logo lhe trouxe muitos admiradores, mas também inimigos. Nas solenidades da Corte conheceu o jovem Duque Ernest Ludwig (1545-1592) e se apaixonou. Mas, como as regras eram ditadas pelos interesses do Estado, o casamento não aconteceu, pois o Duque Ernest Ludwig rompeu o compromisso de casamento em favor da sua união com a princesa Jadwiga Zofia de Brunswick. A bela Sydonia, profundamente ferida em seus sentimentos, teria rogado uma maldição sobre a família do Duque Ernest e toda a Dinastia dos Greiffen (Griffin). Após a morte de seu pai, Sydonia passou a viver sob os cuidados de seu irmão Ulrich. Depois de um desentendimento com o irmão, por questões de herança, desistiu de seu quinhão na propriedade e, muito magoada com tudo e com todos, se refugiou no mosteiro Marienfliess, das monjas cistercienses, fundado pelo Duque Barnim I em 1248. Mais tarde viveu em vários lugares, inclusive em Stettin (Szczecin) e em Regenwalde (Resko), Stargard. Sua passagem pela corte de Stettin lhe trouxe mais dissabores e também a acusação de ter fomentado intrigas que causaram grandes prejuízos para as famílias nobres. Finalmente, em 1604, Sydonia, com 57 anos de idade, retornou ao convento de Marienfliess. Apesar de ser simpática, Sydonia tenta vencer todas as dificuldades do jogo político e do interesse da nobreza nas terras pomeranas. Muitos fazem acusações e se tornam seus inimigos. Para agravar ainda mais a sua situação, criou graves conflitos com a priora do mosteiro, com desacato às suas ordens de convívio na comunidade das irmãs religiosas. Desta forma, além de causar desentendimentos com todos e de leitura de livros impróprios para época, passa a ser acusada da prática de curandeirismo e de magia negra, o que lhe vale a acusação de bruxaria. Ao desacatar as autoridades eclesiásticas e causar intrigas entre as monjas, passa a atrair os inquisidores superiores de outras ordens religiosas, que vêm ao Mosteiro para avaliar o seu estado de saúde e psíquico. As primeiras acusações de tais práticas começam a ser registradas a partir de 1612 e até 1619 apenas se avultam. Em outubro daquele ano, deixa o Mosteiro em Stargard, sendo conduzida até Stettin para um grande interrogatório. Em dezembro, em decorrência da investigação sobre sua conduta, uma corte de clérigos a declara feiticeira, levantando 74 acusações. A mais grave foi uma maldição à família dos Duques da Pomerânia, da Dinastia dos Grifos (Greiffen). Como escreveu o historiador pomerano Martin Wehrman: “Durante o inquérito, admitiu espontaneamente que a arte da magia visava prejudicar seus inimigos pessoais.” Finalmente, em 1º de setembro foi condenada à morte. Intrigante, mas sua maldição de fato parece ter-se concretizado. O Príncipe Franz morreu dois meses depois da execução de Sydonia. O irmão do duque, ainda menor de idade, veio a falecer em 1622, e em 1626 igualmente veio a falecer o Duque Phillip de Wolgast-Pomerânia. Em 1637 morre Bogislau XIV, último duque pomerano, terminando assim a Dinastia dos Grifos (Greiffen), e a Pomerânia passa para o domínio dos suecos e dos brandenburgueses. Desta forma, terminou o domínio da família Griffin na Pomerânia. O escritor alemão Wilhelm Meinhold publicou em 1847 o romance “Sydonia von Borcke, a Feiticeira do Mosteiro”. Seu romance, sem sucesso, foi esquecido, mas na década de 1900, a tradução para o inglês da escritora inglesa Jane Frascesca Elgee, tornou-se um best-seller. Outro autor, como Theodor Fontane, igualmente escreveu sobre o tema com o título “A Bruxa do Mosteiro de Marienflies e a derrocada da família ducal Pomerana”. Há também a obra literária “Sydonia von Borcke”, de Louis Hamann. Nas artes visuais, há uma série de obras dedicadas à pessoa de Sydonia von Borcke. Entre os mais famosos são a pintura do quadro de Jones Edward Burne. Suas duas pinturas “Sydonia von Borcke ” e “Clara von Borcke” podem ser apreciadas na Galeria Tate de Londres, na Inglaterra. Os registros dessa história familiar quase milenar em parte estão nos arquivos da biblioteca da Universidade de Greifswald e nos Arquivos Pomeranos de Stettin.

Artigo adaptado do original publicado na Folha Pomerana nº 161. Autor: José Carlos Heinemann

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