
Imagem de Hochtijdsbirer (Hoschzeitsbitter) no Kreis de Köslin na Pomerânia (1932). Nesta foto o livro cita que no Brasil essa tradição ainda é praticada
Cada grupo cultural tem características e personagens especiais, que muitas vezes apresentam traços bem peculiares, e na tradição Pomerana não é diferente. Um bom exemplo é o Convidador de casamento chamado de Hochtijdsbirer (em alemão Hochzeitsbitter), personagem singular que distingue ainda mais os pomeranos dos demais imigrantes que se estabeleceram no Brasil, se diferenciando principalmente dos denominados “brasilioner” (população de fala portuguesa). Normalmente o irmão caçula da noiva era selecionado para ser o Convidador. Os jovens pomeranos eram frequentemente mais desinibidos e de mais fácil adaptação. Klaus Granzow relata um de seus encontros com um Hochtijdsbirer no Espírito Santo ao pedir informações da localidade: “avistamos um jovem senhor que fazia uma pausa e dava comida ao seu cavalo enfeitado. O nosso motorista perguntou em português informações sobre o caminho que deveríamos seguir, mas ele não entendeu nada e subiu na sela do seu cavalo já indo embora. Quando nos aproximamos dele, percebi que se tratava de um tímido filho de camponês e perguntei em pomerano/Platt: “Wat mökst duu hijr? (O que você está fazendo aqui?) Wou gäitst duu hen? (Para onde vai?)” Neste momento o rosto dele se transformou, parou o cavalo e respondeu cordialmente: “sou um Hochtijdsbirer…” O traje festivo do convidador era composto por um chapéu de feltro decorado com fitas, e em algumas regiões do Brasil foi substituído pelo chapéu de palha. No paletó havia fitas pregadas nas costas e no peito. Enquanto cavalgava as fitas balançavam. O cavalo também era enfeitado, tinha flores, ramos de folhagens verdes e também fitas penduradas. O Hochtijdsbirer levava consigo uma garrafa de cachaça adornada com fitas coloridas que também serviam para fixar o galho de murta na garrafa. De acordo com a tradição o convidador usava terno preto. Nem sempre essa tradição foi seguida à risca, sendo substituída por roupas leves em dias quentes. O convidador servia-se de meio de locomoção próprio. Partia a cavalo, de preferência manso, do contrário não era possível convidar as pessoas. Não raro parava para alimentar o cavalo entre um convite e outro. O pesquisador Jorge Kuster Jacob afirma que posteriormente o cavalo foi substituído pela bicicleta e, a partir dos anos 1980, a motocicleta facilitou muito as longas distâncias em comunidades pomeranas, como por exemplo, Espigão do Oeste (RO) que é conhecida como “A capital pomerana da Amazônia”. Segundo Jorge, normalmente no Espírito Santo o convidador consegue chamar todos os convidados em 15 dias. Em Rondônia esse tempo é maior. Tanto a bicicleta quanto a motocicleta eram enfeitadas.
Continuação na próxima edição…
Imagens
Foto: Fonte: Pommeranos in Brasilien de Klaus Granzow, Alemanha, 1972
O convidador segue à frente dos noivos no dia do casamento em direção à casa em Rio Perdido (Baixo Guandu, Espírito Santo).Foto: Foto: Livro Pommersches Hochzeitsbrauchtum
Hochtijdsbirer na Pomerânia no kreis de Köslin (Jamund, 1890). Note ao centro o convidador chegando numa comunidade.Foto: Foto: www.facebook.com/oconvidador/
Nilza e Bruno Griep da cidade de São Lourenço do Sul (RS), região de muitos pomeranos. Senhor Griep foi convidador (Hochtijdsbiter) em sua comunidade em 1949.Foto: Fonte: Livro Das Alte Pommern
Imagem de Hochtijdsbirer (Hoschzeitsbitter) no Kreis de Köslin na Pomerânia (1932). Nesta foto o livro cita que no Brasil essa tradição ainda é praticada