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Uma história centenária mantida por muitas mãos

Clube Pomerode é o mais antigo em funcionamento no município

É bem no coração de Pomerode que está o clube de caça e tiro mais antigo ainda em atividade na cidade. Foi por iniciativa de Arthur Buerger, Hermann Weege, Heinrich Passold, Wilhelm Zilz, Hermann Guenther, Rodolfo Blosfeld, Hermann Mass, Franz Manghold, Emil Hoge, Oscar Blosfeld, Fritz Wachholz, Carl Nienow, Hermann Schwanke, Alwin Erdmann, August Behling, Hermann Wudke, Franz Letzow, Wilhelm Radünz e Adolf Konell que o Clube Pomerode deu seus primeiros passos há 101 anos.

Fundada em 1922, pelo grupo de amigos, a antiga sociedade se chamava inicialmente Schützenverein Gute Kameradschaft, ou em português, Clube de Atiradores Boa Camaradagem.

Sem uma sede própria, todas as primeiras festividades eram realizadas no prédio que hoje abriga o Restaurante Pomerode. “Meu opa Erich Wachholz foi um dos sócios desde a época da fundação da sociedade. Também participou da diretoria do Clube por muitos anos, pelas informações que temos, foi tesoureiro por mais de 30 anos”, conta o sócio Aldo Wachholz, 60 anos.

Já em 26 de agosto de 1938 foram registrados os estatutos de “Sociedade Esportiva de Tiro ao Alvo Bom Camarada” em substituição ao primeiro nome de 1922. O então presidente da diretoria provisória era Max Jacobsen.

Já em 1946 a sociedade sofreu nova alteração em sua denominação, passando a se chamar Sociedade Desportiva e Recreativa Rio do Testo, conforme autorização do Interventor Federal do Estado de Santa Catarina. Na ocasião foi eleita nova diretoria, tendo como presidente Ricardo Jung.

Em 02 de setembro de 1962, foi lançada a pedra fundamental da nova sede, inaugurada em 20 de setembro de 1963, tendo como presidente Alvin Klotz. No ano seguinte, passou a se chamar Clube Pomerode – Cultural, Recreativo e Esportivo, nome que segue carregando a história da sociedade até a atualidade.

Em família Aldo Wachholz relembra do legado do avô, Erich, e também do pai, Brueder Wachholz, para o Clube Pomerode. Foto: Gabriel S.

Foi nessa época que o pai de Aldo, o saudoso Brueder Wachholz, assumiu o título patrimonial da família e permaneceu também como sócio por mais de 30 anos. “Foi em 1981 que eu me tornei integrante do Clube Pomerode. Recordo-me de muitos momentos da infância e da juventude vividos aqui.”

Um deles, relembrado com muito carinho, era a função do pai como comandante dos desfiles. “Ele sempre honrou muito isso. Na época, assumiu o lugar Sr. Mário Marquardt, que já não podia mais atuar e meu pai seguiu no posto até uns oito anos atrás. Ele faleceu há quatro anos, aos 90, um pouco antes da pandemia. No lugar dele eu assumi como comandante dos desfiles do Clube e das festividades, é sempre uma emoção muito grande.”

Outra lembrança que Aldo guarda em suas memórias é a inauguração da piscina semiolímpica em 1978. “Na época foi uma febre, ninguém tinha piscina, ou era praia ou era aqui no Clube.” Hoje ela encontra-se desativada, o que segundo a atual presidente, Miriam Oestreich, deixa um sentimento de perda em todos os sócios. “Infelizmente, não tem mais como consertar, o custo é muito alto, não tem como, mas bem que gostaríamos.”

Foi também na década de 1970 que Haroldo Lohse começou a traçar a sua história com o Clube Pomerode. Na época, o exímio jogador de bolão foi convidado a participar da equipe.

“Foi em 1973 ou 74, inclusive na época não tinha como me encaixar como sócio do Clube porque ele já tinha chegado ao limite de 500 integrantes. Fiquei participando da modalidade até 1976, quando abriu uma brecha para eu entrar como sócio.”

Bandeira No acervo do Clube Pomerode estão os brasões de todos os nomes que a sociedade já teve durante o seu centenário. Foto: Marta Rocha

Se o bolão trouxe Haroldo para o Clube Pomerode, foi a sua história que o fez ficar e fazer também parte de outras atividades. Em 1988 se tornou presidente para aquele biênio e se orgulha de ter encabeçado algumas importantes melhorias na estrutura da sociedade.

“Acho que todos os presidentes passaram por dificuldades, mas tentaram sempre dar o seu melhor. No meu tempo, no salão principal, fizemos essa parte dos arcos, também fechamos a compra do terreno para o estacionamento. Claro, tudo sempre foi conquistado com a participação dos sócios.”

Histórico Em um documento escrito à mão constam os sócios honorários da Sociedade Desportiva e Recreativa Rio do Testo em 1946. Foto: Marta Rocha / Arquivo Clube Pomerode

Os arcos a que Haroldo se refere foram a ampliação na lateral do salão principal, onde hoje estão o bar, a parte do buffet e a cozinha. “Na época, a mesa de jantar era trazida para dentro do salão. Então quando foi ampliado, ficou para lá e não precisou mais trancar essa parte. Durante a janta do Clube, quando tinha baile de sociedade, a música tocava, muita gente já jantava e dançava logo em seguida. Antes disso, não podiam.”

Bailes que fizeram o Clube se tornar famoso dentro e fora de Pomerode. No auge das festividades, os bailes de chope, com direito a caneco e tudo, chegavam a reunir mais de mil pessoas em uma única edição. “Teve uma vez que foram vendidos 1200 canecos, era tanta gente que precisamos levar os barris para a parte de cima do Clube para as pessoas que estavam lá”, relembra Haroldo.

Aldo explica que o baile era tão famoso que vinham pessoas de outras cidades. Então, para os sócios, além do caneco personalizado, muitas vezes também ganhavam camiseta com o timbre do clube e, às vezes, até com o nome da pessoa. “São boas lembranças, principalmente com relação ao tradicional Baile do Chope. Eu não tenho exatamente quando foi a última edição, acho que foi a 44ª se não me engano. Era muita gente e a festa seguia até 5h ou 6h da manhã.”

Uma história contada há décadas e que deixa Aldo verdadeiramente orgulhoso por poder fazer parte dela. “Para começar, existe essa coincidência, porque o Clube foi oficializado como sociedade em 1962 e foi o ano que eu nasci. Saber que meu pai e meu avô ajudaram a construí-la é gratificante e sinto muito orgulho em ainda ser sócio e fazer parte da diretoria.”

Bolão Haroldo Lohse fala com orgulho dos amigos e das conquistas que teve com a equipe do Clube Pomerode. Foto: Gabriel S.

O Centro de Atividades Esportivas e Culturais

Pela sua localização, tempo de existência e o trabalho de seus sócios e presidentes, o Clube Pomerode sempre foi cenário de atividades recreativas e culturais. O palco da sociedade serviu para ensaios e apresentações de grupos e bandas, como o Grupo de Ginástica, a Banda Lyra, do saudoso maestro Vinzenz Weh e o Clube de Bandolin.

Era também no Clube Pomerode que grandes torneios de Skat (um jogo que chegou com os imigrantes alemães, era considerado uma das poucas distrações na época da colonização e que foi mantido por décadas pelos seus descendentes) eram realizados. Em algumas edições, como a de 1979, foram 248 participantes e, no ano seguinte, 246 jogadores.

Rei do Tiro Registro da festa em 1936 com sócios do Schützenverein Gute Kameradschaft, atual Clube Pomerode. Foto: Acervo Clube Pomerode

História esportiva

Muitas são as modalidades esportivas e recreativas ainda mantidas pelo Clube Pomerode. Em sua história, além do Bolão, o clube também era conhecido pelo Tiro ao Alvo e o Tiro ao Pássaro. “Tanto o Bolão quanto o Tiro ao Alvo e o Tiro ao Pássaro, eram mais representativos, a nível municipal buscávamos títulos”, afirma Aldo.

Segundo Haroldo, o Bolão era uma atividade presente na rotina diária do Clube. “Tínhamos grupos jogando bolão todos os dias, nas terças eram os casais. Eu realmente fui um dos grandes vitoriosos, pelas medalhas e troféus que consegui. Foi gratificante participar de uma equipe assim. Na época, eu era integrante da equipe Marcianos Bolão Clube.”

Trabalho Atual presidente, Miriam Oestreich, fala sobre as atividades do Clube Pomerode. Foto: Gabriel S.

Haroldo fala com saudosismo e paixão das conquistas que teve com a modalidade. “Tenho muitas conquistas e medalhas, são em torno de 270 e 65 troféus. E eu ainda estaria na ativa, mas a pandemia brecou um pouco isso. Se eu um dia puder voltar, mesmo que vou para os 80 anos, vou ver se ainda consigo levantar a bola.”

A forte ligação com o Bolão sempre foi mantida ao longo dos anos. Em 2004, após várias adequações na cancha, o Clube Pomerode sediou os Jogos Abertos da modalidade. “Na cidade ocorreram outras disputas, mas no clube foi realizado o bolão e isso foi um motivo de muito orgulho para nós. Em 2008, sediaríamos novamente, mas os Jogos foram cancelados em função das ocorrências de enchente e deslizamentos na região”, explica Sigfrido Hornburg, presidente naquele período.

Segundo Miriam, além do baile promovido anualmente e do Bolão, o clube ainda movimenta atividades de tiro, tiro ao pássaro e a bocha. “Temos ainda as aulas de karatê e do grupo de dança que acontecem aqui semanalmente e trazem muitos alunos para a nossa estrutura.”

De acordo com Aldo, mesmo não participando de competições estaduais, no Bolão, o Clube ainda participa do Campeonato Municipal e a Copa Pomerode. “Já no tiro, temos a nível municipal o Interclubes, a Festa Pomerana, a Festa do Rei e Rainha do Município, os cavalheiros e princesas.”

Além das atividades esportivas, atualmente o Clube Pomerode comporta em sua estrutura física espaços que podem ser alugados para eventos. Além do Salão Principal, com capacidade para 700 pessoas, há ainda a Grutinha e o Segundo Piso, para festividades menores. “O Clube aceita reservas para os mais variados eventos e temos também o restaurante, que é aberto ao público aos fins de semana, com uma comida maravilhosa”, declara Miriam.

Skat Registro do torneio que reuniu 248 participantes no Clube Pomerode em 1979. Foto: Acervo Clube Pomerode
Memórias Presidente por muitos anos, Sigfrido Hornburg relembra fatos que marcam a história do Clube Pomerode. Foto: Gabriel S.

Marcas de recomeço

Assim como muitos empreendimentos do município, nem o Clube Pomerode passou ileso pelas forças das águas que atingiram o município em fevereiro de 2011. Sem registros em sua história de outros episódios como aquele, o temporal causou estragos e traz memórias tristes.

O então presidente, Sigfrido Hornburg, conta que a água começou a subir muito rapidamente e grande parte da estrutura foi atingida. “Foi mais de 20 cm de água dentro do salão principal, o Bolão estava totalmente embaixo da água e a gente perdeu muita coisa. Mas o ecônomo perdeu ainda mais. Ele já estava se preparando para o fim de semana, as geladeiras dele vieram parar dentro do salão, foi muito triste.”

Quando a água baixou, a diretoria tratou logo de arregaçar as mangas, contabilizar os prejuízos e iniciar a limpeza para calcular o que precisava ser feito. “Aquele foi o único episódio de grande enchente que o Clube passou, com perdas razoáveis. Mas não baixamos a cabeça, em praticamente um mês estava tudo funcionando novamente”, recorda Sigfrido.

Sextafeirinos Registro de 1955 mostra jogadores do Clube Pomerode, o bolão sempre fez parte da sua história. Foto: Acervo Clube Pomerode

Um legado para o futuro

Assim como em outros clubes de caça e tiro, talvez um dos desafios da sociedade centenária seja também manter suas atividades, despertando o interesse dos mais jovens. Segundo Haroldo, década após década, o número de sócios, assim como de participantes das mais variadas atividades tem diminuído.

“Vejo hoje certo desinteresse dos mais jovens e isso é complicado, porque para manter uma sociedade dessas não é fácil, precisa de dinheiro. Algumas festividades estão acontecendo, mas os clubes não retomaram suas atividades por completo”, expõe.
Assim como Haroldo, Miriam, que também participa das atividades de outros clubes, enxerga esse desinteresse como o grande desafio para a manutenção da cultura e tradição para o futuro. “Acredito que todos os clubes gostariam que mais pessoas prestigiassem os eventos e as atividades. Mas está difícil em todas as sociedades trazer os jovens para o dia a dia.”

Mesmo com todos os desafios que têm surgido com a nova realidade, Sigfrido acredita que a história do Clube Pomerode, que atualmente tem 129 sócios, não vai parar. “Disso eu tenho certeza, esse Clube aqui não vai fechar as portas. Se amanhã ou depois nós desistirmos ou sairmos, sempre vai ter alguém, pela tradição que o Clube tem”, garante.

Para ele, o legado se perpetuará ainda por muitos anos. “Desde 1922, depois lá em 1963, aqueles sócios, a vontade de vestir a camisa, o azul e branco e não desistir, como até hoje ainda estamos fazendo, é algo que motiva cada sócio. Assim como eu, muitos são apaixonados por essa história”, finaliza Sigfrido.

Foto: Acervo Heike Weege/Fotos Antigas de Pomerode

In den 1970er Jahren

Mitten im Zentrum von Pomerode befand sich jahrzehntelang eines der traditionellen Handelsgeschäfte der Stadt, das Comercial Siewert. Das Gebäude wurde 1948 erbaut und 1970 von der Familie Siewert erworben. Es diente als Wohnhaus und beherbergte auch ein Bekleidungsgeschäft, das 2003 seinen Betrieb einstellte.

Foto: Marta Rocha/Testo Notícias

Década de 1970

Bem no centro de Pomerode funcionou por décadas um dos pontos comerciais tradicionais da cidade, o Comercial Siewert. O prédio foi construído em 1948 e adquirido pela família Siewert em 1970, para ser moradia e abrigar também uma loja com confecção de roupas que encerrou suas atividades no ano de 2003.

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