A história do Clube Esportivo, Recreativo e Cultural Primavera surgiu em setembro, junto com a chegada da nova estação do ano. Rubens Konell, 77 anos, foi o primeiro presidente da recém-criada sociedade e relembra que um grupo de amigos do futebol decidiu se unir para dar vida à ideia. “Os amigos do futebol queriam que o negócio fosse para frente.”
Na época, Heinz Briese, 85 anos, foi convidado por Rubens para ajudá-lo na criação do Primavera. “Aqui não tinha outra coisa além do futebol e, como ele já era presidente disso, acabou me convidando para fazer parte da diretoria como tesoureiro. Aí eu falei para ele que o meu esporte não era o futebol, que eu poderia fazer isso, mas somente se aqui se fizesse um clube de caça e tiro.”

Segundo Guiomar Ehlert, 66 anos, que também fez parte da primeira diretoria, a comunidade da região na época sentiu a necessidade de um local para a prática de esportes. “A sociedade surgiu através do futebol, o esporte mais popular da época e que, aliás, continua sendo no Brasil. Aqui, isso não seria diferente.”
Ele conta que os primeiros membros da comunidade do clube resolveram construir uma sede própria, já que ao lado do campinho de futebol não havia uma estrutura adequada para a prática de todas atividades que almejavam. “Para fazer a sede, foi comprado um rancho que, na verdade, era usado. Então, membros da nossa comunidade financiaram, pegaram dinheiro do próprio bolso e anteciparam o financiamento para fazer a compra desse rancho, que foi montado aqui e, depois, transformado em sede da Sociedade Primavera, que hoje é o Clube Primavera.”

Rubens se recorda da primeira sede do Primavera, aquela construção simples de madeira que foi o pontapé inicial para consolidação do Clube. “No começo, não tinha cadeira ou mesa. Fiz um torneio de futebol e compramos as primeiras 40 mesas. Todo mundo lutou ao longo dos anos até que conseguimos fazer um clube desses.”
Nesse mesmo período, coube a Heinz a missão de trazer novos sócios para consolidar a fundação do clube. “Nós fomos andando na rua procurando sócios, porque precisávamos disso para formar um clube. Assim foi indo até que o Primavera foi fundado no dia 23 de setembro de 1978, em um domingo à tarde, me lembro muito bem disso.”

Guiomar relembra que alguns anos se passaram da ideia inicial daquele grupo de amigos no final da década de 1960 até o dia da inauguração. “O Clube Primavera tem uma história muito rica, mas também cheia de desafios durante esses anos todos que a sociedade tem. O início foi muito difícil. Não quero dizer que hoje não é mais, não somente o Primavera, mas todos os clubes de caça tiro lutam muito para manter o que têm”, afirma.
No ano de sua fundação, o Clube Primavera tinha pouco mais de 60 sócios. As principais atividades da época eram as tradicionais “soirées” aos domingos. “Que nada mais eram que bailes, que geralmente começavam às 18h e duravam cerca de quatro a cinco horas. E assim se começou a arrecadar os primeiros recursos financeiros”, expõe Guiomar.
Nesses eventos, era realizada a venda de cachorro-quente, pastel, churrasco e bebidas. “Dessa forma, começamos a fazer uma reserva de dinheiro para a melhorar a sede que existia para, depois, pensar em algo maior, que foi a construção dessa sede tão linda que hoje temos aqui e que atende a toda a comunidade.”

De acordo com Rubens, o desejo de muitos sócios era que as atividades do clube fossem ampliadas para além do futebol e os bailes. “Depois da sede de madeira, colocamos uma cancha de bocha, que também deu bastante movimento para o Primavera. Daí fomos para o tiro. Lembro que com essas modalidades fomos para fora e ganhamos muitos prêmios.”
Exímio atirador, Heinz sempre nutriu o desejo de que o clube pudesse participar das competições de tiro. “Não é toda pessoa que gosta de atirar, isso também é um ponto. Meu esporte sempre foi o tiro, sempre gostei demais, até hoje em dia. Nós começamos com uma arma de pressão, depois mais tarde compramos um ‘tcheco’, arma de fogo mesmo. Foi feito o estande de tiro aqui, o alvo ficava a 50 metros.”

Um pouco antes das primeiras competições de tiro, o clube fez a sua primeira festividade com um reinado de honra. “Como não tinha ainda um rei e rainha para formar o trio das realezas, os sócios decidiram homenagear algumas pessoas com o título de honra. Um ano depois, em fevereiro de 1979, o Primavera fez seu primeiro baile de Rei do Tiro, com atiradores competindo”, revela Heinz.
Ele conta que ele e a esposa já garantiram muitos títulos com a mira certeira e que também puderam representar o clube em várias competições. “Para chegar em troféus e muitas medalhas, nós fomos para fora, fomos para Schützenfest em Jaraguá do Sul, para Timbó, fomos para Blumenau e qualquer outro lugar. No ano passado, na festa do clube, eu me destaquei para atirar a mira bem certa, no meio, para eu ficar rei. Como eu sou um dos fundadores daqui, me senti muito orgulhoso porque ninguém mais bateu esse tiro.”
Dedicação para manter as tradições
Fundado em 23 de setembro de 1978, o Primavera completou 45 anos de história em 2023. Um trabalho árduo feito por incansáveis sócios que sempre desejaram manter as tradições. “Todos os sócios, desde a fundação, continuam a fazer a história. E tudo sempre foi feito aos poucos. Primeiro um pedaço, depois outro, e assim foi indo até ficar tudo pronto”, garante Rubens.
Guiomar relembra que a atual sede, construída anos depois, é um exemplo disso. “Não podemos deixar de lembrar todos os fundadores, todos aqueles que ajudaram, os primeiros sócios, o pessoal do futebol que vinha aqui e suava a camisa. Inclusive, aqueles primeiros sócios que vieram depois, para trabalhar na cozinha, atrás do balcão, fizeram tudo pelo amor à camisa. Aqui ninguém chegou para cobrar alguma coisa, em termos financeiros, mas sim todo mundo ajudava da melhor forma possível. E graças a eles, nós temos essa bonita sede que hoje a gente se encontra.”

Muitas pessoas foram chegando ao longo dos anos para ajudar a construir a história do Clube Primavera. Um deles é o atual presidente, Siegbert Zech, 58 anos, que iniciou seu primeiro mandato em 2012 e sente honrado da longa história mantida com o clube. “Eu não sei exatamente o ano que eu entrei aqui nesse clube, mas eu já era sócio e já tinha sido rei algumas vezes antes do meu primeiro mandato de presidente.”
Mais recentemente, Siegbert foi reeleito e está concluindo seu segundo mandato seguido. Segundo ele, além das festas oficiais do calendário do Primavera, os sócios tentam manter ativas as atividades do tiro e agora trabalham em melhorias da estrutura física do clube que passa por uma reforma. “Queremos dar mais conforto para os sócios e aqueles que nos visitam, nosso desejo é que se sintam em casa. A bocha nesse momento não está ativa, mas o tiro ainda se mantém com nossos atiradores, inclusive vamos começar a construir um novo estande para voltarmos aos campeonatos que anos atrás tinha aqui.”
Além das festas de Rei e Rainha, a festividade de aniversário do clube em setembro já é tradicional também no calendário de eventos de Pomerode. “Essa parte cultural sempre fez parte da nossa história e fazemos questão de mantê-la.”
Para o futuro, Siegbert enxerga como maior desafio trazer sócios jovens que possam manter o legado construído com muito esforço e amor. “O grande desafio é você conseguir sócios jovens. Aqui se falou muitos dos fundadores, mas falta a nova geração. É difícil você atrai-los, porque hoje os clubes de caça e tiro não são atraentes. Ideias sempre se tem, mas colocá-las em prática é complicado. E essa dificuldade de trazer esse público é de todos os clubes.”

Atualmente, o Clube Primavera tem 80 sócios ativos. De acordo com Siegbert, o principal desafio da diretoria é mantê-lo ativo e bem estruturado. “Você faz uma festa, consegue encher, arrecadar, manter as contas ativas e em dia. Mas o objetivo disso cada vez está se esvaziando mais. É uma pergunta muito difícil. Eu particularmente vou ficar muito triste se um dia esse clube se acabar e eu viver pra ver isso, porque eu tenho verdadeira paixão por isso aqui, é impressionante”, declara.
Paixão de Siegbert pelo Primavera que também é compartilhada por Guiomar, Heinz e Rubens. “Me sinto honrado e muito feliz em ajudar a contar essa história”, afirma Rubens. “Como eu fui um fundador aqui, é difícil eu sair, já faz parte da minha vida”, complementa Heinz.
Guiomar acredita que sempre existirão pessoas dispostas a trabalhar e a lutar pela manutenção do Clube Esportivo, Recreativo e Cultural Primavera. “Se nós conseguirmos manter a sociedade hoje como está, da forma como as coisas estão caminhando, já é uma grande vitória. E, claro, a gente sempre vai lutar e trabalhar. Esperamos que a comunidade continue ajudando, prestigiando as nossas festas, se façam presentes, isso para nós é a alegria maior e também com isso a sociedade vai sempre ter um lucro para pensar em futuras ampliações ou melhorias na sede que nós temos. Sempre pensando em oferecer algo para a sociedade, principalmente para os sócios do clube.”
Nossa história preservada através das nossas memórias
1960er Jahre
Die Straße Paulo Zimmermann, an der Ecke das Hotel Central, das Kino Cine Mock, das Geschäft mit Werkstatt von Arno Hass. Der Opelwagen, der auf dem Foto erscheint, gehörte ihm, und gleich dahinter die Rurais „Jeep Willys Wagen“ von Ludwig Basten und Leopold Volkmann. In Pomerode besaßen nur wenige Menschen Autos, so dass sie leicht zu erkennen waren.

2023
Rua Paulo Zimmermann, na esquina o Hotel Central, Cine Mock, loja e oficina do Sr. Arno Hass. O Opel que aparece no registro era de sua propriedade e, logo atrás, as Rurais de Ludwig Basten e Leopold Volkmann. Poucas pessoas tinham carro em Pomerode e, por isso, eram fáceis de identificar.

Agradecimentos
Dirceu José Zimmer (tradução) • Valmor Kamchen • Melanda e Siegbert Zech • Heinz Briese • Rubens Konell • Guiomar Ehlert