Nossa história preservada através das nossas memórias
1908 – Die Aufnahme zeigt einen Teil des Wohnhauses und des Unternehmens der Familie Weege. Zunächst wurde ein Gebäude im Fachwerkstil errichtet, das als Wohnhaus und Geschäftsraum (Laden und Lagerhaus von Gemischtwaren bzw. Kolonialwarenladen) diente. Bereits 1908 wurde das weiße Haus mit Spitzdach fertiggestellt, in dem noch im selben Jahr Hermann Weeges jüngster Sohn Arno Weege geboren wurde. Heute befinden sich auf dem Gelände die Fabrik und der Laden von Schornstein, einer der renommiertesten Brauereien Brasiliens.

2022 – Registro histórico mostra parte da residência e empreendimento da família Weege. Primeiro foi construída a edificação em Enxaimel, que servia como residência e venda (loja e depósito de secos e molhados). Já em 1908 foi concluída a casa branca, de telhado pontudo, onde nasceu o filho mais novo de Hermann Weege, Arno Weege, no mesmo ano. Atualmente, o local abriga a fábrica e loja de uma das cervejarias mais conceituadas do país, a Schornstein.

Na fé, a coragem para assumir o protagonismo
Os primeiros anos da imigração foram bastante desafiadores para aqueles que cruzaram o oceano em busca de novas oportunidades. Na chegada ao Brasil, havia muitos obstáculos, entre eles o período de espera no barracão dos imigrantes (na colônia central) até receberem suas terras demarcadas. Depois, havia a solidão, a necessidade de erguer rapidamente um local para abrigar a família e cultivar a terra o quanto antes em busca do sustento.
Mas, muito além de esperança, essas pessoas trouxeram na mala a resiliência acompanhada pela fé. A pastora da Comunidade Luterana de Pomerode Fundos, Scheila Roberta Janke, desenvolveu uma tese de doutorado sobre o tema: “A fé evengélico-luterana como fator de resiliência para os imigrantes pomeranos no Brasil”.
Ela explica que antes mesmo da fundação oficial de comunidades, que geralmente são marcadas institucionalmente pela chegada de pastores ou construção da estrutura física das igrejas, os imigrantes encontraram maneiras de manter suas crenças vivas. “Foi fundamental o fato de terem trazido consigo suas fontes de fé, como a Bíblia, o Hinário, o livro de oração e ou o livro de devocionários. Num primeiro momento, eles mantiveram a fé acesa através da devoção familiar. Então era comum que lessem, no fim de semana, um texto bíblico, uma prédica que estava nos devocionários e fizessem uma oração em família”, explica.
Foi assim que, diante de uma situação não ideal, os colonos recém-chegados mantiveram a fé para que não sucumbissem. “Claro que naquele isolamento era triste não terem uma palavra de conforto, de estímulo ou de esperança. E na palavra de Deus, na Bíblia e nos devocionários, eles conseguiram manter um pouco dessa espiritualidade.”
No entanto, pastora Scheila destaca não ser possível generalizar. Entre eles, havia os que possuíam uma espiritualidade mais profunda. “Provavelmente, originários de grupos de reavivamento na Europa. Trouxeram essa espiritualidade consigo e continuaram a cultivá-la. Possivelmente foram eles que tiveram a iniciativa de reunir mais famílias nas casas, para rezarem em conjunto.”

Havia também os que se preocupavam mais especificamente com a questão dos ofícios, como batismo, casamento e, principalmente, sepultamento. “Acredito que nesses primeiros anos a questão de não ter um pastor para realizar os sepultamentos era muito difícil, chegava a ser cruel. Eles até se lembravam de como era o rito, mas não tinham nenhum pastor ordenado que pudesse realizá-lo. De alguma forma, tentaram manter a prática, faziam como podiam.”
Além disso, entre os imigrantes estavam pessoas que eram indiferentes à questão, que não sentiam tanta falta dos cultos e das pregações. “Mas no momento de uma emergência ou sepultamento, eles viam a fé como algo que ajudava a superar a perda, o luto, a doença, esses momentos limítrofes da vida.”
A fé provia também esperança, paciência e a manutenção dos princípios, para que a espera, a incerteza e a ansiedade não se tornassem combustíveis para conflitos. O colonizador, Dr. Blumenau, tinha desde o início um olhar voltado para a questão. Mesmo antes da instituição oficial da primeira comunidade, foi ele próprio o responsável por realizar o primeiro culto. “Desde 1850 eram realizados cultos no barracão dos imigrantes e provavelmente nas casas de famílias, ainda que isso não seja considerado oficialmente como fundação de comunidade. Era o que chamaríamos hoje de pontos de pregação”, explica pastora Scheila.

O papel antropológico
Além de uma questão religiosa em si, a formação e convivência em comunidade tinham papel antropológico muito importante para a época, pois marcavam os ritos de passagem, como o batismo, confirmação, bênção matrimonial e sepultamento. “Hoje em dia isso é mais fluido, não existe mais essa necessidade de marcar os ritos de passagem. Mas para os imigrantes terem um mínimo de regularidade na vida deles, precisavam daqueles ritos. Eles ajudavam a dar um sentido para a existência deles, porque viviam muito isolados. Além disso, havia as festividades que estavam ligadas a isso. O casamento reunia as famílias de toda a colônia, era uma oportunidade de encontro e troca de vivência muito importante”, contextualiza.
Impulso para o protagonismo
Os imigrantes, em geral, tinham uma agricultura familiar. Todos os membros trabalhavam no terreno da família, mas raramente conversavam entre si porque havia muitas tarefas a cumprir. “A comunidade era o local em que podiam falar sobre as suas alegrias e tristezas com alguém diferente, que não fosse um familiar.”
A reunião para a realização de orações também se transformava numa oportunidade para debater os problemas sociais da região. Era nesses momentos que preocupações se tornavam coletivas e delas surgia a tomada de decisão, a busca por soluções. “‘Quem sabe a gente precisa pensar na criação de uma escola, ou então chamar uma parteira porque as mulheres estão dando à luz em condições precárias. Quem sabe a gente precisa chamar um médico.’ Eles se organizavam, a comunidade era o espaço em que os debates e decisões aconteciam.”
Pastora Scheila ainda destaca uma questão interessante. Para ela, é preciso ressaltar a postura que os imigrantes tinham diante das dificuldades. Muitas vezes, eles tomaram as rédeas da situação e criavam soluções, sem esperar que outro alguém as encontrassem. Por exemplo, após algum tempo, eles próprios entraram em contato com a Igreja Territorial e com casas de formação para solicitar o envio de pastores. Mas essa organização não se aplica apenas em relação às questões religiosas. “Claro que a situação não era a ideal, mas eles abriram as estradas que não estavam abertas, construíram a igreja que não estava construída, fundaram a escola que não existia. Se eles tivessem caído na autopiedade, não teriam enfrentado os problemas. E a fé deu pra eles forças: ‘vamos enfrentar isso, Deus está conosco e juntos vamos encontrar as soluções para os problemas’. É aí que a fé foi fundamental, porque ela os ajudou a sair dessa situação de marasmo e indiferença para o protagonismo.”

Foi a partir de então que ocorreram a criação de escolas, contratação de pastores, parteiras, fundação de hospitais, auxílio a famílias adoentadas, crianças órfãs e assim por diante. Além de aproveitarem cada orientação e auxílio vindo de fora, como da colônia central, havia muita ajuda mútua. “E é claro que isso tudo tinha uma fundamentação de fé. Nós somos cristãos, não podemos deixar ninguém desamparado, precisamos nos ajudar”, descreve pastora Scheila.
Marcos oficiais
• A Comunidade de Blumenau Centro foi oficialmente fundada em 9 de agosto de 1857, com a chegada do pastor Oswald Hesse.
• Famílias de imigrantes que se estabeleceram onde hoje é Pomerode, mas na época ainda colônia de Blumenau, foram atendidas por Blumenau esporadicamente desde 1862.
• A Igreja de Badenfurt foi fundada em 1864, data que é considerada também a fundação da mesma comunidade. Pomerode foi atendida pastoralmente por Badenfurt desde 1884.
• Já a igreja de Pomerode foi inaugurada em 1º de novembro de 1885.
Nas palavras de um imigrante
“Há muitas coisas que não valorizamos adequadamente enquanto as possuímos. Uma vez que elas não mais existem, percebemos o quanto elas valem. Isso aconteceu comigo e com muitos outros em relação à igreja e escola no Brasil. Na minha aldeia natal havia ambos. Eu não desprezava a palavra de Deus antes, mas confesso que foi só no Brasil que tomei consciência do que significa o culto regular e a ordem eclesiástica. Muitas vezes pensava sobre isso e me sentia triste. Mas meu ânimo se entristecia ainda mais nos domingos. Nenhum sino tocava, nenhuma igreja se abria. A maioria das pessoas trabalhava de manhã e à tarde ficava descansando se não estivessem trabalhando. (…) Eu já vivia três meses no país. Então, numa tarde de domingo, fui ver um de nossa colônia para lhe perguntar algo. (…) ‘Não faz bem viver aqui como um pagão e não poder ir à igreja’, eu disse. Ele olhou para mim e respondeu: ‘É uma pena que não tenhamos uma igreja e um pastor – pelo menos para um bom cristão – mas isso não significa que precisamos nos sentir como gentios. Poderíamos realizar algo como cultos entre nós. Que tal nos reunirmos em uma casa todos os domingos, cantar um hino do hinário e ler um sermão? Eu tenho um belo livro de sermões. Parece-me que você gostaria de algo assim e certamente haverá mais interessados. Fale com os outros e venha me ver no próximo domingo: vamos começar por aí.’ Concordei plenamente, e minha esposa, a quem contei, mais ainda. Ao longo da semana, conversei com alguns que conhecia, também fui a outros. Vivíamos bem separados. Alguns estavam dispostos, outros disseram que só viriam se um verdadeiro pastor viesse e pregasse! Porque senão ele também podia ler sozinho em casa. Outro até zombou: ele não pertencia aos piedosos. (…) No domingo seguinte nos reunimos, cerca de dez pessoas. Nenhum sino tocou, nenhum órgão soou, e mesmo assim nos sentimos solenes. Nós cantamos uma música, então lemos um sermão e uma oração foi lida do livro de orações de Stark. O canto finalizou o encontro. Esse foi o primeiro culto que nós, pobres e abandonados, celebramos na selva do Brasil. O querido Senhor certamente ficou satisfeito com isso e nós éramos devotos, na igreja mais linda não poderíamos estar mais. Quando quisemos voltar para casa, um disse: ‘Façamos assim todo domingo!’ E foi assim que aconteceu. Com o tempo, vieram mais pessoas. Alguns se mantiveram distantes. O local da reunião foi alterado para que cada casa tivesse a sua vez. Muitas vezes não havia espaço suficiente e alguns tiveram que se sentar do lado de fora. Celebramos vários cultos assim”.
(Erinnerungen eines Deutschen Ansiedlers in Brasilien. In: Sonntagsblatt für die evangelischen Gemeinden in Brasilien. Nr. 34, 12. Jahrgang, Februar 1899, s. 133).
Descubra de quem foi o primeiro automóvel do Distrito do Rio do Testo

Foi no ano de 1912 que o primeiro automóvel chegou, por assim dizer, ao Distrito de Rio do Testo, atual cidade de Pomerode.
Mas quem era o proprietário desse veículo? A resposta para esse questionamento viaja diretamente para a biografia de um importante personagem, que está por trás do desenvolvimento comercial e industrial do município, Hermann Weege. Nascido em 1877, Hermann foi o primogênito dos 15 filhos que o comerciante e imigrante alemão Carl Weege teve com a esposa Auguste. Desde a infância, foi incentivado pelo pai a desenvolver o espírito empreendedor que, por muitos anos, transformou simples ideias em grandes negócios.

Na região central de Pomerode podem ser comtemplados até hoje muitos resquícios do que foi a época de ouro da antiga Firma Weege. Foi do comércio de secos e molhados que surgiram novas atividades, produtos e projetos que contribuíram não apenas para a consolidação da marca no mercado, mas também para o desenvolvimento do município.
Nesse primeiro recorte acerca do espírito empreendedor de Hermann Weege, vamos tratar sobre como o ímpeto dele pela inovação começou a construir aquilo que hoje chamamos de mobilidade urbana.
Em 1912, o veículo automotor adquirido por Weege não era nada comum na região. Na época, a ligação entre o Distrito de Rio do Testo e a colônia de Blumenau era precária. Mas ele enxergava uma oportunidade de crescimento e, mesmo tendo que manter o veículo na cidade vizinha por dois anos, decidiu começar uma movimentação para melhorias nas vias.
E se o empresário agora tinha um carro, precisava também de um local para abastecê-lo. Foi então que implantou o primeiro posto de combustíveis com compressor elétrico em meados da década de 1930. O posto ficava anexo ao Complexo Weege, que também era formado pela loja comercial, fábrica de tintas, fábrica de banha, frigorífico, fábrica de latas e caixas, defumador e a fábrica de laticínios.

Incansável pela busca do desenvolvimento local, foi deputado estadual e conselheiro municipal de Blumenau durante a gestão do superintendente Paulo Zimmerman. Além da estruturação de estradas, Hermann colaborou com a construção de pontes e se preocupou em fornecer meios de comunicação que atendessem aos anseios da população.
Agradecimentos
Casa Strutz • Dirceu Zimmer (tradução) • Guia de Turismo e Turismólogo Ronald Kreidel • Historiadora Roseli Zimmer • Jost Weege (in memoriam) • Museu Pomerano • Paraíso Enxaimel Mundo Antigo • Pastora Scheila Janke