O Vale do Itajaí é reconhecido por sua capacidade produtiva, inovação e pela cultura do fazer bem. Mas o que difere o Vale de outras regiões? Sem sombra de dúvida a reposta para este questionamento é: a sua gente!
O grande trunfo da região está nas pessoas que a habitam, homens e mulheres que não costumam esperar que soluções cheguem prontas, que se recusam a aceitar qualquer que seja a derrota. E agora, mais uma vez, o povo mostrou sua força e a resiliência que traz no DNA.
A vida que pulsa através das montanhas verdes e navega pelos imponentes rios esconde o quanto o Vale é marcado por feridas que nunca cicatrizam por completo. Talvez a principal delas seja causada, não pelo ferro, ou pelo fogo, mas pela água.
Quando o tempo fecha, daquele jeito que não há sequer uma pequena brecha para vislumbrar o azul do céu. Aí amigos, é tempo de resiliência mais uma vez.
A “gente” do Vale sabe que céu carrancudo é sinal de problema, pois “aquela gente” também sabe que no Vale não há medida certa, quando o céu vira rio e o rio vira enchente, a terra desliza, a água sobe e o povo corre.
Em questão de dias, horas ou apenas segundos. Basta um piscar de olhos para ver o rio e a lama levarem tudo de mais precioso! A iminência da chegada das águas, o recuo dos rios, o desafio de recomeçar e superar a tragédia que rouba vidas.
Quando a montanha verde desaba e assume o tom barrento do desespero; os vastos e imponentes rios esticam seus braços sobre ruas, casas e cidades e as estradas cedem é a hora em que os gigantes do Vale se erguem.
Como vimos no findar de novembro e começo de dezembro de 2022, o socorro vem das mais variadas formas, mãos a mais para tirar a lama, braços fortes para mover a terra, homens e mulheres treinados para comandar os remos. Caminhões para carregar a mudança, levar entulhos e trazer donativos. Roupas, móveis, comida e água para beber, doações extras de esperança e amor. Prefeituras que dias antes estavam com as ruas inundadas ofereceram maquinário e recursos humanos para ajudar os municípios vizinhos. Empresas dispuseram de suas forças de trabalho para reconstruir pontes, como no caso de Benedito Novo e Doutor Pedrinho, e o restabelecer a opção de ir e vir a moradores ilhados. Pessoas e entidades organizaram ações sociais em uma fração de segundo.
Depois de tudo, é hora de recomeçar, novamente. Quantas vezes já fizeram? Quantas farão? É a vida no Vale. Mas a “gente do Vale” não se acovarda e não se omite. Hora são ajudados, hora ajudam, não é fácil, mas impressionantemente conseguem mais uma vez!
O Vale é um exemplo a ser seguido. Um case a ser estudado. Uma inspiração a ser compartilhada. Bastou a fúria da natureza ir embora para o povo, unido, voltar a reconstruir! Casas limpas, pontes reconstruídas e novos traçados para as vias abertos.
Um trabalho árduo e incansável para que essa seja mais uma tragédia guardada nas lembranças, uma daquelas feridas tratadas para sarar o mais rápido possível. Para que, assim, a vida no Vale possa seguir mais uma vez… Linda, leve e próspera, como deve ser!
Porque “a gente” do Vale sofre, sente e sangra. Mas é o povo do Vale que sabe, como ninguém, o poder do respeito e da compaixão, a força da palavra união.