Foi na escola do bairro onde mora, o Ribeirão Areia, que Isolde Alves de Oliveira, 65 anos, descobriu a sua vocação. Durante os últimos 15 anos dedicou muito amor e carinho ao trabalho de merendeira na Escola de Educação Básica Municipal Duque de Caxias. “Eu comecei na escola em 2008, antes trabalhei em indústrias e também confeitarias da cidade.”
Verdadeira apaixonada pela profissão e pelo lugar em que trabalhou, Isolde se aposentou em setembro. “Desde que comecei na escola, nunca pensei em trabalhar em outro lugar. Foi na Duque de Caxias que eu me encontrei no trabalho e no propósito de vida.”
E o reconhecimento veio por meio de uma linda homenagem prestada pelos alunos, direção e colegas de trabalho, que se reuniram no último dia 18, no pátio da Escola. No mesmo dia, Isolde ganhou muitos presentes, flores e mensagens de carinho como forma de despedida. “Eu não imaginava a surpresa que prepararam para mim. Fiquei tão emocionada que nem consegui falar nada, só abracei e agradeci a todos. Muitos me pediram para ficar e eu me senti muito honrada.”

A ligação dessa simpática merendeira com a Duque de Caxias começou de forma voluntária, um pouco antes de se efetivar na vaga. “Quando ainda era casada, meu ex-marido ajudava na horta e no jardim da escola. A gente fazia docinhos para datas especiais como Natal e Páscoa e um dia me pediram para dar uma mãozinha na cozinha”, relembra.
Depois, veio o pedido para que Isolde fizesse o processo seletivo para admissão em caráter temporário (ACT). “Na época eu substitui uma colaboradora que precisou se afastar por problemas de saúde na família. Logo em seguida, abriu a oportunidade de fazer o concurso público, eu passei e logo me efetivei como merendeira.”
Na cozinha da escola, aprendeu a cozinhar para muitas crianças e adolescentes e pôde acompanhar a evolução e a qualidade do que é servido. “Muita coisa mudou ao longo dos anos e a merenda também teve acréscimo de pratos e ingredientes no cardápio. A comida que servimos na escola é excelente, não tem o que falar. Desde os produtos de qualidade, até a variedade que é ofertada para os alunos.”

Alguns pratos eram sucesso absoluto para cerca de 200 a 250 crianças para quem Isolde ajudava a preparar a merenda todos os dias. “A comida servida sempre é muito gostosa, porque é feita com muito amor e carinho. Mas nos dias de macarronada e de bolo, eu precisava dobrar as receitas pra servir todo mundo. Adorava vê-los comer com vontade o que eu tinha preparado com tanto amor”, afirma agradecida.
Uma das coisas que Isolde mais sente orgulho é de ter tido o privilégio de ver muitas crianças crescendo e se formando. “Quando eu saio na rua, vou ao mercado ou outro lugar aqui do bairro, a criançada já vem de longe gritando pra me abraçar. Tem gente que eu servi merenda quando era criança e hoje traz os filhos para a escola.”
Aproveitando as primeiras semanas do descanso merecido, Isolde garante que já deu tempo de sentir saudades de todos. “Tenho lembranças muito boas da escola, vou sentir muita falta das crianças, porque eu amava o que eu fazia lá e já estou sentindo muita falta de todos eles.”

Emociona e com lágrimas nos olhos, agradece todos que passaram pelo seu caminho e com quem teve o privilégio de conviver durante todo esse tempo. “Desejo que Deus abençoe a todos. E que as pessoas com quem eu convivi nunca se esqueçam de mim, porque vou lembrar-me de cada um, todos os dias. Quando estiver bem velhinha, ainda vou me recordar que ajudei a dar comida para essas crianças e que vi muitos crescerem.”
Para o futuro, a aposentada não descarta o desejo de voltar com o trabalho voluntário. “Isso me faz muito bem. Por enquanto quero passear, visitar algumas pessoas e descansar um pouco. Sinto-me como se estivesse de férias e logo vou precisar voltar”, revela.