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76 anos de superação, conquistas e festividades

Clube Cultural Recreativo e Esportivo Testo Central contou com a ajuda de muitas mãos para construir sua história

Seguindo o roteiro pelos clubes de caça e tiro de Pomerode, o destino deste caderno fica em um dos maiores bairros da cidade. Fundado em 15 de julho de 1947, o Clube Cultural Recreativo e Esportivo Testo Central completou 76 anos de história em 2023.
Criado sem um local para chamar de “seu”, o clube teve a ajuda de muitas mãos para conseguir superar desafios e poder comemorar as conquistas ao longo das mais de sete décadas. Atualmente, fica localizado na SC-421, nº 9944, e conta com uma construção que chama a atenção de quem passa pela rodovia.

Em 1963, a ideia de ter uma sede própria foi colocada em prática após a diretoria do clube adquirir o terreno em que ergueria o imóvel. Um ano depois, com o local pronto, os sócios fizeram a primeira assembleia geral. Na oportunidade, foi decidido que o primeiro presidente da nova sede seria o vizinho que vendeu o terreno.

Sobre quem presidiu o clube anteriormente a essa data, não há informações. “O primeiro livro ata não está entre nós, ninguém sabe onde está ou onde ficou. No início da nova sede, não sabemos quantos sócios tínhamos, o que sabemos é que 84 pessoas assinaram o livro ata na primeira assembleia”, conta o atual presidente, Erno Hackbarth.
De 1964 até 2023, pouco se alterou na estrutura. No entanto, muitas mudanças foram visíveis aos olhos dos sócios do clube.

Há 12 anos com a mão na massa

O atual presidente do CCRE Testo Central, Erno Hackbarth, de 63 anos, está no cargo desde 2011. Genro de um dos sócios-fundadores, ele e a esposa, Sigrid Hackbarth, levam no coração o desejo de preservar as histórias do clube.

Dedicação: Atual presidente e esposa, Erno e Sigrid Hackbarth ingressaram na Sociedade para continuar o legado de família. Foto: Marta Rocha

Há 12 anos, ele está à frente da administração, mas sua relação com o clube começou 20 anos atrás. Seu sogro, Arwin Manfred Woide (já falecido), além de ter sido um dos sócios-fundadores, foi também porta-bandeira durante duas décadas e meia.

Por isso, Erno e Sigrid decidiram continuar a herança deixada por Arwin. “Como ela queria ajudar o pai e a mãe, nós decidimos ingressar no clube também. Eu entrei como integrante do Conselho Fiscal. Depois, passei para segundo tesoureiro e, posteriormente, para primeiro tesoureiro. Por fim, assumi como presidente, cargo que ocupo até hoje”, lembra.
Manter a tradição é o sonho de qualquer integrante de clubes de caça e tiro que tenha feito parte da trajetória daquela sociedade. Com Erno, não poderia ser diferente. No entanto, com o passar dos anos, as dificuldades foram surgindo e a preocupação em pensar no futuro começou a se instalar no peito.

O presidente volta alguns bons anos na memória e compara o passado com o presente. “Antes, as pessoas se tornavam sócios do clube para participar dos eventos e dos esportes. Gostávamos quando tinha uma festa de rei ou de rainha, por exemplo. Hoje em dia, o clube não pode mais depender somente das festas internas, é preciso fazer eventos particulares.”

Dos desafios que o Testo Central já precisou enfrentar, Erno destaca três: as enchentes de 2008 e 2011 e um forte vendaval que atingiu a sede. No entanto, o orgulho que sente pela história do clube foi um dos principais motivos para não desistir e seguir adiante. “Já desanimamos algumas vezes, mas tivemos muita ajuda das pessoas e não deixo isso se perder”, reflete.

Registro: Ata da primeira assembleia geral ordinária realizada na nova sede. Foto: Marta Rocha

Na cozinha, receitas passadas por gerações

Quando se fala em boa comida, um dos nomes mais recordados é o de Hanna-lora Dahlke, de 64 anos, uma das doceiras mais famosas de Pomerode. Além de já ter deixado um grande legado na gastronomia da cidade, uma parte da sua trajetória também se junta com a do CCRE Testo Central.

No começo dos anos 2000, o clube não estava indo bem financeiramente. Foi por volta de 2003 que Sigrid e o marido conversaram com Hanna-lora para avaliar a possibilidade de ajudar a reerguer a sociedade.

Junto com o marido, Ilmo, a grande doceira prontamente aceitou o pedido e disse que fariam o que estivesse ao alcance do casal. “De lá em diante, a situação foi melhorando, fizemos muitas pasteladas e cucadas. Na época, a cozinha ficava no andar de baixo onde tinham dois fornos. Outros dois fornos ficavam no andar de cima, então precisávamos subir e descer a escada muitas vezes, era muito difícil”, lembra.

Além disso, precisou enfrentar outros desafios para que a gastronomia do clube florescesse. “Faltava bastante utensílios de cozinha, aí eu e meu marido trazíamos de casa o que faltava e, assim, fomos evoluindo. Aos poucos, foram comprando mais materiais e fomos nos virando a ponto de realmente a sociedade crescer.”

Gastronomia: Casal Hanna-lora e Ilmo Dahlke ajudaram o clube a se reconstruir. Foto: Marta Rocha

Antes de aceitar o desafio, o casal não era sócio do clube, mas, aos poucos, conheceram cada vez mais Erno e Sigrid e alinhando o sistema de trabalho. “A Hanna-lora sempre nos ajudou muito, ela sempre organizava as festas. Quando tinha um evento, íamos na casa dela, ela anotava o que tínhamos que comprar, nós comprávamos e ela e o marido cozinhavam tudo”, acrescenta o presidente.

Hanna-lora participou de diversos bailes e eventos do clube, bem como casamentos, batizados e aniversários. “O cardápio dependia de quem contratava, fazíamos o que eles pediam”, explica.

Pelo grande trabalho que fez ao longo dos anos, ela foi contatada por Frau Dickmann em 2015, a qual estava interessada em construir um restaurante e assumir como ecônoma. “Eu a incentivei, disse que era um ponto bom, que só precisava caprichar. Graças a ela e, principalmente, ao empenho da família Hackbarth, o clube se tornou o que é hoje.”

Para a cozinheira e doceira de mão cheia, saber que fez parte dessa história é sinônimo de orgulho. “Inclusive, em julho, eles fizeram uma homenagem para mim, foi inesquecível e muito emocionante. Com certeza, levarei para a minha vida toda.”

União e dedicação no esporte

O CCRE Testo Central tem como principais atividades o Tiro ao Alvo, Tiro ao Pássaro e Bolão, ganhando destaque ao longo dos anos. Além disso, promove os bailes de escolha de rei e rainha de cada modalidade.

O atleta Jonathan Prochnow, de 36 anos, é hoje o responsável pelo Bolão do clube e leva consigo todo o ensinamento recebido através da família. “Tudo começou com meu avô e minha avó que, desde a década de 1960, já participavam das festividades do clube, do Bolão e do Tiro. Isso continuou com meu pai e meu tio e, por influência deles, eu, meu irmão e meus primos também começamos a frequentar o clube em festas e, principalmente, no Bolão.”

História: Quadros antigos registram bailes de rei e rainha do clube. Foto: Marta Rocha

Desde pequeno, Jonathan acompanhava o pai nas competições. Quando os jogos acabavam, ele aproveitava para entrar na pista e brincar. Por isso, não se recorda da primeira vez que efetivamente jogou, mas tem uma lembrança muito viva com o esporte. “Lembro que o Bolão do clube estava desativado por uns dois anos e, em agosto de 2003, reunimos a família e amigos para reativarmos a modalidade no clube. No começo, era para ser uma integração, um encontro de amigos. Em 2004, sem pretensão nenhuma, decidimos participar de um campeonato e justo no primeiro ano já fomos campeões. Desde lá, o Bolão do clube só cresceu, foram inúmeros títulos.”

Para ele, os bons resultados são consequência de muita dedicação e união entre os atletas. “Da turma que começou em 2003, alguns integrantes ainda estão ativos, temos uma equipe muito unida. E, claro, temos muita dedicação, o bolão não é um esporte fácil, não se aprende de um ano para o outro, são muitos anos praticando e buscando a excelência”, evidencia.

Quando Jonathan começou a jogar efetivamente, em 2003, ainda conseguiu praticar o esporte em família. “Meu avô, meu pai, meu tio, meus dois primos, meu irmão e eu jogávamos, éramos sete atletas. Para mim, foi muito gratificante ter tido a oportunidade de jogar com meu avô e meu pai, isso ficará na minha memória para sempre.”

Além disso, ouvia as diversas histórias vividas por eles no clube. “Meu avô me contava que a cancha de duas pistas tinha sido fundada em 1969. Naquela época, a sociedade tinha muitos atletas, mas, com o tempo, muitos pararam de jogar. No fim dos anos 90, por ter poucos atletas participando, eles decidiram parar a equipe. No entanto, em 2003, como tínhamos muitos sócios que já participaram anteriormente, decidimos reabrir a cancha para incentivar de novo o clube e manter as tradições”, destaca.

De 2004 a 2009, os atletas treinaram e competiam em somente duas pistas. Porém, desde 2006, eles começaram a se organizar para construir quatro novas pistas. “Todos os atletas que fizeram parte naquela época ajudaram muito na construção, a diretoria se empenhou muito também e, em 2010, terminamos nossas quatro pistas.”

Segundo Jonathan, um dos principais objetivos é fazer com que o clube e o Bolão continuem firmes. Hoje, há quatro atletas da equipe masculina que estão jogando a menos de um ano. “Estamos fazendo de tudo para passar a experiência para que continuem no esporte e tragam mais amigos”, expõe.

O que será do futuro dos clubes de caça e tiro?

Quando questionado sobre como será daqui para frente, o atual presidente admite que manter a tradição dos clubes de caça e tiro não é uma tarefa fácil. Atualmente, o CCRE Testo Central conta com aproximadamente 200 sócios. No entanto, segundo Erno, cada vez menos jovens estão interessados em se associar.

Gerações: Bolonista Jonathan Prochnow tem no sangue o amor pelo esporte. Foto: Marta Rocha

Pensamento também compartilhado por Hanna-lora. Ela revela que, enquanto estiver viva, o clube estará vivo também. “Mas, infelizmente, está difícil de conseguir mais jovens para não acabar a tradição e cultura. A nossa geração e os nossos filhos continuam, mas os netos, por exemplo, já não se interessam mais.”

Além disso, acredita que os clubes de caça e tiro fazem parte de Pomerode e declara que não consegue imaginar a cidade caso eles não existissem. “Onde seria feita uma festa de casamento, de confirmação, aniversário e assim por diante? Os nossos clubes são necessários para a nossa cultura, tradições e por tudo o que temos em Pomerode”, enaltece.

Sobre as dificuldades, Jonathan diz que são enormes, mas que é preciso continuar a lutar e incentivar para que cada vez mais pessoas conheçam os clubes. “Nesta parte, estaremos sempre de portas abertas para quem quiser conhecer. Se todas as sociedades abrirem suas portas, tem tudo para que a gente consiga continuar.”

Para eles, o CCRE Testo Central pode ser considerado uma segunda casa. “A sociedade representa muito para mim. Além do esporte e dos títulos, o que mais levamos é os amigos. Dentro do clube, nós fizemos muitas amizades e isso é o principal de tudo”, salienta o atleta.

Ao finalizar, Hanna-lora deixa um recado especial: “Já recebi muitos elogios e, por isso, agradeço a Deus pelo dom que ele me deu de poder fazer comida para os outros. Eu nunca fiz um evento sem sair de casa e fazer minha oração, eu pedia a Deus para que ele me desse sabedoria e entendimento para fazer as coisas certas. Não me arrependo de nada, eu e meu marido fizemos tudo com muito amor e carinho.”

“Tenho muito orgulho da história do CCRE Testo Central, por isso não deixamos isso se perder”, finaliza Erno.

Recordações: pistas de Bolão com parte dos troféus conquistados durante história do clube. Foto: Marta Rocha

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