Em 2012, José Roberto da Silva precisou enfrentar um dos momentos mais difíceis da vida dele: a morte da mãe. Até hoje, a imagem de estar com ela dentro da ambulância a caminho do hospital continua viva nas memórias.
Por muito tempo, o sentimento de culpa por não saber como ajudá-la o acompanhou no dia a dia. “Sempre tive vontade de seguir carreira militar, mas por diversas razões acabou ficando de lado”, conta.
Quatro anos depois da perda, José, que nasceu em Blumenau, se mudou para Pomerode. No entanto, foi em 2018 que descobriu um fato que mudou sua vida: a possibilidade de se voluntariar como bombeiro. “Sempre tive em meu coração e em meu sangue a ajuda ao próximo, sempre foi algo muito forte dentro de mim. Inclusive, já fiz outros trabalhos voluntários como o Projeto Sorriso e com o Caps, ambos daqui.”
Com isso, logo iniciou o curso de formação, que contemplou mais de 400 horas entre aulas específicas e estágios obrigatórios na Corporação de Pomerode. “No início, foi muito desafiador, pois a responsabilidade era muito grande. Ajudar pessoas que eu nem conhecia gera uma tensão maior, principalmente aquelas que estão em uma situação de extrema vulnerabilidade e dor e, por vezes, até entre a vida e a morte”, lembra.
Em cinco anos de atuação no Corpo de Bombeiros Voluntários, José presenciou diversas ocorrências de relevância e destaque. “Estive na triste catástrofe ocorrida em Presidente Getúlio onde pude estar com mais voluntários na busca por pessoas desaparecidas e também atuei na ajuda humanitária no Natal de 2020 em meio a uma pandemia sem igual, a de Covid-19.”
Porém, a ocorrência que até o momento mais marcou a vida dele como bombeiro voluntário foi a de um atropelamento de uma mulher na reta final da gestação que, infelizmente, não resistiu. “Os médicos conseguiram fazer o parto de urgência da criança que sobreviveu e nasceu saudável e forte. Meses depois, pude ver esse bebê no colo do pai no local onde eu trabalhava e confesso que minhas pernas estremeceram, principalmente por saber que minha equipe teve um papel fundamental para que essa criança pudesse ter a oportunidade de viver”, enfatiza.
Durante o período na corporação de Pomerode, José se especializou como socorrista, além de ter feito outros cursos específicos na área. “Estou agora como coordenador de Comunicação Social dos bombeiros, mas também participo de outras frentes de trabalho internamente. Faço plantões pelo menos duas vezes por semana ou mais quando necessário.”

Além de dedicar parte do seu tempo aos Bombeiros Voluntários, é personal trainer, gestor de mídias sociais, administrador do Pommernzug e voluntário na Rede Estadual da Saúde do Homem (Resh). “Confesso que é muito desafiador e demanda muita organização e responsabilidade para conseguir equilibrar tudo. Isso sem falar da vida pessoal e a familiar que carece de um tempinho especial.”
Mesmo com a correria, ele entende que sua missão de vida sempre foi a de ajudar pessoas. “Pra mim, ser voluntário é acima de tudo um propósito de vida, é uma filosofia. Minha vida mudou muito depois que entrei nos bombeiros. Hoje, consigo ser uma pessoa mais humana, trato melhor as pessoas e consigo lidar melhor com as diferenças e tipos de perfis de pessoas. Sem falar na questão emocional, pois com o tempo aprendi a lidar melhor com as dores e feridas emocionais, não somente minhas como também das outras pessoas. Me sinto muito mais humano e mais maduro como homem e como ser humano”, destaca.
Por isso, ele deixa um convite para que a comunidade possa compartilhar do mesmo sentimento. “Crianças e adolescentes, juntem-se ao nosso maravilhoso Projeto Bombeiro Mirim e Aspirante. E a todos que se sentem aptos a ajudar o próximo sem distinção, cogitem se tornar um bombeiro voluntário, até porque nunca sabemos quando vamos precisar de uma ajuda e, às vezes, essa ajuda é feita dentro da nossa própria casa ou próximo da gente. Vale muito a pena, é algo transformador”, finaliza.