Uma receita centenária, que há gerações é mantida pela Família Danker, se transformou em um negócio promissor.
É na propriedade localizada no finalzinho do Ribeirão Luebke, quase divisa com Indaial, que o casal Helga e Guilo se dedicam à produção de melado, muss, geleias e açúcar mascavo. “A história começou com o meu bisavô, Heinrich Danker, passou pelo meu avô, meu pai, por mim e agora uma das minhas duas filhas, a Magrit e o meu genro, o Marcos, pretendem tocar adiante.”
Guilo se orgulha de ter iniciado a produção artesanal quando tinha apenas 13 anos. “Meu pai teve que se afastar por problemas de saúde e eu passei a tocar o negócio da família. Depois eu nunca mais parei. Muitas pessoas me dizem como a minha geleia é gostosa e alguns me pedem qual o segredo. Eu sempre falo que é o cuidado e a dedicação, que já começa com a escolha da cana-de-açúcar”, garante.

No passado, a produção era direcionada apenas para o consumo próprio e somente uma pequena parte ficava com os vizinhos e parentes. “As pessoas comprovam potes grandes e latas para deixar guardado em casa. Atualmente, são potes menores, com quantidade reduzida. Porém, as nossas tachadas nunca sobram, as vezes até ficam encomendas para trás.”
Há algumas décadas, Guilo foi incentivado a buscar por capacitação para profissionalizar a fabricação artesanal. “O Nilton Machado, que era da Agricultura, sempre estava aqui, disse que nos ajudaria a buscar recursos para reformar o galpão, me incentivou a fazer cursos, nos ajudou com os rótulos, as licenças e a otimização da produção.”
Além do galpão todo reformado, o moedor da cana, que era de madeira e com tração animal, foi substituído por um mais moderno, com motor. “Claro, a forma de fazer e o sabor, esses não mudaram. Por exemplo, nosso açúcar mascavo, ainda é seco ao sol, como no passado. Sempre acompanhamos de perto cada fervura das tachadas de melado e das geleias, para garantir a qualidade de tudo o que é feito aqui”, explica.

Além dos quase dez mil pés de cana-de-açúcar cultivados na propriedade da família Danker, as frutas também são colhidas no sítio. “Tangerina, goiaba, laranja, tudo o que colhemos aqui, descascamos e congelamos para preparar as receitas ao longo do ano. E a base de melado é o que dá o gostinho daquele muss que era feito pelos nossos avós, tudo sempre com muito carinho”, afirma Helga.
A propriedade, que faz parte da Rota do Imigrante, encanta a todos pela beleza. “Já somos acostumados com a rotina e esse cantinho para morar. Sabemos que somos privilegiados com tudo o que temos aqui”, declara Magrit.

A proposta dela e do marido é dar continuidade ao trabalho dos pais, ampliando a produção e fazendo algumas melhorias. “Hoje nos dedicamos ainda a outras atividades, mas nossa proposta é trabalhar totalmente na propriedade e na produção artesanal que está na família há gerações. Tenho muito orgulho de ver meus pais ainda na ativa e, por isso, nossa responsabilidade e alegria em manter esse legado são tão grandes”, complementa Magrit.