É na simplicidade da propriedade localizada no Vale do Selke que o casal Elaine Schneider e Osni Pokriwieski se dedica a um cultivo carregado de muito colorido, delicadeza e uma beleza especial. Nos cerca de 20 mil m² de área plantada é possível ver as mais variadas espécies de flores e plantas ornamentais para corte.
Osni, conhecido como Ott, chegou a Pomerode há 20 anos. Da terra natal, Presidente Getúlio, herdou o amor pelo trabalho na agricultura e a esperança de uma vida melhor. “Lá a minha família plantava de tudo um pouco, mas principalmente fumo, e criava gado. Trabalhei por um tempo como marceneiro e em uma fecularia. Depois comecei a plantar trigo para arranjos florais.”

Nessa época, e incentivado a dar um futuro melhor para os quatro filhos, decidiu que era hora de se mudar. Nos planos estava o sítio em Pomerode e a oportunidade de cultivar flores que seriam comercializadas para arranjos em floriculturas de Blumenau e região. “As variedades que plantamos aqui são usadas para coroas, buquês, decoração e artes florais.”
Há dez anos, Elaine Schneider se juntou ao companheiro e a proposta de vida não era apenas unir as escovas, mas largar o trabalho como doméstica para ajudar na lida com a horticultura. “É muito diferente a rotina que temos aqui. Trabalhamos bastante, mas somos presenteados com muita paz e alegria.”
A rotina do casal é diária, incluindo os fins de semana, já que a safra de espécies diferentes ocorre o ano todo, tanto nas estufas como as em campo aberto. “Agricultor não tem folga. A gente começa por volta das 8h e fica no meio dos canteiros até não enxergar mais nada”, revela Elaine. “O trabalho é todo manual e tem que regar as plantinhas também”, complementa Osni.
Boca-de-leão, Lisianthus, girassol, crista de galo, além de murta, cheflera e muitos outros tipos usados para ornamentação de buquês e coroas. São mais de 20 espécies diferentes cultivadas em safras que duram 90 dias, entre plantio e colheita, ao longo do ano. “O sítio é só flor. Algumas plantamos as sementes, outras compramos as mudinhas. Na alta temporada chegamos a plantar dois mil pés de girassóis por semana, para se ter uma ideia.”

Entre os desafios do cultivo o casal fala sobre as mudanças climáticas ao longo do ano, ondas de calor e frio, muita chuva, a rotina pesada e carga de agrotóxico necessária para produzir a perfeição. “No passado não se tinha esse cuidado com os EPIs, hoje se fala mais disso. Mas o cultivo que temos aqui não tem muito como fugir, por mais que a gente cuide, quando a pessoa compra, quer a flor mais bonita.”
Das mudanças ao longo dos anos, pela busca maior por saúde, além da inclusão de EPIs, algumas espécies vêm sendo substituídas por outras com um manejo mais fácil, assim como a implantação de outras alternativas. “Eu tenho cerca de 70 angolistas soltas no sítio, um técnico uma vez me disse que são ótimos para controle de pragas porque comem centenas de insetos por dia.”
No sítio o casal ainda planta aipim, batata, verduras e tem muitas árvores frutíferas. Além das angolistas, galinhas, patos e gado também fazem parte da rotina. “Tudo o que um sítio tem que ter. Mas a fonte de renda são as flores, restante é pra consumo. Na época das frutas, por exemplo, tudo o que colhemos, dividimos com os amigos e a família.”
Mesmo com toda peleja enfrentada ao longo dos anos, o casal é enfático em dizer que não pensa em fazer outra coisa e que encontra a felicidade todos os dias. “Nunca pensamos em parar. Claro, cuidamos de tudo sozinhos e, aos poucos, com a idade e a saúde, teremos que diminuir. Mas gostamos de trabalhar com a terra e colher flores”, afirma Osni. “Temos muito orgulho de mostrar quando a safra está bonita, a ponto de corte, é algo muito gratificante. Tem que ter amor pelo que faz, mas não trocaria isso aqui por nada”, garante Elaine.
