Morador de Pomerode, Thiago Alberto Maass, de 31 anos, sempre teve o desejo de ingressar na polícia. Por isso, quando se formou no Ensino Médio, decidiu iniciar na faculdade de Direito com o objetivo de ter mais vertentes quando fosse prestar, no futuro, um concurso público na área de segurança. Mal sabia ele que, anos depois, estaria lotado no Canil do 10º⁰ Batalhão de Polícia Militar.
Trajetória
Logo no início do Ensino Superior, Thiago conseguiu um estágio no Pelotão da PM em Pomerode. “Vivenciei de perto esse magnífico trabalho e, dentre muitos policiais com quem atuei, tive o prazer de conhecer o Tenente-coronel Alexandre Alberto Kleine, que era o comandante do Pelotão na época, o qual foi uma grande influência pra mim.”
Em 2015, quando estava no último ano da faculdade e estudando para a prova da OAB, um edital da Polícia Militar abriu. “Consegui meu certificado de aprovação da OAB e segui nas etapas do concurso conforme avançavam. Em maio de 2017, iniciei o Curso de Formação de Soldados na cidade de Blumenau”, lembra.
Trabalhou durante aproximadamente um ano e meio em Pomerode e, depois, seguiu para Blumenau. “Na época, já tinha o desejo de trabalhar com cães e, para isso, teria que ir para lá. Após cerca de dois anos de atuação na nova cidade, fui convidado a estagiar no Canil do 10º⁰ BPM, onde atuo desde abril de 2021. Além de fazer alguns cursos, participei de diversos seminários particulares sobre o mundo do adestramento canino. Sou também pós-graduado em Cinotecnia Policial.”

Melhor amigo de quatro patas
Thiago já treinou dois cães. O primeiro deles foi o Iron, o qual chegou à vida dele a partir de um australiano que mora em Imbituba. “Ele tem criação da raça Pastor-Belga, chamada Michael Szita, que são de uma linhagem de sangue holandesa conhecida como KNPV. O Iron chegou na nossa casa com 35 dias, por meio do meu grande amigo Cleber Zimmerman que conseguiu ele pra mim”, relata.
Na época, ainda trabalhava em Pomerode e, juntamente com o Cabo Tiago Saldanha Steffen, que treinava um irmão de uma ninhada anterior, começou a treiná-lo para busca e captura. “Foram três anos de treino e, durante esse período, consegui uma certificação do americano Jeff Schetler, muito conhecido e influente no mundo da buscar e captura mundial. Infelizmente, antes de eu conseguir trabalhar com o Iron na polícia, ele foi envenenado no fim de 2021. Com certeza, foi muito mais que um cão de trabalho pra mim, foi minha escola no mundo do adestramento para cães de serviço e meu melhor amigo por todo esse tempo, convivendo com toda minha família e sendo parte dela.”
Já em maio de 2022, Thiago ganhou o Kaiser, seu atual companheiro de serviço. “Ele já tinha um ano de idade e estava na casa da mãe dele, mas tinha uma capacidade muito grande para ser um excelente cão de serviço. Como eu estava sem cão para trabalhar, peguei ele e comecei a realizar os treinamentos. No momento, está atuando no serviço e em operações, tendo inclusive já localizado drogas”, destaca.
Para o policial militar, poder trabalhar com cães na PM é um sonho realizado. “Afinal, são nossos melhores amigos, sendo em casa ou no serviço. Também é uma grande responsabilidade, pois além de nos qualificar e estar sempre prontos, temos que também deixar nossos parceiros em condições para realizar o seu trabalho da melhor maneira e sempre pensando no seu bem-estar. O melhor de tudo é ver a felicidade e orgulho do meu filho ao dizer que o pai dele trabalha na polícia com o Kaiser.”
Ao olhar para sua trajetória, o sentimento de gratidão pelas pessoas que o ajudaram a chegar até esse momento aparece. “Quero agradecer a toda minha família pelo total apoio e suporte que tiveram comigo dentro dessa caminhada em direção ao meu sonho, principalmente o amor da minha vida Amanda, minha esposa, parceira e melhor amiga, obrigado por tudo, principalmente por me apoiar nos tempos difíceis. Também meus pais que foram as pessoas que me ensinaram tudo, tudo que sou hoje é por causa deles.”
Os cães da PM são viciados em drogas?
Essa é uma pergunta que Thiago recebe de forma constante. No entanto, ele destaca que isso é um mito. “Normalmente, quando temos pouco tempo para explicar, dizemos que eles são viciados na recompensa que recebem ao achar a droga, usualmente uma bola. No entanto, a verdade é que o objetivo do treinamento com cães é fazer com que eles amem estar trabalhando e sejam recompensados pelo trabalho que realizam. Afinal, quem ama seu trabalho não precisa trabalhar nenhum dia na sua vida, e o mesmo vale para os cães”, explica.
Para quem também quer ter um cão como melhor amigo, o policial deixa um recado. “Lembre-se que você e sua família vão ser tudo o que ele tem. Vocês serão as coisas mais importantes para ele. Por isso, se dediquem, procurem lugares e profissionais corretos, estudem e entendam o comportamento canino. Não tratem eles como um ser humano, as duas espécies têm muitas diferenças comportamentais e principalmente de aprendizado. Por último e não menos importante, deixo aqui uma frase que dita muita coisa no mundo de adestramento canino, trazido pelo Cabo Steffen: ‘O ego afasta, o cão une’.”