Ele ficou conhecido por ser o maior “harleyro” do mundo, percorreu milhares de quilômetros e perdeu as contas de quantas cidades e países já conheceu sobre duas rodas. O que poucos sabem é que a paixão de Dauzelei Benetton Pereira, o Benetton, como é conhecido pelos amigos, começou há 56 anos quando ganhou uma bicicleta dos pais. “Era um presente de Natal, que ficou comigo por quatro meses. Depois troquei por um veículo que, na época, era chamado como ‘motor’.”
O ano era 1965 e Benetton conta que o pai tinha vontade de colocar fogo na motocicleta porque achava algo muito perigoso. “Eu consertava esse motor a semana inteira, andava não mais que 15 minutos e fundia tudo. Foi então que peguei a doença do motociclismo e daí para frente ninguém mais me segurou. Meu pai tinha muito medo e achava perigoso, e até hoje eu não me canso de dizer para quem gosta de motocicleta que tem que ter muito respeito e responsabilidade”, afirma.
Daquele “motor” em diante, Benetton não parou mais, mesmo com as dificuldades para encontrar motocicletas, peças e oficinas para conserto. “Talvez tenha sido isso que tornou tudo mais apaixonante. Você tinha que descobrir um bom torneiro para poder andar com essas motocicletas. Já hoje em dia é possível viajar para qualquer lugar do mundo com muito conforto.”
Benetton lembra com carinho de algumas motocicletas que teve e garante que, se pudesse, as compraria apenas para mantê-las como raridades de museu. Mas as suas favoritas sempre foram as da marca Harley-Davidson. Uma preferência que lhe garantiu o título de maior “harleyro” do mundo. “Isso é coisa que os americanos falaram e que acabou pegando, mas sou um dos milhares de harleyros do mundo. E, acima de tudo, sou motociclista, pra mim não importa cilindrada, nem marca ou modelo”, declara.
Dos locais que visitou, guarda muitas lembranças e aventuras. Algumas delas das viagens feitas na conhecida Route 66 e pela América Latina, sem contar as centenas de amigos, entre desconhecidos e famosos, que fez pelo caminho. “Tive a oportunidade de conhecer Peter Fonda do clássico filme Easy Rider (Sem Destino) e Willie G. Davidson, neto do criador da Harley-Davidson. Mas todos os amigos que fazemos são importantes, a gente não difere e sabe que quando precisarmos, estarão lá.”
E esse é um desafio que Benetton sempre lança para todo mundo, mostrar algo que faça o maior número de amigos do que a paixão por motocicletas. “Eu conheço muitas pessoas por esse mundão afora, mas isso é tudo em função do motociclismo. São verdadeiras amizades, porque podem passar anos e quando encontro as pessoas é uma verdadeira celebração.”
Benetton, que é geólogo de profissão, escolheu Pomerode para morar e está há seis meses na cidade. Foi no Manga Rock Bar que conversou com a equipe do Testo Notícias. “Vim para cá pela qualidade de vida, pelo trânsito menos caótico e a valorização da cultura. Sem contar um povo hospitaleiro e que trabalha muito, uma cidade linda e muito importante, não apenas para o cenário catarinense, mas no Brasil.”
Para quem está começando no universo do motociclismo, Benetton faz questão de reforçar que não é apenas customização, marca, modelo ou o estilo do motociclista, mas o respeito e o cuidado no trânsito, com doses extras de paixão pela estrada. “Eu gosto tanto de motocicleta que quando vou fazer exame de sangue, já sei o resultado: 40% de gasolina, 40% de óleo e 20% de sangue. Isso é o que representa a motocicleta para mim”, finaliza.
