Vendedor de algodão-doce não pretende desistir da profissão mesmo após agressão
Por Redação TN

Ainda abalado: vendedor conversou com nossa reportagem um dia após sofrer a agressão.
Ainda muito abalado e buscando palavras para explicar o que havia lhe acontecido, Arizoli Samuel do Prado, de 64 anos, conversou com nossa equipe na segunda-feira, dia 22, enquanto caminhava às margens da SC-421, nas proximidades de Testo Central Alto, em direção a Blumenau. Ele estava voltando para casa após uma experiência que lhe deixou com ferimentos físicos e emocionais. Perante a dor da lembrança, não falou muito acerca de sua história, mas contou com orgulho que vende algodão-doce na região de Pomerode há mais de 30 anos.
Assim como fez durante todo esse período, na manhã de domingo, 21, ele saiu de casa para mais uma jornada de trabalho, com o peso do canudo repleto de algodão-doce suportado no ombro. Arizoli seguia pela Rua Leopoldo Alsleben, em Testo Central, quando foi abordado por dois jovens. “Eles pediram o dinheiro, naquela hora eu só tinha vendido para R$ 60,00, mas dei pra eles. Ainda assim me machucaram”, descreve o senhor com os olhos marejados e a voz embargada.
Com o braço esquerdo ferido, ele caminhou por mais algum tempo antes de conseguir ajuda. O gentil senhor lembra de ter recebido a ajuda de uma família, que acionou o Corpo de Bombeiros. Após o atendimento inicial prestado pela corporação, ele foi conduzido ao Hospital e Maternidade Rio do Testo. “Eles me disseram que o braço está trincado”, explica.
Agora, com o braço esquerdo suportado por uma tala e todo enfaixado, ele reflete sobre o ocorrido, ainda sem acreditar na gravidade do fato. Quando questionado se nas três décadas em que vende o produto na região algo parecido já havia lhe acontecido, Arizoli baixa a cabeça e responde instintivamente: “nunca, nunca”. No dia em que conversamos com ele, o vendedor estava voltando para casa, pois os algodões-doces já estavam murchos e “não seria possível vendê-los”.
A medida que a conversa avança, Arizoli conta um pouco mais sobre a rotina, o trajeto feito por ele a pé, em cada um dos dias de trabalho, que compreende a distância entre o bairro de Testo Salto, em Blumenau, e o Centro de Pomerode, até as imediações do Zoo Pomerode. O algodão-doce não é de fabricação própria, ele revende e presta contas ao fim do dia.
Mesmo após a experiência traumática, Arizoli não pretende deixar a atividade de lado. “Vou continuar vendendo sim. Nada parecido tinha me acontecido enquanto trabalho aqui na região de Pomerode, e eu sou muito grato ao povo dessa cidade, pois sempre fui tratado com muito respeito e gentileza”, complementa.
Após o ocorrido, muitas pessoas sentiram-se indignadas com a violência da situação e se dispuseram a contribuir com ele. Arizoli disse a nossa redação que não possuía um número de telefone, nem lembrava de cabeça um que pudesse passar para contato. Dessa forma, quando perguntamos como as pessoas podiam fazer para ajudá-lo, caso tivessem interesse, disse com muita simplicidade: “eu estou sempre por aqui caminhando na rua, entre Blumenau e o Zoológico”.
Relembre
No domingo, dia 21, a Polícia Militar foi acionada para atender a uma ocorrência de roubo e lesão corporal no hospital de Pomerode. Os policiais conversaram com a vítima, a qual relatou que estava vindo a pé de Blumenau para vender algodão-doce em Pomerode e que, por volta das 10h30min na Rua Leopoldo Alsleben, dois homens de bicicleta lhe pararam para comprar o produto. Em certo momento, eles pediram para que o vendedor entregasse todo o dinheiro que tinha, cerca de R$ 60,00, lhe agrediram com um pedaço de pau no braço e, posteriormente, saíram de bicicleta em direção à Rua dos Atiradores.
A vítima continuou andando, mas em certo momento pediu ajuda, sendo então atendida pelo Corpo de Bombeiros Voluntários de Pomerode e levado ao Hospital e Maternidade Rio do Testo. Diante dos fatos, foi confeccionado boletim de ocorrência para investigação.