A partir do momento que uma família decide entrar para a fila de adoção, alguns passos precisam ser tomados. Um deles é a participação no Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Pomerode (Geaap), projeto que iniciou na cidade em 2010 e tem como objetivo preparar os pretendentes à adoção para a chegada dos seus filhos e, posteriormente, auxiliá-los nas dúvidas e dificuldades durante o processo de adaptação familiar.
Desde 2015, a coordenação do grupo fica a cargo da Rejeane Cristina Rahn Menegatti, psicóloga de formação e pós-graduada em psicopedagogia. De acordo com ela, o objetivo principal do Geaap é preparar, acompanhar e esclarecer dúvidas acerca do processo da adoção e da individualidade e subjetividade de cada família, além de acompanhar, orientar e auxiliar nas dificuldades presentes na adaptação familiar dos pais por meio da adoção.
Nos encontros mensais, são trabalhados temas que antecedem e sucedem a adoção. De um lado, são abordados os preconceitos existentes com relação à adoção, a ansiedade das famílias para a chegada de seus filhos, o preparo afetivo, financeiro e de familiares, o processo de filiação, maternidade e paternidade.
De outro, há a explicação sobre a organização após a chegada da criança ou adolescente, como estabelecer uma rotina familiar, dificuldades escolares, desenvolvimento infantil e comportamentos característicos para cada faixa etária, birras e manhas, traumas infantis e métodos educativos.
Nas páginas anteriores, foi abordada a diferença entre o perfil dos pretendentes e das crianças e adolescentes disponíveis para a adoção, principalmente quanto ao fator idade. Por isso, esse também é um assunto debatido durante os encontros. Como resultado, as famílias estão alterando os perfis cadastrados, ampliando a idade aceita. “No senso comum, quando se fala em adoção, as pessoas remetem abrigos a locais com crianças pequenas (bebês). Para realizar esse trabalho com as famílias, esclarecemos através de pesquisas que o público em abrigos não é de bebês”, esclarece Rejeane.
Além do fator idade, outros quesitos também são discutidos, como a aceitação de grupos de irmãos. No entendimento da assistente social da 1ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Pomerode, Esther Claudia Siebert Zipf, é durante os encontros do grupo que os pretendentes percebem a importância de abrir o perfil. Mesmo assim, alerta que essa decisão não pode ser tomada por impulso. Por isso, há uma avaliação para determinar se a família realmente está preparada para tal mudança. “Eu sempre falo que eles devem chegar ao consenso e decidir aquilo para que realmente estão preparados”, expõe.
Diante de toda a experiência conquistada por Rejeane, ela deixa um recado para quem deseja se tornar um pretendente à adoção: “Destaco que será necessário foco, persistência, paciência, tolerância, empatia e doses diárias de amor, pois você nunca mais estará só. Filho, pai e mãe são para sempre.”