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Resgatando melodias do passado: um realejo construído para reviver uma tradição

Ivan Blumenschein conta como funciona o instrumento

Em Pomerode, uma tradição centenária ganha uma nova vida através das mãos de Ivan Blumenschein, um apaixonado por música e história que decidiu construir seu próprio realejo, um instrumento raro e cheio de peculiaridades. Há dez anos, Ivan embarcou em uma jornada que misturava arqueologia musical e engenharia, movido pelo desafio de resgatar um pedaço da cultura dos imigrantes alemães. “A maior dificuldade foi a falta de informações.”

Então ele se debruçou sobre livros do século XIX sobre construção de órgãos e dedicou cerca de 400 horas para dar forma ao seu projeto. “Eu só tinha o padrão do rolo, as notas, e uma escala musical limitada, principalmente em tonalidades maiores e algumas menores. É como um piano sem várias teclas”, relembra Ivan.

Ivan, que nunca havia construído um instrumento antes, viu no realejo uma forma de homenagear suas raízes culturais. “Eu sempre tive algum contato com música, mas com a construção de instrumentos, não. A graça foi justamente essa descoberta, essa aventura de fazer algo novo”, comenta.

Com o instrumento pronto, o realejo se tornou uma atração nos desfiles da Festa Pomerana e na Osterfest, e neste ano também encantou visitantes da Nugali durante o período natalino. Segundo ele, a repercussão foi extremamente positiva. “O pessoal gosta muito, principalmente aqueles que já viram um realejo antes e ficam encantados com a nostalgia que ele traz.”

Ivan revela que a curiosidade sobre o instrumento é tanta que já houve quem oferecesse o valor de um carro para comprá-lo. Porém ele não o vende, prefere compartilhar informações para quem deseja construir o seu próprio realejo

Foto: Marta Rocha/Testo Notícais

Ivan explica que para tocá-lo, não é apenas uma questão de girar a manivela. “Como ele é todo mecânico, a velocidade da manivela dita o andamento da música. Manter a rotação constante é crucial, senão a melodia perde o compasso”.

Quanto ao futuro, Ivan já está trabalhando em um novo realejo para outra atração, prometendo mais novidades para os aficionados por música e história. “Estou construindo um realejo um pouco diferente para uma nova atração.”

Com um sentimento de nostalgia, Ivan comenta que a arte de tocar e conservar o realejo parece estar em vias de extinção no Brasil. “Nos últimos 20 anos, não vi nenhum realejo funcionando no país. O último que encontrei estava em estado lastimável em São Paulo. Sem manutenção adequada, esses instrumentos não sobrevivem”, lamenta.

Uma missão carregada de tradição

No início de dezembro Jackson Siewert, de 28 anos, recebeu uma missão: aprender a tocar o realejo para encantar os visitantes da Nugali. Ele conta que, apesar de ser novato no instrumento, o realejo sempre esteve presente em sua vida cultural, especialmente durante festas típicas de Pomerode. “Apesar de ter visto e me encantado, nunca tinha tocado.”

Com o desafio em mãos, Jackson viu uma oportunidade de mostrar um pouco das tradições preservadas na região. “Como eu sou daqui, nasci aqui, essas coisas acho que fazem parte da cultura também, da tradição alemã. Então pra mim sempre é uma grande honra poder aprender uma coisa nova.”

Antes do realejo, Jackson revela que não tinha experiência formal com instrumentos musicais. “Tentava quando pequeno, claro. Ali meus três, quatro anos, tentava tocar flauta, mas isso obviamente não dava certo”, relembra com um sorriso no rosto.

A principal dificuldade, segundo Jackson, é manter constante a rotação da manivela do realejo, garantindo que a música saia em um tom harmonioso. “Esse é o principal desafio, tentar manter a rotação média. Não pode ir muito rápido, porque senão a música acelera demais, ou muito devagar e sai do compasso”, explica.

Para Jackson, o trabalho de resgatar e apresentar o som do realejo vai além da música. “Pra mim é poder resgatar um instrumento que faz parte da história dos imigrantes que vieram para a região. E poder mostrar essa história para os pomerodenses e, principalmente, para os visitantes. É sempre muito gratificante”, afirma.

Quer saber um pouco mais da história desse instrumento? Confira a entrevista com Ivan Blumenschein.

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