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Outubro Rosa: Batalhas muito além de um diagnóstico

Após descoberta do câncer, Rafaella Zimmermann Sothe conta sobre as batalhas enfrentadas

Em 2020, Rafaella Zimmermann Sothe, 43 anos, iniciou aquela que seria a mais dura batalha de sua vida. O inimigo: um câncer de mama que apareceu de forma discreta e sorrateira, mas que mudou drasticamente sua vida. “Na época eu ainda morava em Balneário Camboriú. Eu senti um nódulo muito pequeno em uma das mamas. Então procurei um ginecologista que me indicou um exame de ultrassom. Lembro que com o resultado, o médico me disse para ficar muito tranquila, que não era nada grave”, relembra.

Era bem no início da pandemia, logo depois daquele exame, Rafa e a família se mudaram para Pomerode. “Em julho, meu peito ficava quente, e isso era algo muito estranho. Aí eu falei pro Vicente, meu marido, que iria no posto de saúde, pra pedir um ultrassom só como desencargo de consciência.”

Dessa vez, o resultado havia sido muito diferente e o laudo já acusava três tumores na mama. “Fui orientada a procurar um mastologista com urgência. Fiquei sem chão, porque na época meus filhos eram bem pequenos. Meu marido, durante todo o tempo, esteve ao meu lado, me dando muito amor e carinho, isso foi fundamental.”

Rafa fez um exame para validar se os nódulos eram câncer e, como o resultado foi inconclusivo, a professora foi então encaminhada para a realização de uma biópsia. “Em 15 dias, o laudo confirmou se tratar de um carcinoma invasivo. Por si só, esse termo já é assustador e avassalador.”

Daquele dia em diante, Rafa iniciou uma verdadeira luta pela vida. Ela relembra que os primeiros dias de incerteza e as dificuldades da nova rotina foram muito grandes, com a cirurgia para retirada dos tumores e as sessões de quimioterapia e radioterapia. “Na época eu tinha meus filhos pequenos, o Davi com nove anos e o Levi tinha apenas dois. Não fosse o apoio incondicional, todo o carinho e cuidado do meu marido e deles, não sei se teria suportado tudo o que eu passei.”

Alegria: nome da boneca que Rafaella ganhou de presente, um dos muitos gestos de carinho recebidos ao longo do tratamento. Foto: Marta Rocha/Testo Notícias

Após as primeiras batalhas vencidas, Rafa já estava naquela fase de acompanhamento, para avaliar uma possível recidiva, e com esperança que tudo já tinha ficado para trás. “Eu sempre digo que o câncer não dói, mas o tratamento e os efeitos colaterais são avassaladores, fisicamente e psicologicamente. Nessas horas é que temos a certeza que apenas o amor pode curar tudo.”

No segundo semestre de 2023, Rafaella sentiu um novo nódulo, dessa vez na mama direita. “Eu fazia os acompanhamentos e os exames periódicos. Logo depois comecei com uma tosse muito estranha, tomava os remédios e não passava. Um raio-x acusou aquilo que a gente mais temia: o câncer tinha virado metástase.”

Além do nódulo da mama, o câncer tinha retornado também no pulmão de Rafaella e na cabeça. “Tive que retomar as quimios. Na época, já trabalhava na Escola Hermann Guenther, nos anos iniciais. Era o mês de outubro, exato o mês de luta contra o câncer. Então o diretor Jelson, muito querido, reuniu as crianças para falar sobre a doença e contar que meu cabelo iria cair.”

Então, um pouco antes do início das sessões de quimioterapia e sabendo que Rafaella perderia o cabelo, seus alunos do 4° ano resolveram cortar “mechinhas” de cada um e doar para a professora como demonstração de apoio. Rafaella recebeu mais de 20 mechinhas das crianças que, apesar da pouca idade, compreenderam que a perda de cabelo seria mais uma fase dolorosa naquele momento. “Eu chego a me emocionar quando lembro da atitude deles tão pequenos, foi algo inexplicável e muito emocionante.”

Antes do fim do semestre, os alunos fizeram questão de estarem presentes no momento que ela raspasse o cabelo. Além disso, cada criança cortou uma “mechinha” do cabelo de Rafa e levou para casa como lembrança. “Aquela foi uma dose de esperança e força para tudo que viria depois. Sempre me lembro de cada um deles.”

Logo após as homenagens, Rafa precisou se afastar da sala de aula porque os tumores da cabeça estavam lhe causando perda de movimentos, tonturas e outros problemas. “Tinha dias que eu não conseguia falar, desmaiava, não tinha equilíbrio, perdia toda a movimentação. Foi um período muito cruel”, conta.

Combustível para seguir: é no amor dos filhos e do marido que Rafaella Zimmermann Sothe encontra forças na luta contra o câncer. Foto: Marta Rocha/Testo Notícias

Foi uma época em que Rafaella ficou mais vulnerável, com dores constantes, já não tinha certeza se conseguiria suportar e seguir lutando pela vida. “Mas eu também sabia que não podia desistir. No começo desse ano, mudei algumas coisas na minha rotina, principalmente com a alimentação e fui atrás de tratamentos alternativos, como a medicina integrativa. Acho que essa vontade de viver e todas as mudanças no meu dia a dia que me ajudaram a continuar nessa luta.”

Rafaella segue nos tratamentos e continua afastada do trabalho para recuperar as energias e poder voltar a fazer o que mais ama. Desde a descoberta do câncer, também faz o acompanhamento com a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Pomerode. “Elas são tão pra frente, nos deixam tão bem. Têm os cursos, as massagens, os encontros, as fisioterapias, não tem nem o que falar do suporte que dão a cada paciente que procura por ajuda das voluntárias, é maravilhoso.”

Para o futuro, Rafaella não vê a hora de poder fazer tudo o que teve que deixar de lado para tratar o câncer. E deixa um recado potente. “Ninguém nunca saberá o dia de amanhã e não saberemos se ainda estaremos aqui. Por isso, temos que viver com todas as nossas forças e com doses extras de alegria, sem nunca esquecer de amar aqueles que são tão especiais para nós. Para o futuro, quero continuar ao lado do meu marido, ser uma mãe presente, ver meus filhos crescerem e também voltar pra sala de aula, educar me faz muita falta.”

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