terça-feira, 10 de junho de 2025
14 C
Pomerode
14 C
Pomerode
terça-feira, 10 de junho de 2025

O resgate das melodias da família

Com apenas 11 anos, Willian Roepke encanta ao tocar sua sanfona

Na localidade de Testo Alto, em Pomerode, a música ressoa como um elo entre gerações, através das mãos talentosas do pequeno Willian Ariel Roepke. Com apenas 11 anos, o menino já encanta plateias com sua habilidade no acordeon, instrumento também conhecido na região como sanfona ou gaita.

A história de Willian é marcada por uma herança familiar, que transcende o simples tocar de um instrumento, é uma verdadeira homenagem ao passado e uma esperança para o futuro.

A paixão pela sanfona começou quando Willian, ainda aos cinco anos, visitou o túmulo de seu bisavô, Oswaldo Gaulke, um músico autodidata que dedicou mais de vinte anos de sua vida a tocar e alegrar os corações com sua gaita. “Naquele dia ele disse que quando fosse maior, também iria tocar esse instrumento”, relembra o pai, Wilmar Roepke.

Inspirado pela foto do bisavô com seu instrumento, Willian manifestou o sonho de seguir seus passos, um desejo que foi inicialmente acolhido com uma gaitinha de brinquedo, mas que rapidamente se transformou em algo mais sério. “Era uma gaitinha pequena. Depois, quando o Willian tinha oito anos compramos a primeira gaita para ele.”

gaita pomerode
Amor pela música: por mais de 20 anos, Oswaldo (in memoriam) deixou seu legado como instrumentista. Foto: Arquivo Pessoal

Após Willian ganhar sua primeira sanfona de verdade, aquele presente selou seu compromisso com a música. “Eu chorei a primeira vez que vi o Willian tocar a gaita, eu sempre gostei muito de ver meu marido tocar também”, declara sua bisavó, Cilly Gaulke, entre lágrimas.

Com o incentivo constante dela e o apoio da família, ele começou a aprender a tocar, enfrentando o desafio de lidar com um instrumento pesado e quase do seu tamanho. “O mais difícil é a posição dos dedos. Atualmente tenho três gaitas diferentes”, afirma o menino.

gaita pomerode
Lembranças: Willian com seu primeiro instrumento e Cilly com a gaita que era do falecido marido. Foto: Marta Rocha/Testo Notícias

Cilly guarda com carinho as memórias do marido tocando na varanda de casa, sentado em sua cadeira de balanço azul, viu em Willian a continuidade de um legado que parecia ter se perdido entre as gerações. “O Oswaldo ficava por horas naquela cadeira tocando, era o que ele mais gostava de fazer.”

Willian não chegou a conhecer o bisavô, que faleceu antes do seu nascimento, mas as histórias do músico são recordadas por toda a família. Oswaldo tocou por mais de 20 anos, aprendeu sozinho e se apresentava em eventos e familiares e em baile. “Às vezes a banda tinha três, outras vezes quatro e até sete músicos. Ele botava a gaita atrás da bicicleta e ia até os lugares onde eram feitas as festas”, conta Cilly.

gaita pomerode
Em família: Willian ao lado da oma Lenita, Vanusa (mãe), Victoria (irmã), a bisavó Cilly Gaulke, Wilmar Roepke (pai) e Joel Roepke (opa). Foto: Marta Rocha/Testo Notícias

A família de William é um verdadeiro mosaico de emoções e histórias. O pai, Wilmar, e a mãe, Vanusa, sempre apoiaram o talento do filho. Já a “oma” e o “opa”, Lenita e Joel Ropecke, e o tio Udo, não só incentivaram como também se empenharam para recuperar, ao lado de Cilly, uma sanfona que pertenceu ao bisavô e que havia sido vendida. “A última gaita que ele usou foi comprada novamente recentemente e vai precisar de alguns reparos, antes que o Willian possa usá-la sempre.”

Outros instrumentos também foram adquiridos e agora estão nas mãos de Willian. O menino sanfoneiro tem um professor renomado, Thiago Pellense, de Blumenau, que o orienta toda quarta-feira. “Eu também treino em casa, todos os dias, ele me passa a música e os princípios e eu vou praticando até a próxima aula.”

gaita pomerode
Começo: primeira aula de Willian foi no dia 22 de abril de 2021. Foto: Arquivo Pessoal

Com uma dedicação que vai além das aulas, Willian pratica diariamente, organizando sua semana com uma lista de músicas para cada dia, e já teve a oportunidade de tocar com a banda Os Montanari, uma experiência que ele descreve com grande entusiasmo. “Em Piratuba, eu pude tocar com eles pela primeira vez, e se tivesse oportunidade, tocaria outras vezes.”

Willian começou suas apresentações aos nove anos, tocando em eventos familiares, na escola, e até mesmo na prefeitura de Pomerode. Para ele, tocar acordeon representa a capacidade de trazer felicidade para as pessoas. “Se pudesse usar uma palavra, seria alegria, gosto de ver as pessoas felizes.”

Seu futuro na música parece promissor, e ele já sonha em seguir carreira e continuar tocando com bandas renomadas. “Hoje não sei dizer qual a minha música preferida para tocar, mas sei que quero seguir carreira porque a música é muito mais que um passatempo pra mim.”

gaita pomerode
Foto: Arquivo Pessoal

Já a bisavó, prestes a completar 88 anos, vê o talento de Willian como um recomeço, uma forma de reviver as melodias que seu marido tocava de cabeça. “Estou muito contente que alguém da minha família começou a tocar, isso é muito importante para mim, é um recomeço dessa história”, ressalta Cilly.

Seu maior sonho? Que a música continue a unir a família e que Willian e talvez outros bisnetos também possam manter viva a tradição e amor pela música. “Eu me emociono todas as vezes que o vejo tocando. É o único que toca gaita, nem os filhos ou os netos quiseram aprender. Por isso, sempre o incentivei a seguir a carreira do meu marido.”

Proibido reproduzir esse conteúdo sem a devida citação da fonte jornalística.

Receba notícias direto no seu celular, através dos nossos grupos. Escolha a sua opção:

WhatsApp

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui