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O olhar de quem recebe uma segunda chance para ser feliz

Leonardo Bodenmüller foi adotado com dois anos e meio e expõe o que isso significou em sua vida

Durante todo o Caderno Especial, foi possível conhecer os relatos daqueles que estão à espera de encontrar o filho tão desejado, quem conquistou essa dádiva e de envolvidos em diversas fases do processo de adoção. Mas, quando falamos nesse assunto, nem sempre nos atentamos à experiência daqueles que já estiveram do outro lado dessa fila, esperando para serem adotados. 

O que sentem ao olhar para os pais que lhe deram uma nova chance de ser feliz? Para aqueles que lhe mostraram o amor, foram compreensivos, sinceros e carinhosos e, ainda por cima, lutaram e lutam com todas as forças para fazer com que os traumas, tão presentes no passado das crianças e adolescentes que já estiveram disponíveis para a adoção, ficassem para trás?

Essas diversas emoções e também o sentimento de gratidão são relatadas por Leonardo Bodenmüller, de 22 anos, um entre milhares de jovens adotados no Brasil. Foi em 2002, quando tinha dois anos e meio, que Leo ganhou a chance de ter uma família. 

Kátia e Silvio Bodenmüller já tinham uma filha, de 10 anos, quando entraram para a fila de adoção, em maio de 2002. Em agosto do mesmo ano, foram avisados sobre a possibilidade de adotar Leo e não pensaram duas vezes. Como era muito pequeno, ele não recorda dos primeiros momentos com os pais e a irmã. A memória começa a se tornar vívida quando tinha em torno de três a quatro anos. Dessa época, lembra das festas de aniversário, das visitas rotineiras dos avós e também de acompanhar o pai enquanto ele roçava a grama de casa. 

Em 2007, quando Leo tinha sete anos, os pais adotaram uma menina da mesma idade. O detalhe de estarem na mesma fase poderia ter se tornado um problema para a convivência da família. No entanto, foi justamente o contrário. “Ela era mais no canto dela e eu no meu. Imagino que para ela foi mais complicada a adaptação, porque já era mais velha e tinha lembranças da família de origem, mas para mim foi mais tranquilo”, recorda.

Pouco tempo depois, em outubro de 2008, Leo recebeu a vinda de um novo irmão na família, dessa vez um menino de dois anos. Sobre as adoções feitas pelos pais, admite que nunca avisavam quando isso ocorreria e vinham com a surpresa, mas “sempre era natural e nós recebíamos como irmãos, por isso acabamos nos adaptando”.

Agora, olhando para trás, percebe a importância de ter tido a oportunidade de ser adotado. “Significa tudo pra mim. Ter uma família, receber carinho e amor. É incrível, fico até emocionado, não tenho nem como agradecer”, confessa. 

Vendo o homem que se tornou, entende que, se não fosse pelos pais, seria uma pessoa completamente diferente. Das tantas lições que aprendeu com eles, a que mais lhe marcou ocorreu ainda na infância. Leo sempre teve o costume de se rebaixar, porém foi aprendendo aos poucos o valor que tinha.

“Eu via as crianças fazendo as atividades da escola e me achava muito burro, acreditava que não ia conseguir, mas meus pais sempre me motivavam e me davam todo o apoio necessário.” 

Por isso, ao analisar toda a trajetória que teve e também a dos seus irmãos, pensa, com toda a certeza, em seguir os caminhos dos pais e adotar também. Para as famílias que desejam se tornar pretendentes, mas ainda estão com receio, ele afirma para não esperar e fazer o quanto antes. Mesmo que há insegurança pela criança e adaptação, há muitos corações que precisam de amor, carinho e merecem um lar e uma família. 

Para Kátia e Silvio, os pais que lhe deram tudo o que precisava, ele finaliza com um recado mais que especial: “Pai e mãe, a gratidão que eu tenho por vocês é do tamanho do céu, não dá para contar. Eu amo muito vocês, do fundo do meu coração.”

Proibido reproduzir esse conteúdo sem a devida citação da fonte jornalística.

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