Em fevereiro de 2022, o mundo se deparou com uma notícia a qual chocou a população de vários países. No dia 24 daquele mês, a Rússia invadiu e atacou a Ucrânia, iniciando uma guerra que se estende até os tempos atuais.
Desde lá, os ucranianos procuram por voluntários para lutar ao lado do país e combater os ataques da Rússia. Contudo, se engana quem pensa que somente os nativos podem atuar na guerra.
Dentre os estrangeiros que se voluntariaram para lutar, o morador de Pomerode, Dionas Martins Rochembach, decidiu ir até o país para prestar apoio ao povo ucraniano. “Fiquei cerca de três meses na guerra que pareciam três anos. O tempo lá passa muito devagar”, comenta.
Dionas permaneceu na cidade de Kherson e fez parte da companhia de assalto na guerra. “Durante a noite, eu e meus colegas ficávamos na linha de frente e, quando era necessário, retraíamos cerca de 30 quilômetros para fazer uma capacitação ou um treinamento. Era muito cansativo.”

Ele conta que estudou macroeconomia no Brasil e virou suplente de vereador. Com isso, Dionas conheceu o Instituto Mises Brasil. “Posteriormente, percebi que poderia agregar mais e ajudar a Ucrânia na luta por liberdade. Entendi que era necessário dar a minha contribuição, então me juntei com um amigo do Rio Grande do Sul e fomos para o país”, destaca.
O voluntário lembra que o momento mais desafiador enfrentado na guerra foi quando os colegas brasileiros saíram em uma missão, enquanto ele ficou como suporte do grupo. “Eles atravessaram o Rio Dniepre e eu fiquei no outro lado. Em um certo momento, a equipe foi atingida por gás, bombas e drone.”
Neste dia, alguns soldados ucranianos morreram e voluntários brasileiros acabaram ficando feridos. “Levou em torno de 48 horas para resgatarem os meus colegas. Acho que seria menos agonizante para mim se estivesse junto com eles, pois, estando do outro lado do rio, eu não conseguia os ajudar”, acrescenta.
Depois de um certo tempo, Dionas optou por voltar para o Brasil, mas sempre lembra dos colegas que ficaram na guerra. “Confesso que ficaria mais tempo servindo na Ucrânia. Porém, minha companhia havia sido quase toda dizimada e havia chances de eu ser o próximo.” A partir desse momento, ele decidiu que voltaria para a família em Pomerode.
O voluntário revela que foi muito gratificante colocar os pés em solo brasileiro novamente. “Abraçar os familiares depois dos três meses foi algo inexplicável. Na guerra, você vê a morte de perto e aprende a dar valor à vida. Ela começa a ter outro sentido”, acrescenta.

Mesmo voltando para Pomerode, Dionas continua buscando métodos para ajudar a Ucrânia. “Eu faria tudo novamente. Então, para continuar fazendo a diferença de alguma forma, sempre busco divulgar as informações do que está acontecendo na guerra contra a Rússia. Continuar falando sobre isso, mesmo sendo longe de onde estamos, é muito importante”, finaliza.
Um mês após o primeiro ataque da Rússia, a Ucrânia criou um site para recrutar soldados estrangeiros que desejam se voluntariar para ajudar o país na guerra.
Com a luta completando dois anos, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou que mais de 31 mil soldados do país foram mortos na guerra contra a Rússia. Além deles, os óbitos de quatro brasileiros foram confirmados até novembro de 2023.