Você preserva alguma tradição deixada por seus pais ou avós? Ter uma cuca fresquinha em qualquer celebração ou encontro, almoçar em família aos domingos tendo um bom marreco recheado como prato principal, marcar presença nos clubes de caça e tiro ou mesmo ter a rotina e costume de cuidar do jardim? É difícil pensar em Pomerode e não lembrar de alguma dessas ações tão simples, mas que já perpassaram muitas gerações.
É com esse intuito que o casal de artesãos Jaime e Jenete Cristofoletti, de 54 e 46 anos, respectivamente, fabrica diversos itens em madeira, sendo muitos deles amplamente conhecidos, como as famosas rodas d’água e as réplicas das antigas indústrias agrícolas.
Mas de onde eles tiveram a ideia de fabricar esses produtos? Boa parte da inspiração surgiu da vivência de Jenete. Como seu avô tinha um engenho de bois e o pai, Oswaldo Gaulke, possuía toda a energia à base da roda d’água, ela cresceu experimentando esses momentos e colecionando memórias. Por isso, decidiu perpetuar uma parte de sua vida. “É muito gratificante poder resgatar a história dos nossos antepassados e poder mostrar para a geração de hoje como era a vida deles”, conta.
Diante disso, a história do casal como artesãos começou há alguns anos, em 2006, quando, junto com um primo, decidiram iniciar a caminhada nesse ramo. “Por problemas de saúde, ele teve que encerrar suas atividades conosco”, expõem.
No início, somente produtos básicos eram oferecidos, como serraria simples, engenho simples e ferraria. Com o tempo, conseguiram construir o próprio galpão, criar outros modelos e fazer mais projetos. Hoje, a lista de produtos oferecidos é grande e vai desde seis modelos de réplicas (engenho com bois, serraria com serra traçador e serra pica-pau, serraria com marcenaria, atafona com socador de grãos, ferraria com homem e farinheira), rodas d’água de trinta centímetros a quatro metros de diâmetro, até brinquedos, tratador e casinha de passarinhos.
Dentre todos eles, dois se destacam entre os mais pedidos: as réplicas e as rodas d’água, item que tem muitas finalidades, além de trazer um novo visual para o local que o recebe. “Das encomendas de rodas d’águas, a maioria é para oxigenação da água e estética da lagoa, lagos ornamentais e, inclusive, para fabricação de energia elétrica”, explica Oswaldo.
E esse produto não é exclusivo somente para os clientes, isso porque o casal possui cinco rodas d’águas na propriedade em que vivem e onde está o galpão destinado à produção. “Uma fica na beira da rodovia e funciona como nosso ponto de referência. Outra está no lago embaixo da loja, uma na saída de água, essa para estética, uma no lago do jardim e outra na lagoa para oxigenação da água. Há também uma réplica em frente da loja para visitação e apresentação de como tudo funciona.”
Seja qual for, há sempre uma tradição ou vivência passadas através das gerações. Em Pomerode, muitas histórias já são conhecidas e outras ainda estão escondidas, mas o carinho e amor pelos antepassados está sempre presente no coração de quem mora na cidade mais alemã do Brasil.