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Nas surpresas da vida, um degrau na busca pela superação

Mãe conta como foi a descoberta da perda auditiva do filho de oito anos

“Quando o otorrino me mostrou o resultado da audiometria, confesso que fiquei alguns segundos paralisada, me perguntando como ninguém tinha percebido, questionei se o exame estaria certo”.

É dessa forma que Roberta Flohr, de 42 anos, relata a reação que teve quando soube do diagnóstico de perda auditiva/surdez do filho, Joaquim Flohr Biz, com então sete anos.

A descoberta foi uma surpresa, já que Joaquim não apresentou nenhum atraso ou dificuldade de fala e na escola, ou mesmo nunca teve dor de ouvido ou otite, por exemplo. “Nada que fizesse eu ou os médicos que atendem ele suspeitarem que pudesse ter algum grau de perda auditiva/surdez”, explica Roberta.

O diagnóstico ocorreu após realizar acompanhamento com um otorrinolaringologista para tratar uma sinusite. Após o término, o médico sugeriu que fizessem uma audiometria para acompanhamento. “Joaquim foi diagnosticado com perda auditiva/surdez neurossensorial moderada (com perda de 41dB ou mais) bilateral. Fizemos vários exames de sangue e de imagem para descartar alguma doença, má formação ou tumor que pudessem ter causado essa perda, e todos os exames estavam normais, ou seja, a perda auditiva/surdez dele é considerada congênita, mesmo ele tendo passado no teste da orelhinha na maternidade. O próprio médico se surpreendeu com o resultado”, conta a mãe.

Quando recebeu a notícia, Roberta não entendeu como pôde não ter percebido nada. No entanto, logo foi acalmada pelo médico e entendeu que esse seria somente um pequeno obstáculo. “O otorrino me disse que ele usaria um aparelho auditivo para ouvir melhor e que estava tudo bem. Compreendi que tínhamos um problema, mas também tínhamos uma solução. Como técnica em óptica, no meu trabalho eu atendo muitas crianças que precisam de correção visual e acho que isso me ajudou a entender e aceitar o diagnóstico de forma tranquila.”

Experiência: Joaquim se adaptou rapidamente ao uso dos aparelhos auditivos. Foto: Arquivo pessoal

Posteriormente, um novo desafio foi encontrado. Ao contar para Joaquim que ele teria que usar aparelho auditivo, a primeira reação dele foi de negação. “Quando o fonoaudiólogo começou a explicar sobre todas as tecnologias que o aparelho tinha, ele começou a ficar mais interessado. Quando ele colocou e começou a falar, ele disse: ‘eu estou ouvindo a minha voz’. Foi emocionante e mágico como a adaptação dele foi tão rápida e natural”, lembra.

Em dois dias de uso do aparelho, ele não queria mais tirar. Hoje, com oito anos, Joaquim acorda, logo coloca os aparelhos e, depois, só tira pra tomar banho e, por fim, para dormir. “Ele nunca se sentiu incomodado ou com vergonha, parece que o aparelho já faz parte dele. Algumas pessoas olham, ficam curiosas, fazem perguntas e ele responde super tranquilo, diz que usa aparelho para ouvir melhor.”

Como, para ele, era normal ouvir de forma reduzida, o pequeno nunca tinha reclamado de nada, já que não tinha como saber que algo não estava certo. “Depois de começar a usar o aparelho auditivo, percebi ele menos ansioso, estressado e cansado. Agora, sei que esses comportamentos eram em razão do enorme esforço auditivo que ele fazia sem perceber. Hoje em dia, se por algum motivo ele precisa ficar sem o aparelho, logo perde o interesse e diz que se sente melhor utilizando”, relata.

Companheirismo: Roberta contou sobre todo o diagnóstico do filho. Foto: Laura Sfreddo/Testo Notícias

Segundo Roberta, o diagnóstico tardio de Joaquim é uma exceção à regra e trouxe algumas questões a serem investigadas, tendo em vista que nem os médicos acreditavam como ele estava perfeitamente oralizado e sem dificuldades na escola com este grau de perda auditiva. “Sabemos agora que ele tem a condição de superdotação associada à deficiência auditiva, o que explica esse diagnóstico tardio e quase sem querer. Pela condição de SD, o cérebro dele tem um funcionamento totalmente diferente de uma criança típica, e ele de certa forma criou um mecanismo para compensar essa perda sem demonstrar dificuldades.”

Depois de receber a notícia, a mãe se dedicou a estudar sobre o assunto, foi atrás de profissionais especializados e conversou com pais de crianças que também têm deficiência auditiva. Tudo feito para poder ajudar Joaquim e dar todo suporte que ele precisa. “Seja qual for a deficiência ou condição da criança, acho super importante os pais buscarem conhecimento para ajudar os seus filhos. Com relação à perda auditiva, procuro falar sobre isso no meu Instagram e, inclusive, criei um perfil chamado @es.cu.tar, em que falamos sobre perda auditiva e superdotação.”

Foto: Laura Sfreddo/Testo Notícias

Diante da experiência vivida por ela e Joaquim, Roberta enfatiza a importância de falar cada vez mais sobre o assunto. “Às vezes, a criança está mais desatenta na escola ou perde o interesse em atividades em grupo, prefere ficar mais isolada… Já pensou que ela pode estar com dificuldade para ouvir? A perda auditiva na infância é considerada uma urgência médica e, se não diagnosticada no tempo certo, pode trazer impactos significativos na qualidade de vida social e emocional, principalmente de crianças”, finaliza.

Proibido reproduzir esse conteúdo sem a devida citação da fonte jornalística.

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