Foi na infância que Klaus Guinter Lessmann, hoje com 37 anos, descobriu a profissão que seguiria para o resto da vida. Verdadeiramente apaixonado por cavalos, foi por conta deles que chegou aos bancos acadêmicos para cursar medicina veterinária. “Tinha meus cavalinhos atrás de casa, cuidava, buscava o trato, montava, treinava, participava de tour equestre. Sempre foi um hobby e uma paixão. Então, desde pequeno desejava trabalhar com eles”, conta.
Ainda durante a faculdade, conheceu de forma sucinta e básica a área de odontologia equina. Imediatamente, se interessou pelo tema e passou a buscar mais conhecimentos no segmento. “Vi que se tratava de uma área com um futuro bastante promissor, poucos profissionais trabalhando e com uma necessidade bem intensa. Juntei o útil ao agradável e me especializei, buscando sempre o aperfeiçoamento para poder prestar um serviço de qualidade, ter um diferencial.”
Como esta é uma especialidade relativamente nova no Brasil, implementada há cerca de 15 anos, e com poucos especialistas atuando no ramo, ele precisou elaborar uma estratégia para captar clientes e tornar seu trabalho conhecido. Então, no início da atuação como médico veterinário, quando Dr. Klaus Lessmann atendia diversos casos clínicos e passou a trabalhar com muitos cavalos, aproveitava os atendimentos para explicar aos donos e criadores que possuía especialização em odontologia. Com o tempo, os atendimentos voltados a esta área começaram a aumentar e o nome dele começou a se tornar uma referência no assunto. “Atualmente, 90% dos atendimentos que realizo são de odontologia equina, ainda atuo em casos clínicos, procedimento e emergências veterinárias, mas a especialização é responsável por grande parte da demanda”, contextualiza.
Morador de Pomerode, ele possui uma grande clientela nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e também uma fatia menor no Paraná. Atualmente, está expandindo o leque de atuação para Tocantins, onde também exerce a função de professor universitário e, para isso, permanece naquele estado por determinados períodos de tempo, que variam conforme a agenda. “Faço essa ligação para ampliação do mercado e, além disso, ser professor universitário agrega muito conhecimento, é um crescimento profissional significativo e importante”, avalia.
Do aspecto que mais aprecia na profissão que escolheu está a concretização do sonho de criança: trabalhar com cavalos. “Me sinto bem quando estou com eles. É gratificante atender um animal que tem problemas, fazer o procedimento e possibilitar que ele melhore, volte a se alimentar, engorde, fique novamente bonito e siga com a vida. O maior de todos os motivos pelos quais fiz essa escolha é que realmente gosto de cavalos”, enaltece.
Das dificuldades encontradas pelo caminho, ele comenta sobre o desafio de aprimorar os conhecimentos. Segundo ele, já na Segunda Guerra Mundial, procedimentos odontológicos eram realizados nos equinos, claro, de forma muito mais simples. No entanto, o ramo só se expandiu no Brasil nos últimos 15 anos. “Dessa forma, não são em todos os lugares que você encontra, é preciso buscar esse conhecimento, além de se manter no mercado. Mas é possível resolver e, para isso, é preciso dedicação”, evidencia.
O que é e qual a importância da odontologia equina?
Essa área é uma especialidade existente dentro da medicina veterinária, então o profissional que atua nela precisa ser formado no ensino superior. Popularmente conhecido como dentista de cavalo, Dr. Klaus Lessmann atua nessa área há cerca de sete anos. Ele explica que esses animais têm uma formação odontológica peculiar, em que a mandíbula é mais estreita que a maxila, fazendo com que durante a mastigação haja uma excursão lateral, ou seja, arraste os dentes em movimentos laterais e, dessa forma, eles não se desgastam de forma uniforme e completa.
Além disso, os cavalos nascem com os dentes grandes, eles vão “saindo de dentro do osso” conforme há o desgaste. Então, os dentes vão crescendo com o passar do tempo. A domesticação desse animal também trouxe mudanças na forma de alimentação e no consequente tempo de mastigação.
Essas condições aliadas fazem com que os dentes gastos de forma incompleta formem pontas de esmalte nas laterais. Elas ficam relativamente bem afiadas, como navalhas, cortando a bochecha e lacerando a mucosa de dentro da boca, formando feridas grandes. “Isso dificulta muito a alimentação dele, começa a rejeitar comida e surgem os problemas alimentares. O cavalo emagrece e, quando é atleta, acaba perdendo o rendimento. Além disso, pode ficar mais nervoso dentro da cocheira, demonstrando um pouco de agressividade, justamente porque há um incômodo muito grande na cavidade bucal deles”, explica.
Durante o procedimento odontológico, o animal é completamente sedado (ainda fica de pé, mas têm a capacidade de movimentação reduzida), todas essas pontas dos dentes são lixadas e a mordida alinhada, para deixar a oclusão, ou seja, o contato entre a maxila e a mandíbula bem ajustada. “Então esse é ponto crucial da odontologia equina e da sua importância. O procedimento dura cerca de 35 a 40 minutos e precisa ser repetido anualmente em todos os cavalos, pois, mesmo com o processo que a gente faz hoje, o dente continua crescendo e no próximo ano os problemas estão de volta, com menor intensidade, mas precisa ser feita a revisão anual.”
Os cavalos começam os atendimentos odontológicos por volta dos dois anos e meio de idade, antes da doma. “Quando ele vai para doma é importante fazer essa revisão. Tem o dentinho de lobo também que a gente precisa extrair porque tem contato com a embocadura, com o freio e que quando vai domar sem fazer o procedimento odontológico, começam bastantes reações e problemas na montaria também”, orienta.