Ele descobriu ainda criança o gosto por aquela que seria a profissão pela vida toda. Renato Siewerdt já gostava de mexer com madeira e não demorou muito para transformar a vocação em ofício. “Comecei a trabalhar com 14 anos em uma fábrica de esquadrias, onde atuei como marceneiro por 17 anos”, relembra.
Foi na prática e nos desafios do dia a dia que adquiriu experiência e ainda mais gosto pelo trabalho. Tempo depois, decidiu que era hora de empreender e começou a trabalhar por conta própria. “No começo, eram pequenos serviços até que decidi abrir uma pequena marcenaria nos fundos da minha casa. Dali em diante, nunca mais quis parar. Comecei devagar, aprendendo na prática, fazendo de tudo um pouco.”
Em um espaço adaptado no rancho atrás de casa, montou sua marcenaria. Primeiro, comprou uma máquina, depois outra e logo mais outra. As primeiras peças que produziu foram sanefas, depois portas, janelas e, por fim, os móveis sob medida, somando 37 anos de trabalho dedicados à marcenaria. “Faço de tudo um pouco, móveis planejados, de madeira, portas, janelas e escadas, tudo o que vier de pedido a gente faz”, afirma.
Atualmente, Renato conta também com o trabalho de um colaborador terceirizado e a ajuda mais que especial do filho Matheus. O jovem se dedica a outra profissão em uma indústria da região, mas, sempre que tem um tempo livre, está na marcenaria com o pai.
“Eu acho o trabalho que meu pai faz uma coisa magnífica. Você trabalhar a madeira para começar um móvel do zero e depois vê-lo pronto é bem gratificante”, garante Matheus.
Pai e filho são categóricos em dizer que o trabalho não é difícil, mas que requer atenção, dedicação e carinho redobrados. “É uma profissão diferente, um trabalho manual muito legal para ser feito e que você vê o resultado depois de pronto. Mas é preciso muita força de vontade, dedicação e paciência, porque nossos clientes são sempre muito exigentes.”

Foi na marcenaria que Renato construiu o sonho de uma vida toda e foi também no galpão atrás de casa que viu todos os seus projetos serem destruídos em questão de horas. Era dezembro de 2020 quando um incêndio de grandes proporções atingiu a marcenaria e destruiu praticamente tudo. “Foi um choque, perdi o chão”, conta. “Eu nunca tinha o visto chorar, mas vi naquele dia. À noite, baixou a cabeça na mesa e chorou muito”, recorda a esposa Miria.
Segundo Renato, foi muito difícil ver tudo sendo consumido pelas chamas, mas em nenhum momento pensou em desistir. “Tudo o que trabalhei 18 anos para conquistar, perdi em duas horas. Mas ergui a cabeça e fui em frente. Na época, tinha outro galpão na cidade e fui levando o que podia ser recuperado para lá e já comecei a trabalhar.”
Além de maquinário e peças que estavam sendo produzidas, o marceneiro perdeu também estoque, parte da estrutura e telhado. Mesmo assim, nunca pensou em desistir. “Aos poucos, fui reconstruindo o antigo galpão e em seis meses já tinha voltado para o local e a todo o vapor. Sempre gostei de marcenaria, então desistir nunca fez parte dos meus planos”, reitera.
Hoje, Renato diz que não quer parar tão cedo e que a aposentadoria passa longe dos seus planos. Ele se orgulha em saber que já entregou projetos para residências e apartamentos, não somente em Pomerode, mas também para cidades do litoral, Norte e todo Vale do Itajaí. “A maioria vê um móvel feito por mim pronto e logo se interessa para saber quem fez.”
Para quem quer começar, Renato explica que há muito mercado para ser explorado e que profissionais que queiram se dedicar à marcenaria estão em falta. “Eu digo para quem quiser começar que comece logo, porque essa é uma profissão que está em falta no mercado e vejo que vai se acabar com o tempo se ninguém mais se dedicar a ela. É um trabalho que exige atenção, capricho e cuidados redobrados. Vejo que quase ninguém mais quer fazer”, conclui.