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Na farda, uma missão de vida

Após uma grande perda, Carmen Blaese, decidiu que queria ajudar a salvar vidas

Há 13 anos Carmen Andrea Blaese, 49 anos, decidiu se dedicar ao trabalho como bombeira voluntária na Corporação de Pomerode. Na época, a perda precoce do pai aos 53 anos, devido a um infarto fulminante, a motivou na missão de salvar vidas.

“Aquele ano, 2002, foi muito difícil para mim e minha família. Em julho, tive meu segundo presente mais valioso, meu filho Lucas. Durante o resguardo, algumas complicações de saúde resultaram em uma trombose venosa. Fiquei internada, passei por vários procedimentos e tenho que manter o tratamento até hoje. Em outubro do mesmo ano, meu pai faleceu, foi muito doloroso perder alguém que temos um amor incondicional e que é o alicerce da família.”

Carmen, mesmo após 21 anos, relembra de todos os detalhes daquela trágica noite. “O desespero naquele momento foi muito grande, liguei para o 193, muito nervosa, tentei reanimá-lo até a chegada dos socorristas. Sempre tenho aquela sensação de que se eu tivesse preparo, um curso de primeiros socorros, poderia tê-lo salvo. Meu pai foi encaminhado para o hospital, mas infelizmente não resistiu.”

Naquela noite foram os bombeiros Walmir Fischer e Edson Hille que atenderam a ocorrência e Carmen afirma ser imensamente grata pelo socorro que prestaram ao pai. “O trabalho deles foi muito importante. Eu fiquei por muito tempo com aquele sentimento de que poderia ter feito mais naquela situação. Alguns anos depois surgiu a oportunidade de me inscrever no curso de bombeiro voluntário, queria uma resposta para acalmar meu coração.”

Desde que começou o curso, a Corporação de Pomerode se tornou uma “segunda família do bem” para Carmen e o trabalho como bombeira a ajudou a superar o luto pela perda do pai. “Nessa família conheci muitas pessoas com o mesmo objetivo e de bom coração, que doam seu tempo e sua dedicação para salvar vidas. Fiz muitos amigos e considero todos como meus irmãos de farda. Mesmo aqueles que por algum motivo não atuam mais na corporação, nos fazem falta, nunca são esquecidos e a amizade entre nós sempre permanecerá.”

Foto: Marta Rocha

Como bombeira voluntária, Carmen fez várias especializações entre elas, a de socorrista e condutora de veículo de emergência. “Dirijo as ambulâncias (USB) e faço parte do atual Comando. Já fui coordenadora do projeto Bombeiro Mirim e Aspirante na época com o então coordenador e meu incentivador o Subcomandante, Ricardo A. Sojy, e atualmente, também presto auxílio no projeto na parte burocrática. Também já fui integrante da fanfarra dos bombeiros.”

No tempo em atua como bombeira voluntária Carmen fez muitas amizades e guarda muitas histórias na lembrança, algumas tristes e muitas outras alegres. “Sempre digo que prefiro lembrar apenas das partes boas e de ocorrências em que conseguimos alcançar nosso objetivo maior, que é fazer o nosso trabalho da melhor forma possível e salvar uma vida.”
Para a bombeira voluntária toda ocorrência é um aprendizado e um desafio superado.

“E que se tornam uma página em nossa história. Quando alguém sobrevive, é como se recebêssemos um prêmio, um alívio e a sensação de dever cumprido. Quando isso não é possível, sofremos com as pessoas envolvidas, mas precisamos ser fortes e nos agarrar à força do nosso juramento e objetivo”, declara.

E o maior aprendizado, segundo Carmen, é sem dúvidas o amor pela vida. “Ser bombeira voluntária, me fez enxergá-la de outra forma, é um trabalho que fazemos por amor ao próximo, sem esperar algum retorno. É um trabalho muitas vezes difícil, exaustivo e triste por outras, porque temos que lidar com sofrimento do próximo. Mas também é gratificante por podermos estar lá no momento de dor e desespero para, de alguma forma, ajudar e amenizar o sofrimento. Além da profissão, somos seres humanos com sentimentos iguais a todos.”

Carmen pretende continuar atuando por muitos anos como bombeira voluntária e agradece o apoio que sempre recebeu da família. “Desejo que Deus me dê muita saúde para poder continuar esse trabalho que me faz um bem interior enorme e me torna um ser humano melhor a cada dia. Não posso deixar de agradecer minha mãe, meus filhos e demais familiares, que sempre me incentivam nesse trabalho voluntário, porque muitas vezes deixamos de fazer algo em família, ou perdoam a nossa ausência, para poder honrar nosso compromisso de prestar nosso serviço voluntário a quem necessita.”

Para a corporação de Pomerode e os bombeiros que atuam em Pomerode, Carmen também estende sua gratidão. “Não posso deixar de agradecer ao nosso Comandante Hein (Carlos Ricardo Hein) aos demais colegas de comando e efetivos, bem como deixar um abraço a todos meus irmãos e irmãs de farda que, como eu, se doam ao objetivo maior que é salvar vidas e fazer o bem sem olhar a quem.”

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