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Morador constrói sistema misto de hidroponia e aquaponia em casa

Emilio Glienke desenvolveu uma forma sustentável para a criação de tilápias e plantio de hortaliças

Se para alguns a pandemia da Covid-19 significou o atraso para a concretização de planos e metas, para outros, transformou-se em impulso para recomeçar, colocar boas ideias em prática e enfrentar novos desafios. Esse foi o caso do empresário Emilio Glienke, de 44 anos, que iniciou um projeto pessoal em março de 2020.

Com o objetivo de criar tilápias de forma natural, para consumo próprio e como uma atividade de lazer, ele descobriu e colocou em prática na própria residência o sistema de aquaponia, o qual une duas práticas: a criação de organismos aquáticos e a hidroponia, que é o cultivo de plantas sem solo. “Os peixes geram resíduos, como fezes e urina, e o processo das plantas retira todo o excesso de amônia da água, mantendo-a limpa novamente. Por isso, a junção da hidroponia com a aquaponia é tão eficaz, porque as plantas se beneficiam dos nutrientes ficando mais bonitas. É 100% natural e a água limpa que passa pelas raízes retorna para a caixa”, explica.

Projeto: a ideia surgiu da vontade de criar tilápias de forma natural. Foto: Thiago Henrique de Souza

Com a ideia formada, Emilio começou a pesquisa sobre como implantá-la. “Foi 100% novidade, mas hoje em dia temos o Google”, conta. Diante disso, ele descobriu que já existiam muitas pessoas que trabalhavam com esse sistema e entrou em contato para tirar dúvidas e pedir sugestões. “No início, eu tive que fazer algumas adaptações, porque qualquer projeto que você começa necessita de modificações para a sua região e realidade.” Com a base montada, colocou as primeiras tilápias na caixa em 26 de março do ano passado.

Em relação aos desafios enfrentados pelo empresário, um deles foi a falta de proximidade com um rio ou lagoa. Segundo ele, para esse processo, utilizar a água do sistema público não é o mais indicado, pois essa já vem com um tratamento e isso é, em grande quantidade, nocivo para os peixes. “Quando iniciei, mantive por 30 dias a caixa com o sistema todo funcionando e coloquei aproximadamente uns 600 a 700L de água do sistema. Tive que deixar alguns dias trabalhando para que o cloro evaporasse e essa água ficasse própria para receber os peixes”, afirma.


Foto: Thiago Henrique de Souza

Para solucionar o problema em longo prazo, Emilio montou um sistema de coleta de chuva, em que ele mesmo fez as calhas e colocou um tambor como reservatório e, com isso, consegue repor parte da água no sistema diariamente. “Eu faço a troca parcial de água diária e em pequena quantidade. Em aproximadamente 40 dias, reponho toda a água do sistema e ela acaba sendo 100% renovada.”

Um dos principais objetivos do projeto foi para que ele e a esposa pudessem ter um produto, no caso deles as tilápias e as hortaliças, de qualidade e que tenha sido produzido de forma natural. Por isso, todas as mudanças negativas que ocorrem no sistema são tratadas, sempre que possível, sem produtos químicos. “Se o pH da água está mais alto ou mais baixo que o normal, há a necessidade de interferência. Hoje, você encontra produtos químicos que podem ser adicionados ao sistema e que podem corrigir esse pH em qualquer agropecuária, mas o problema retorna em dois ou três dias. Nesse caso, eu preciso resolver continuadamente. Se o pH baixa ou aumenta, eu tenho que estudar o que posso colocar dentro do sistema”, explica.


Foto: Thiago Henrique de Souza

Para ele, o aspecto mais positivo da experiência foi o aprendizado adquirido. Emilio sempre gostou de física, matemática e biologia e já foi professor de algumas dessas áreas. Por isso, poder colocar em prática muitas das coisas que já conhece é gratificante. “O custo total que tive até o momento com compra de tambores, canos, bombas e outros produtos está na faixa de R$2 mil ao longo desse pouco mais de um ano. O sistema hoje está funcionando muito bem e o que eu vou fazer é aperfeiçoá-lo casa vez mais”, completa.

Mas como o sistema funciona na prática?
Para muitos, a imagem pode não fazer sentido, tornando o entendimento do processo complicado. Por isso, Emilio detalhou os passos do sistema de aquaponia. A primeira estação é um filtro biológico, localizada da esquerda para a direita e com plantas ao redor. “Nesse filtro, embaixo, eu tenho cerâmica e argila expandida. Quando enche de água, automaticamente descarrega sozinho dentro do tanque com os peixes, pois tem um sistema que esvazia devido à pressão. Esvaziando, ele enche novamente, visto que a água chega continuadamente da outra bomba. Aqui, eu coloco a água nova da torneira do reservatório e reponho diretamente sobre as plantas, já passando pela filtragem e caindo diretamente nos peixes”, explica.

Foto: Thiago Henrique de Souza

A segunda etapa está na caixa com as tilápias. Nela, há um sistema que retira a sujeira do fundo. “Como a tendência da sujeira é se acumular no fundo, não posso deixar isso acontecer, porque, embora não vejamos, forma uma água poluída no fundo da caixa.” O terceiro passo está em passar essa água para o decantador, a qual entra pelo fundo e sai pela parte superior. O objetivo é de que retenha o máximo de sujeira que puder na parte inferior do tambor. “Aqui, nós temos um sistema com algumas plantas já para ir limpando a água.”

Foto: Thiago Henrique de Souza

Ao lado, há um segundo decantador que tem o propósito de armazenar as sujeiras que o primeiro não conseguiu reter. “Reaproveitamos todo o resíduo que fica nos decantadores, eu deixo em uma caixa que construí, isso fermenta e vira um excelente adubo para as plantas.” Desse local, a água passa para o processo ao lado, em que contém um tambor menor dentro de outro. “Toda a água que vem entra pela parte de cima desse tambor, ele é todo furado por baixo e, dentro dele, temos carvão, pedras e uma série de resíduos, como tijolo, telha e cerâmica, além de plantas”, descreve. Com isso, a água entra pelo tambor, sai pelos furos e sobe, caindo de volta nesse reservatório.

Por fim, no lado direito da foto, há um reservatório cuja única função é bombear a água de volta para a caixa. Das duas bombas existentes, uma trabalha exclusivamente no retorno formando oxigenação da água que é fundamental para os peixes, e a outra se divide em três lugares diferentes: uma leva a água para o filtro biológico, a outra traz uma água de retorno, também formando a oxigenação, e a outra passa pelas raízes das plantas e, por fim, cai dentro da caixa dos peixes.
Emilio explica que uma das próximas etapas é colocar uma placa solar nessas bombas para que não haja perigo de faltar energia, consequentemente deixando os peixes sem oxigênio. “Como a ideia é o reaproveitamento rápido, pretendo colocar também o sistema com energia solar para que as bombas funcionem com essa energia”, finaliza.

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