Deveria ser mais um dia normal de trabalho para a frentista Marciana Engels, 46 anos, e para a caixa Ivana Berndt dos Santos, de 34. Porém, um chamado vindo do outro lado da rua não só mudou a manhã de uma terça-feira, como também deixou gravada na memória uma experiência difícil de esquecer.
Quem acenava da porta de casa era Marina Silvino Santos Boto, de 34 anos, mãe do pequeno Samuel, hoje com pouco mais de 20 dias de vida. O recém-nascido que estava com 14 dias (o caso aconteceu no dia 30 de maio) havia engasgado e já não respondia aos chamados da mãe. Marciana foi a primeira a perceber a situação e correu para lá. Em seguida, outro frentista também já estava ao lado dela e passou a ajudar.
Marciana ligou para os Bombeiros Voluntários de Pomerode e começaram assim as tentativas de fazer a manobra de desobstrução das vias aéreas do bebê. Do outro lado da linha estava o experiente bombeiro Lucas Alichandre, que atua há 14 anos e já atendeu outros casos da mesma natureza. Enquanto passava instruções pelo telefone, uma viatura da corporação partiu em direção a Testo Central, uma vez que a família mora na entrada da Rua Ribeirão Souto.
Pouco antes, Ivana viu que a colega tinha ido até o local, mas não percebeu de imediato a situação. Ela atendeu uma pessoa e depois viu que outra cliente, que tomava café no estabelecimento e tinha visão para a janela, também correu em direção à casa.
Ivana foi até a porta e entendeu que o menino estava desacordado. Percebeu também que seria necessário inclinar um pouco mais a criança para realizar a desobstrução e também foi para lá. Pediu se poderia tentar fazer a manobra e, nesse momento, começavam os cerca de oito minutos de tentativas, o colega a ajudou a segurar a cabeça da criança e todos ao redor faziam o que podiam para contribuir. “Eles me disseram, não desiste. Eu continuei até escutar o Samuel chorar discretamente, intensifiquei um pouco mais a manobra e ele chorou. Nesse momento virei ele e vi que tinha desengasgado”, conta Ivana.
Ela manteve o bebê próximo ao ouvido para ter certeza de que estava respirando. Os bombeiros chegaram logo depois e avaliaram a criança que, felizmente, estava bem. “Eu ouvi ele chorar e comecei a falar com ele, disse ‘muel, a mamãe tá aqui” e percebi que ele estava reagindo, foi um grande alívio, algo que não sei explicar”, revela Marina.
Para as colegas Marciana e Ivana, o momento também foi de extrema emoção e rever Samuel, dessa vez cheio de vida, fez com que um sorriso estampasse o rosto de ambas.
Para a mãe, será difícil esquecer os momentos de apreensão. “Desde lá não consigo dormir bem, qualquer coisinha já olho para ele”. Mas, contar com o apoio das pessoas também deixou uma marca em seu coração.
Ela conta ainda que além da Marciana, Ivana e o colega de trabalho delas, outras pessoas correram para o local. “Veio bastante gente, eu fiquei muito feliz. Primeiramente agradecer a Deus… e nem sei como agradecer a eles que vieram, chegaram todos ao mesmo tempo e eu não esperava que meu filho teria esse socorro todo”, agradece, emocionada.
“Foi tudo muito intenso, consegui me manter firme, algo que achei que não conseguiria. Depois que terminou fiquei trêmula e precisei de um tempo para me recuperar. O importante é que deu tudo certo e que o neném está bem”, diz Ivana. Para ela, fica a lição de que é importante se informar sobre as manobras de desobstrução, seja em crianças ou adultos, pois é possível que, em algum momento, se depare com situações como essa.
O que fazer quando alguém engasga?
Para responder a essa pergunta, conversamos com o bombeiro Lucas. Ele orienta a forma correta de fazer a manobra em bebês, conhecida como “tapotagem”, e também em adultos “manobra de heimlich”. Clique aqui para assistir aos vídeos com o passo a passo.
