Não é difícil vermos pessoas homenageando os entes queridos que se foram, sejam eles familiares, companheiros ou amigos. Esse é um jeito de manter vivas as lembranças vividas ao lado deles e, de certa forma, acalentar os corações dos que ficaram. Para Márcia Bonatti, de 52 anos, não foi diferente. Dentre muitas outras ações, um relógio antigo foi utilizado como forma de homenagear a matriarca que faleceu no dia 24 de fevereiro de 2021.
Com o som do relógio de fundo, Márcia relatou sobre a difícil perda que teve. “Foi muito difícil no início, mas depois pensei em tudo o que ela sofreu, peguei ela muitas vezes na cadeira chorando, dizendo que não queria mais viver.” A mãe, Nadrut Vibrantz, enfrentou dores insuportáveis pelo corpo e tonturas que permeavam seus dias durante anos, algo para que não conseguiram encontrar tratamento.
No entanto, não foi esse o motivo de seu falecimento. No dia 19 de fevereiro de 2021, Nadrut positivou para Covid-19. Mesmo estando com sintomas leves, a doença evoluiu e quatro dias mais tarde precisou ser internada. Com o agravamento do quadro, era chegado o momento da intubação. “Naquele momento, foi muito ruim, eu chorei tudo o que eu tinha direito.” Infelizmente, ela não resistiu. “Agora, já vai fazer um ano e só restam as lembranças”, destaca.
Uma delas, que ficará guardada pra sempre com Márcia e a família, além das que ficam na memória, é o relógio antigo, comprado pela mãe na Porcelana Schmidt quando ainda trabalhava na empresa. “Ela tinha o relógio há muitos anos, usamos durante o tempo em que funcionou. Do nada, estragou e, depois que ela faleceu, fui fazer uma faxina e encontrei ele, decidi levar para arrumar.”
O relógio demorou mais de um mês para ficar pronto, já que tinha que passar por testes de funcionamento, e, quando Márcia foi buscar, decidiu ir de bicicleta, da mesma forma que a mãe trouxe quando comprou. “Estava bem embrulhado em jornal, colocamos em várias sacolas para não bater e vim devagar. Chegando em casa, coloquei na parede e quem disse que funciona? Não funcionou de jeito nenhum”, conta.
Depois de mais um pequeno conserto e, dessa vez, pega-lo de carro e com muito mais cuidado, o relógio retornou para a parede que sempre o abrigou. “Agora, toda vez que olho para o relógio lembro dela, assim como mais coisas que ela deixou.”