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HMRT completa 103 anos

História iniciada por uma parteira se consolidou pelo trabalho de muitas mãos

Uma das instituições mais significativas e com uma história interligada com a do município, o Hospital e Maternidade Rio do Testo (HMRT), completa 103 anos. “As marcas registradas da história do nosso hospital são a união de forças de todos que sempre se dispuseram a ajudar, a busca constante pela qualidade e o amor ao próximo. São 103 anos de constante aprimoramento, contando sempre com o apoio da comunidade, das igrejas, do poder público e de pessoas que se engajam nas causas sociais e da saúde”, afirma a presidente do Conselho do HMRT, Cátia Cilene Kraft Manske.

Para ela, o hospital é uma entidade que, desde a sua fundação até atualidade, representa o acolhimento e a preocupação com as pessoas de toda a região e que são atendidas na instituição. “Somos uma entidade privada, que tem no seu cerne a filantropia, o que faz com que todos possam ter acesso aos serviços prestados.”

De acordo com a diretora administrativa, Daiane Aline Uller, cada aniversário representa a renovação dos votos e da missão da instituição. “Só conseguimos entender o tamanho da nossa responsabilidade enquanto hospital quando observamos a sua história, o quanto ele cresceu, não somente na estrutura, e quanto ainda poderá crescer. Temos que falar também das pessoas que passaram por aqui e da dedicação de cada uma.”

Foto: Marta Rocha

Segundo Daiane, é no passado do HMRT que estão os pilares que o transforam em uma instituição respeitada não somente em Pomerode. “Não podemos viver o presente e pensar o futuro, sem olhar com carinho para o passado. E fazemos isso diariamente, está intrínseco nas nossas atividades. Nesses 103 anos, estamos reafirmando nosso compromisso com a comunidade pomerodense, com a missão de prestar uma assistência de forma humanizada e segura, promovendo a qualidade de vida, dentro dos nossos princípios éticos e a nossa visão de ser um hospital de excelência e de gestão sustentável.”
O foco no atendimento humanizado e qualificado também é reforçado pelo diretor clínico do HMRT, Dr. Paulo Maurício Pizzolatti.  “O que diferencia o nosso hospital é o atendimento de qualidade, valorizando a excelência e a preocupação com as pessoas como se fossem da família.”

O médico iniciou a sua trajetória no hospital em 1986, a convite do Dr. Wanderley de Lima, que era diretor clínico na época. “Durante todos esses anos o HMRT foi aprimorando a segurança no atendimento de saúde para a comunidade. Ele sempre teve um caminho de crescimento, melhoria e aprimoramento, mas sempre valorizando as pessoas, colaboradores e Corpo Técnico.”

Foto: Marta Rocha

Pelos corredores, histórias que se encontram

Asta Krahn Klotz, 73 anos, iniciou sua carreira no HMRT ainda adolescente.  Em 1966, quando frequentava o internato da instituição e tinha apenas 16 anos, surgiu a oportunidade de trabalhar como faxineira. “Na época fazíamos tudo, inclusive o serviço de copeira.”

Alguns anos mais tarde teve a oportunidade de atuar como auxiliar de enfermagem, por um tempo no Clínico 1 e, depois, na Maternidade, onde encontrou não só um trabalho, mas uma vocação. “Por mais de 24 anos trabalhei à noite e dividia a rotina entre os dois setores, mas o trabalho na maternidade é algo que me inspira a cada dia, sou muito realizada ajudando mamães e bebês.”

A técnica de enfermagem diz não saber ao certo quantos bebês ajudou a vir ao mundo e garante que cada nascimento é um momento único e inesquecível. “Meus filhos nasceram aqui e vi meus netos virem ao mundo nessa maternidade. Sempre digo que cada nascimento é diferente e todos trazem uma emoção muito grande.”

E foi para cuidar dos filhos pequenos que Asta deu uma paradinha na carreira no HMRT. No início da década de 1980 até 1993 decidiu ficar em casa para cuidar das crianças. “Acho que os filhos precisam da mãe quando são pequenos e não quando estão grandes. Mas, assim que eles estavam crescidinhos, voltei porque não saberia viver sem esse trabalho. Não fosse a parada, seriam ainda mais anos de dedicação ao HMRT”, revela emocionada.

Quando retornou, Asta buscou qualificação e teve a oportunidade de concluir o curso técnico em Enfermagem em 2008. “Eu comecei a trabalhar aqui e não tinha nem segundo grau. O hospital representa muita coisa na minha vida, aqui aprendi bastante.”

Asta já se aposentou, mas decidiu não parar de trabalhar e garante que continuará na ativa ainda por muitos anos.  “Sou apaixonada por cuidar das mamães e dos bebês e auxilio também na parte da amamentação e durante os partos. Tem que ter um carinho especial e gostar muito.”

Durante o tempo de trabalho, Asta presenciou muitas mudanças significativas no HMRT, não apenas na estrutura, mas também na oferta de serviços, novos procedimentos e inclusão de tecnologias cada vez mais avançadas. “No começo tinha um telefone com uma alavanca que precisávamos mexer antes de atender. Mudou muita coisa em todo o hospital e espero que ele continue e melhore sempre mais.”

Foto: Marta Rocha

Assim como Asta, outra colaboradora, Irene Dorn, hoje com 70 anos, também começou muito cedo no hospital e pôde presenciar toda a evolução da instituição, que hoje é referência na região. “Eu completei 30 anos de trabalho no início de junho desse ano e gosto de falar com orgulho de todas as mudanças que aconteceram aqui. Desde a estrutura até as tecnologias, mudou muita coisa.”

A primeira função de Irene no HMRT foi a de faxineira e atualmente atua no setor da Lavanderia.  “Tudo ficou mais moderno e o atendimento também melhorou como um todo. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história.”

Irene, assim como Asta, já se aposentou, mas decidiu continuar sua jornada de trabalho. “Já tentei parar, mas sinto falta de tudo isso. Tenho uma alegria muito grande e amo estar aqui, porque o hospital é minha segunda casa.”

A vocação de uma parteira como pilar de um hospital

Rosa Borck foi a peça fundamental para que os primeiros passos do Hospital e Maternidade Rio do Testo fossem dados há mais de 100 anos. Em 1918, a jovem parteira chegou ao então Distrito do Rio do Testo para exercer a sua função. Há registros de que Rosa tenha feito mais de 200 partos e não media esforços para atender quem a procurasse.

Foi a partir dessa vontade de ajudar ao outro que na década de 1920, Rosa Borck, ao lado do marido Karl, deu os primeiros passos para a construção do hospital no então distrito de Blumenau. Foi na residência do casal que os atendimentos iniciais da maternidade passaram a ser feitos.

Anos mais tarde, um grupo de moradores formado por Max Jacobsen, Augusto Guilherme Schwanke, Mário Jung e Lauro Harbs fundou a Associação Hospitalar, que a partir de uma verba estadual, adquiriu e reformou as instalações de Rosa Borck para fundar o Hospital Nossa Senhora da Glória. A estrutura do novo hospital começou a ser construída em 1949, mas por falta de recursos foi retomada apenas em 1954.

Na época, após a chegada do Pastor Edgar Liesenberg, surgiu a proposta da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana assumir a instituição, que passou a se chamar, a partir de 1956, de Hospital e Maternidade Rio do Testo (HMRT).

Foi durante toda a década de 1950 que importantes melhorias foram sendo realizadas no HMRT, com a ampliação dos leitos de internação, a chegada da água potável e aquisição de um aparelho de Raio-X, esse último a partir de recursos doados por uma instituição alemão.

Fotos: Arquivo Testo Notícias

Já em 1969 foi inaugurado o Centro Cirúrgico e o Pronto Atendimento também recebeu melhorias. E na década de 1980 foi instalada a ala pediátrica e construídos os consultórios médicos. Por intermédio da doação de empresários da região, muitos aparelhos foram adquiridos e melhorias na estrutura puderam ser realizadas.

Um novo prédio, onde estão centralizados o setor administrativo, a sala de reunião e outras dependências foi construído em 2001. Em 2009, novas e importantes reformas ocorreram no hospital como a Estação de Tratamento de Esgoto na lavanderia, que possibilita o reaproveitamento da água. 

Ano após ano, a estrutura, assim como a modernização dos equipamentos tem transformado o Hospital e Maternidade Rio do Testo em uma instituição referência que hoje atende toda a região.

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