“Esse ano passou voando”. “Sexta-feira não chega mais”. “Que hora mais demorada”. “Nem vi o tempo passar”. Falar sobre o tempo, ou a falta dele, faz parte das conversas e das expressões cotidianas, mas, raramente, nos questionamos sobre o real valor do tempo. Para uma mulher que entra em trabalho de parto, quanto demoram as horas seguintes para conhecer o rosto do filho? Para quem está prestes a se despedir de alguém amado, quanto correm os segundos? E para quem está sem fôlego, sem enxergar ou sem esperança de viver por conta da falência de um órgão, quanto tempo o tempo tem?
Desafiar esse senhor de todos os destinos é o que define a rotina daqueles que esperam por um transplante de órgãos. Até fevereiro de 2021, mais de 900 pessoas estavam nessa situação em Santa Catarina. Resistir enquanto a chance de renascer não chega se torna a única escolha viável. A luta é para transformar a espera em esperança e o desejo é de que o telefone toque e que a voz do outro lado da linha diga: temos um doador compatível.
Na outra ponta desse emaranhado de futuros possíveis e impossíveis, está uma família que acabou de perder um ente querido e se depara com a escolha de doar ou não os órgãos. Uma delicada e sensível decisão, o desafio de cogitar salvar vidas perante a morte. Por vezes, a pessoa que partiu deixou claro o desejo quanto a isso, tornando a opção muito simples. Por outras, um gigantesco número de dúvidas invade a mente e os corações daqueles que ficaram, impossibilitando a escolha.
Esclarecer essas dúvidas através da vivência de personagens que estiveram em ambos os lados da história é o objetivo desse caderno especial. Desde o diagnóstico da morte cerebral, passando pela autorização da família, a retirada dos órgãos do doador, o transporte, chegando ao receptor e à rotina pós-transplante, abordaremos os passos que envolvem um transplante de órgãos.
Santa Catarina tornou-se referência em logística nessa área. Passos milimetricamente calculados, equipes treinadas em nível de excelência, profissionais engajados e comprometidos.
Durante o processo, histórias se fundem e se renovam; fins se tornam começos e a dor se suaviza perante a possibilidade da continuidade.
O objetivo é que você converse com sua família sobre o desejo de ser ou não um doador de órgãos. Sabemos que nem sempre é simples tocar no assunto “morte”, mas é a forma mais garantida de que seu desejo seja atendido. Uma conversa franca sobre o assunto pode pôr fim à relutância diante do pedido de autorização e, com isso, salvar muitas vidas.
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