A pequena Isadora Buerger, a Isa, de apenas quatro aninhos, precisou enfrentar uma grande batalha recentemente. Agora, ela já está em casa e se recuperando ao lado da família, mas recentemente a menina ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI) do Hospital de Brusque para tratar de uma infecção generalizada.
A engenheira civil e empresária, Caroline Grutzmacher Vieira Buerger, de 36 anos, mãe de Isa, conta que tudo começou no início de junho, quando a filha teve uma primeira otite depois de um banho de piscina. O diagnóstico após consulta médica foi de sinusite em conjunto com a otite. Ela tomou antibiótico por 10 dias e dava sinais de estar completamente recuperada. Dessa forma, no dia 21 de junho, após o fim do tratamento, a família embarcou em uma viagem para a Bahia.
Porém, durante o passeio, após o primeiro banho de piscina, Isa acordou na madrugada sentindo muita dor de ouvido. No dia seguinte, a família procurou novamente atendimento médico e, além de uma injeção para dor, a orientação foi de que, como havia recém terminado um tratamento com antibióticos, utilizasse anti-inflamatório por mais cinco dias e pingasse gotinhas nos ouvidos.
Apesar de se queixar de menos dor, a condição física da menina foi piorando com o passar do tempo e a febre ia e voltava, mesmo com a medicação. A família tinha o voo de volta agendado para uma quinta-feira, porém, tiveram receio de que isso representasse uma ruptura dos tímpanos para Isa, então resolveram procurar por um otorrinolaringologista ainda na Bahia.
Durante a consulta, Caroline e o marido, Daniel Buerger, descobriram que Isa já estava com perfuração nos dois ouvidos. “O que nos pegou totalmente de surpresa, afinal, fizemos toda a medicação conforme as orientações médicas tanto de Blumenau quanto do hospital de Ilhéus”, explica a mãe.
A família conseguiu retornar para casa e iniciou a nova medicação que a especialista havia receitado. Porém, Isa se sentia mal, não queria sair da cama, estava fraca, sentia muitas dores pelo corpo e dificuldade de mexer o pescoço.
Os pais estavam muito preocupados, mas como o tratamento com o novo antibiótico havia apenas começado e uma nova consulta com um especialista já estava marcada, resolveram aguardar.
Naquele mesmo dia, a menina e o irmão ficaram com os avós por conta de um compromisso dos pais. Quando voltaram para casa naquela noite, os quatro conversaram sobre o estado da menina. “Meu sogro falou em meningite pela dificuldade dela em mexer o pescoço, e aí acendeu o primeiro alerta. Nisso, o Daniel já estava conversando sobre a situação com um amigo nosso que é médico, e ele também orientou a levá-la para checar”, relembra Caroline.

De posse de todas as receitas para poder explicar com precisão o histórico, eles foram para um hospital de Blumenau. Diversos exames foram feitos.
Na manhã de sábado, os pais ouviram uma notícia desafiadora. Isa estava com sepse, ou seja, a bactéria do ouvido se espalhou pela corrente sanguínea causando uma infecção generalizada. “O médico continuou nos informando que o quadro dela era grave, que estavam em contato com hospitais da região para localizar o primeiro leito de UTI disponível e que a transportariam de ambulância com a máxima urgência.”
Caroline acompanhava a filha, enquanto Daniel informou aos familiares e amigos mais próximos sobre a situação. Iniciava ali a primeira corrente de orações, algo vital para que a família pudesse suportar o que estava por vir.
“A equipe da ambulância chegou, nos avisaram da gravidade. Disseram que a Isa não estava na condição ideal
para o transporte, mas que era a única opção, ela não poderia continuar ali e recebeu adrenalina para aguentar. Não faço ideia de quanto tempo essa viagem demorou, mas foi a mais longa da minha vida. Eu orei muito, entreguei nas mãos de Deus, só queria que ela chegasse a tempo.”
Isa foi internada na UTI pediátrica do hospital de Brusque. Precisou ficar em um quarto isolado, em observação, por conta dos riscos neurológicos da infecção.
Força e fé
Para Caroline, o maior desafio foi permanecer firme para demonstrar segurança à filha, mesmo com o coração em pedaços. “Fiz questão de estar junto em cada procedimento, cada injeção, em cada acesso, em cada “pics”. Não podia tirar a dor que ela estava sentindo, a cada choro dela eu chorei o dobro, mas estive presente, abraçando, tentando acalmar, confortando e dando o meu máximo em cada momento.”
Apesar de todos os momentos difíceis, a mãe conta nunca ter perdido a fé, ao contrário. “Agradeço todos os dias por termos descoberto essa infecção a tempo de receber tratamento, de não ter ficado nenhuma sequela, e agradeço por todas as pessoas que cruzaram nosso caminho, tanto no Hospital da Unimed, como na ambulância, como no Hospital Imigrantes de Brusque, que agiram e fizeram as escolhas certas, que permitiram a recuperação da nossa Isadora”, enaltece.
Sequência do diagnóstico
Na segunda-feira após a internação, Isa passou por uma tomografia que detectou a mastoidite. “É uma inflamação mais severa da otite e que pode acarretar em perda auditiva. Por conta disso, ela tinha tanta dificuldade em mexer o pescoço. E foi detectado também que a infecção, apesar de muito próxima, não tinha atingido a membrana cerebral”, explica Caroline.
Os exames seguintes trouxeram mais boas notícias, os remédios estavam funcionando e o quadro da menina foi gradativamente melhorando. Primeiro voltou a se movimentar da cintura para cima, depois conseguiu se manter sentada sozinha e depois de pé. Com a evolução, Isa ganhou alta da UTI e foi para o quarto. Ela seguiu com as medicações no hospital e, ao completar 10 dias, foi liberada para terminar o tratamento em casa, com antibiótico via oral por mais quatro dias.
A alta veio na terça, dia 09 de julho. Nos dias seguintes, Isa ainda sentia dor na perna direita e na sexta-feira, dia 12, fez a primeira sessão de fisioterapia para avaliação. Na segunda-feira, dia 15, foi a vez de passar por avaliações com um neurologista e um otorrino. “Ela está bem, mas teremos que seguir em tratamento e observação por pelo menos três meses, já que a infecção não saiu 100% e outras possíveis infecções podem facilmente evoluir para sepse novamente. Então, devemos ter cuidado redobrado com qualquer sintoma de sinusite, otite, gripe, especialmente acompanhado de febre. Também investigamos um dano neurológico, que é mínimo diante da gravidade do caso da Isa, já que ela está apresentando dor e dificuldade de caminhar com a perna direita”, explica.
Ela ainda acrescenta. “Logo, nossa foguetinha estará voando como antes”, comemora a mãe.
Apoio e carinho

Isa tem um irmão gêmeo chamado Arthur. Como na UTI era permitido apenas um acompanhante e, necessariamente, precisava ser um dos pais, Caroline e Daniel passaram esse tempo em Brusque, revezando para ficar com a filha. “Por mim, teria ficado com a Isa todos os dias 24h, porém tinha ciência de que precisava me alimentar e descansar um pouco para poder continuar sendo força para ela. E o Daniel também queria muito estar com nossa filha. Sem dúvidas, se fosse permitido, teríamos ficado nós dois juntos com ela todo o tempo.”
O coração deles estava ao mesmo tempo com Isa, no hospital, e com o filho que havia ficado em casa. “Apesar da saudade, estávamos tranquilos, pois nossa rede de apoio aqui em Pomerode foi gigante. Ele ficou com os pais do Daniel, opa e vovó maravilhosos, e recebeu também muito carinho do meu irmão e da minha mãe, de todas as professoras e amigos na escola, de todo nosso círculo de amigos com filhos da mesma idade que o levavam para brincar. Essa ajuda foi fundamental, pois sabíamos que ele estava muito seguro e amado mesmo longe da gente.”
Uma lição para a vida
Caroline avalia que a lição aprendida com essa experiência também serve como uma alerta. “Nunca menosprezar os sintomas, especialmente nas crianças. Se estiver apresentando algum quadro que não faça muito sentido, como toda essa dor pelo corpo que a Isa tinha, que a princípio estava tratando uma otite, investigue, busque ajuda. Peque pelo excesso e não pela falta”. Ela ainda alerta que infecções desse tipo podem atingir a membrana cerebral, causar sequelas ou até mesmo óbito. “Que foi o risco que corremos com a Isadora. Acredito que muita gente não saiba disso, assim como eu não sabia. Então temos, sim, que ficar atentos.”
Por fim, ela faz questão de agradecer a todos que oraram e torceram por Isa. “Recebemos muitas mensagens de apoio e carinho, e sei que tivemos uma corrente muito grande de oração. A todos que acompanharam nossos dias: conseguimos! Deus ouviu nossas preces e nos permitiu voltar para casa com saúde, amor e fé. Que nossa história possa servir de alerta, especialmente nessa época em que está havendo tantos casos de otite, para que nenhuma família precise passar pelo susto que passamos”, finaliza.
