No domingo, dia 21, os bancos da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo André, de Testo Central, foram tomados por cerca de 170 pessoas que foram ao local para acompanhar um culto muito especial, todo ministrado na Língua Pomerana, o Plattdüütsch ou, simplesmente, Platt.
Entre elas estava Arlete Viebrantz, de 55 anos, que levantou cedinho e praticamente cruzou a cidade de bicicleta especialmente para participar das orações e se emocionar ao ouvir o idioma tão utilizado na infância.
Arlete conta que mora em Testo Rega, mais precisamente na Rua Rega II. Na semana anterior, ao ouvir sobre o culto, comentou com as colegas que pretendia estar presente e que iria de bicicleta. Em seguida, outro motivo serviu como um incentivo ainda maior. “Um amigo disse que precisaria passar por uma cirurgia. Então falei que se desse tudo certo, aí mesmo que participaria do culto. Na sexta [anterior ao culto], ele me disse que tudo tinha corrido bem e que receberia alta, isso me motivou ainda mais”, explica.
Arlete utilizou a internet para pesquisar quais eram a quilometragem e o tempo necessário para ir de casa até a Igreja de Testo Central. “Demorei 1h20min, saí de casa às 6h30min, pois, quando vou ao culto, gosto de chegar mais cedo, com calma. Foi bem tranquilo”, conta.
Tirando a ida ao trabalho, que tradicionalmente acontece de Topic, Arlete costuma utilizar a bicicleta como principal meio de transporte, pois não tem carro e não dirige. Percorrer longas distâncias é algo que já fez outras vezes. Além disso, levantar cedo aos fins de semana e passear fazem parte do cotidiano dela. Quando não de bicicleta, caminhando. “Adoro isso, sempre caminho ou vou de bicicleta aos lugares que preciso. Meus dias costumam ser corridos e é algo de que gosto muito.”

Emoção e tradição
Apesar de falar muito na língua pomerana quando era criança, atualmente Arlete quase não tem mais com quem praticar. “Às vezes, converso com um vizinho que me instiga bastante para conversarmos em Platt, mas por falta de prática, as palavras saem um pouco enroladas. Ele sempre diz que não se importa com isso”, revela.
Já no culto, ela conseguiu acompanhar e entender tudo, desde os cantos até a prédica, o que a deixou muito feliz e emocionada. No decorrer daquela manhã, um momento a marcou de forma especial. “Durante a prédica, o pastor falou sobre uma passagem que já ouvi muitas vezes. Sobre como Jesus andou sobre a água e de como Pedro foi afundando ao perder a fé. E eu comecei a lembrar de coisas da vida pessoal, de como nós afundamos quando perdemos a nossa fé. E de que sempre temos que levantar, ter fé novamente para seguir em frente. Foi muito emocionante.”
Plattdüütsch
O culto em Plattdüütsch, ou Platt, foi realizado através de uma parceria entre a Rota do Imigrante e a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo André, de Testo Central. O responsável por ministra-lo foi o pastor Renato Nass e, ao fim, todos puderam confraternizar.
O principal objetivo da ação é o de manter viva a cultura e a fé trazidas pelos imigrantes e preservadas através das gerações. De acordo com os organizadores, 170 pessoas estiveram presentes, o que os deixou muito felizes e satisfeitos.
Plattdüütsch: existem diversas versões da palavra para definir a Língua Pomerana, porém, a opção dos organizadores foi pela palavra como é utilizada na escrita alemã.