Comprar o enxoval. Arrumar as roupas. Separar mamadeira e fraldas. São muitas as etapas a serem cumpridas após descobrir uma gravidez. Se, às vezes, nem tudo está pronto quando o bebê decide vir ao mundo, imagina descobrir na hora do parto que a alegria é em dose dupla?
Hoje, com todos os exames e ultrassons disponíveis, são poucos os casos em que a mulher não sabe se será mãe de gêmeos ou trigêmeos, por exemplo. No entanto, há décadas, essa notícia só era recebida na hora de dar à luz. Foi esse o caso de Silvia Storch.
Após o casamento, em 1971, com 18 anos, teve sua primeira filha aos 19 anos. Seis anos depois, descobriu que estava grávida novamente. “Nós queríamos ter mais um filho. Meu marido, durante a gestação, sempre dizia que eram dois rapazes, mas claro que eu não levava isso a sério. Não sei se ele tinha o pressentimento ou se dizia só por falar”, recorda.

Ela teve uma gestação tranquila e dizia, inclusive, que se sentia melhor do que antes de engravidar novamente. O nascimento estava programado para agosto, mas foi em uma segunda-feira, dia 17 de julho, que sua vida virou de cabeça para baixo. “Acordei à noite e minha bolsa tinha estourado, até me perguntei se tinha feito xixi. Aí levantei, me troquei e deitei de novo, mas pouco depois estava tudo molhado novamente. Com a minha menina foi diferente e, como ainda era cedo, não pensei que poderia ter chegado a hora.”
Diante disso, Silvia decidiu levantar e terminar de arrumar o berço do filho. Quando estava colocando o mosqueteiro, começou a sentir dores nas costas e decidiu acordar o marido e ir ao hospital. “Não demorou muito e o primeiro nasceu, a enfermeira me disse que era um rapaz. Quando ela queria me aprontar para me levar para o quarto, foi quando me perguntou se estava grávida de gêmeos, mas eu não sabia. Quando vi, minha barriga estava do mesmo jeito, aí ela me examinou e um pé já estava aparecendo. Em 15 minutos, os dois tinham nascido”, conta.
Na hora, a primeira coisa que pensou foi que seu marido estava certo: eram mesmo dois rapazes. Uma surpresa para toda a família e que trouxe muita emoção e felicidade. “Já comecei a pensar em como seria com dois, porque se um chora o outro estaria dormindo… E eu tinha enxoval só para um bebê. Quando saímos do hospital, paramos na farmácia, compramos mais uma mamadeira e o básico que precisava. Colocamos eles em uma cama só até finalizar o resguardo, era tão lindo os dois juntos.”
No entanto, a preocupação inicial sobre como seria cuidar de dois bebês foi logo deixada de lado, já que os pequenos eram calmos e dormiam muito.

Os gêmeos receberam os nomes de Claus e Claudio, mas só alguns dias depois do nascimento. “Não tínhamos nenhum nome decidido, porque não sabíamos se era menino ou menina. Eu queria colocar com ‘C’, porque é a inicial da minha filha [Cátia], mas quando veio dois não me vinha nenhuma opção (…) De repente, me surgiu Claus e Claudio. O meu marido queria o nome do pai e do avô junto. Aí é Claudio João (avô) e Claus Alex (pai).”
Com os nomes já decididos, o desafio ficou em reconhecer quem era quem. Como foram gerados na mesma placenta, nasceram gêmeos idênticos, o que foi difícil até para os pais. “No início, eu não conseguia identificar eles, aí parei em uma loja, comprei uma pulseira de prata e coloquei o nome dos dois. Quando eles tinham de quatro a cinco anos, de perto eu sabia quem era quem, principalmente pelo jeito, mas de longe não sabia. Hoje em dia, eles são bem diferentes”, revela.
Para ela, pensar que gerou duas vidas em uma única gestação continua sendo motivo de muita alegria e gratidão. “Para mim, ser mãe é tudo, é minha vida. Os meus filhos e minha filha são tudo pra mim. Se eu posso ajudar eles eu ajudo. Se eu preciso de algo, eles estão ao meu lado para qualquer coisa. Se os meus filhos estão bem, eu também estou em paz.”